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Discursos-->nilton bonder midias -- 17/01/2008 - 12:26 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CONSIDERAÇÕES MÍSTICAS SOBRE A MÍDIA
JORNAL AQUARIUS - SETEMBRO/1997
*Nilton Bonder

Este universo do qual somos parte é constituído basicamente de filtros. Não podemos assimilar tudo, todas as freqüências, todas as gamas, todas as infinitas nuances deste universo na dimensão parcial de nossas existências. Para ser quem sou, tenho que ser uma parcela, um fragmento, ou um elemento diferenciado. Os místicos desde muito tempo associam o processo da mística ao reencontro com a dimensão de unicidade e indiferenciação. Na tradição judaica chamamos isto de d`vekut, aderir (à unicidade).

As mídias são estes filtros. O computador e tudo que nele está contido - a televisão, o rádio, o telefone, o fax, etc - são filtros que nos permitem enxergar além. Não são em si a luz, mas ao contrário, são como óculos escuros que nos permitem ver a luz sem que esta nos ofusque os olhos. Isto é muito importante: as mídias são como mais filtros e mais véus para a realidade absoluta, mas nos permitem, por paradoxal que seja, enxergar mais. Ao vermos menos, vemos e compreendemos mais.

Esta fundamental insensibilidade que as mídias produzem, nos fazem mais sensíveis se soubermos fazer uso das mesmas ao invés de assimilarmos a ampliação de nossas limitações que elas representam. Mas entender isso é difícil.

Quando reproduzimos o mundo através da virtualidade e da internet estamos nos afastando do mundo real e, ao mesmo tempo, possibilitando ainda mais sua compreensão. As preces primitivas que, como vimos, funcionavam como uma rede, nada mais eram do que a mesma experiência. Enfiar-se numa sinagoga, ou igreja, ou mesquita, ou qualquer que seja o lugar destas orações, é estar-se mais distante do mundo concreto: do mercado, da rua, ou das interações sociais. Tal comportamento pode ser terrivelmente alienante e dar início a um processo causador de grande insensibilidade se não for percebido como uma mídia - um véu, uma limitação para ver mais.

Ao mesmo tempo, estes lugares são "servidores" que podem nos colocar em conexão direta com coisas que o mercado, rua ou as interações sociais não podem. Isto porque as preces, vividas como uma mídia, nos levam a todos os mercados, a todas as ruas e a todas as interações. Sua essência é virtual` e, portanto, liberada do caminho.

Nós ainda engatinhamos nesta questão de compreender a "liberação do caminho". Mesmo o que nos é permitido hoje é um mui pequeno vislumbrar do que será o rompimento definitivo com nosso conceito arcaico de lugar. E para os judeus este exílio está longe de terminar com a criação do Estado de Israel. O Estado foi uma necessidade histórica e seu valor não é menosprezado, mas muito de sua constituição mais profunda é pouco judaica - insuficientemente virtual para um povo do exílio.

A própria expectativa mística da tradição judaica que se mira no quadragésimo capítulo do Livro de Ezequiel vislumbra um futuro diferente.

Este capítulo, onde Ezequiel descreve um futuro Templo, permite uma leitura da tradição judaica na qual o Terceiro Templo, não será construído. Ele será trazido dos céus, construído de fogo e ofertado pelo próprio Criador. É interessante ressaltar que existe hoje uma instituição, "Academy of Jerusalém", devotada a reconstrução do Templo. Mas como será possível faze-lo? Destruindo as Mesquitas que lá estão hoje? Não. Segundo o projeto de seu idealizador, Yitzhak I. Hayutman, não será lá. Ou seja, será virtual. Será imaterial, um não-lugar central para todos os povos. Um não-lugar que será o monumento maior de todos os não-lugares.

Se este projeto é o projeto, não sabemos. O que sim sabemos é que algo se delineia no horizonte.

Não podemos ver senão intuir.

Nas palavras de Barbara Marx Hubbard, futurista seguidora de Teilhard de Chardin e Buckminster Fuller: "A Nova (celeste) Jerusalém é nosso potencial coletivo de transcender todas as limitações da criatura através do uso harmônico de nossas capacitações, atingindo uma sociedade de seres humanos universais cujas mentes e corpos sejam uma reflexão total da mente divina."

O Templo sempre foi uma m ídia. Talvez as mídias coletivas mais primitivas inventadas pelos seres humanos tenham sido os conceitos de deuses, os altares e os templos. Templos foram eregidos e não conseguimos até hoje entender de que realidade falavam os antigos. Porque precisariam investir tanto nesta mídia tão inútil? - se perguntam as mentes "iluminadas" de nossos dias. Precisaram porque o conceito de virtualidade sempre nos foi conhecido. A morte nos ajudou em muito nesta compreensão da realidade como algo virtual e impermanente.

Neste sentido, a vida definida pela consciência da morte também é um exílio. Um exílio que em muito nos fez compreender a essência virtual de tudo. (Extraído do livro Portais Secretos, Editora Rocco).



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