Na rua, filas se formam e
a tensão explode,
a fome entra na rua,
as crianças choram,
mulheres choram,
nem assim a fome passa.
Na rua, mendigos se agrupam
e seus corpos trêmulos na
calçada gangrenam,
e olhos os seguem perto
da solidão, e
mendigo vai-se tornando o
universo.
Na rua, um eco de murmúrios se
chocando aos tímpanos,
surdos são os famintos que já
se trucidaram com promessas.
Na rua um vazio,
vento tocando o lixo, e
embalsamados vão rolando os
maltrapilhos.
©Balsa Melo
8-6-82
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