EXAGERO
Rômulo Marinho
Pedindo-me um cigarro, dou-te um maço.;
Só meu ombro, dar-te-ei também regaço.;
Só um verso, e te produzo um calhamaço.
Que te faça uma graça, sou palhaço.;
Querendo-me amoral, sou teu devasso.
Propondo-me que me negue, eu rechaço.
Lembrando minha grana, sou ricaço.
Sugerindo uma ajuda, tudo faço.
Aventando que vá fundo, eu trespasso.
Dou-te mais, ao propor-me um só pedaço.
Na cama, se gostar, boto tempero.
Mas, se me exoras que te ame, esfumaço.
Pois assim já é querer régua e compasso.
Nunca esperes de mim tanto exagero.
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