Usina de Letras
Usina de Letras
16 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50670)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Hoje-150 anos da morte de Almeida Garrett! -- 09/12/2004 - 17:22 (elvira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Nada como assinalar os 150 anos da morte do grande escritor...e não só!

ALMEIDA GARRETT!



Garrett, foi um "homem que inventou o português moderno e muito mais".



Há ruas, praças e avenidas com o seu nome por todo o país(Portugal!) fazendo parte das leituras obrigatórias do ensino secundário.

"Todos conhecem o seu retrato"oficial": cabelo ondulado, barba oval e estreita que mal cobre o rosto, e todo muito composto - é sabido que era vaidoso e passava horas a arranjar-se, tantas as pequenas almofadas que distribuía pelo corpo para ficar mais elegante. A questão que nos ocorre incide sobre o que resta deste escritor, após 150 anos do seu perecimento?

Garrett apenas viveu 54 anos mas fez múltiplas coisas: foi escritor, deputado, ministro, tribuno, Cronista-Mor do Reino e actor; fundou vários jornais, o Teatro Nacional D. Maria II e co-fundou o Grémio Literário; escreveu peças de teatro, poesia, romances e leis nacionais (da Constituição Setembrista de 1838, à chamada reforma do ensino de Passos Manuel ou a lei da propriedade literária); foi um quase-etnólogo que registou séculos de literatura popular oral; escreveu o que alguns estudiosos consideram ser "a primeira descrição do acto sexual" na literatura portuguesa (em "O Arco de Sant Ana", quando Ester sonha que é violada pelo futuro bispo); desembarcou em 1832 nas praias do Mindelo, ao pé do Porto, com farda e arma, ao lado do exército liberal de D. Pedro IV para lutar contra as tropas miguelistas; escreveu folhetos políticos incendiários, viveu a "utopia das soluções populares", e morreu visconde.

Mas especialmente, escreveu, escreveu, escreveu. "É aliás o escritor morto que mais escreve", diz com um sorriso Sérgio Nazar David, poeta e professor de Literatura Portuguesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que acaba de editar, no Brasil, "Cartas de Amor à Viscondessa da Luz" (Editora 7 Letras), a suposta musa inspiradora de "Folhas Caídas", o seu livro de poesia mais célebre (de 1853). Este sorrir tem uma razão:continuam hoje a aparecer textos inéditos de Garrett ".

"A carta pertence à Biblioteca Nacional de Lisboa e o poema, "Fonte da Cruz", foi descoberto em Março (como noticiado há dois dias pelo "Diário de Notícias") pelos irmãos Futscher Pereira na casa que o pai herdou da madrinha, filha de Venâncio Augusto Deslandes (1829-1909), um bibliófilo e tipógrafo que dirigiu a Imprensa Nacional. "

Garrett foi um pioneiro em Portugal - senão mesmo no mundo - de um trabalho próximo da etnografia, "uma espécie de Giacometti do século XIX, e fixou, em poesia, contos e lendas de literatura oral popular em "Romanceiro", do qual o escritor publicou em vida os Livros I e II (este em dois volumes). As dezenas de manuscritos agora descobertos, muitos deles inéditos, completam o "Romanceiro" (não se sabendo, porém, se o concluem) e pertencem ao Livro III (de Lendas e Profecias), diz Luís Augusto Costa Dias, investigador da Biblioteca Nacional e especialista garrettiano que não consultou o espólio dos Futscher mas viu o indíce das obras. "

A revolução de Garrett

Uma coisa é certa: parece consensual que não se pode dissociar o Garrett-político do Garrett-escritor, amoroso ou popular. "Como diz Habermas, o político é o reflexo do privado".Como nos diz Costa Dias"Garrett era um erudito aristocrata com uma veia popular."

Parece-nos que há um acordo na constatação de que, acima de tudo, Almeida Garrett é um escritor e que criou uma escrita moderna e fez uma verdadeira revolução da linguagem.



"Hoje, se lermos Garrett pode parecer rebuscado e cheio de referências históricas que não entendemos", diz Sérgio Nazar David. "Mas se compararmos a temperatura dos seus textos com os dos seus contemporâneos, percebemos como a sua prosa é directa, contundente, como ele conversa com os seus leitores, como ele cria artifícios muito vivos."



Um dos exemplos deste novo "português moderno literário" está nas "Viagens na Minha Terra", diz a professora Ofélia Paiva Monteiro, da Universidade de Coimbra, outra especialista garrettiana. "Não se escrevia o português de As Viagens.. naquela época. Ele desarticula propositadamente o discurso, dá erros para desliteralizar o texto. É como se fizesse sala com o leitor."



Eça de Queirós, que apesar de ínfimo o que escreveu sobre Garrett, condensa nesta sua máxima toda a pujança deste "novo" no escritor: "Ah, mas Garrett é o caminho que vai dar a Deus...".

Costa Dias, que sublinha que Garrett tinha uma "arguta forma de compreender a realidade da sua época", diz que hoje lhe chamaríamos um "escritor comprometido". Mas foi sobretudo um político polémico, diz Paiva Monteiro, e ainda hoje "às vezes é puxado à esquerda, outras vezes é puxado à direita".



Mini-biografia



"João Leitão da Silva nasceu a 4 de Fevereiro de 1799, no Porto, segundo filho de um açoriano da Horta, ilha do Faial, responsável por supervisionar a aplicação de selos nas mercadorias da alfândega do Porto, e de uma portuense. Mais tarde, mudou o nome para João Baptista, em honra do seu padrinho, e trocou o Leitão da Silva para Silva Leitão, ao qual acrescentou Almeida (da avó materna) e Garrett (da avó paterna). Foi estudar Direito para Coimbra e aí, entre o teatro (que começa a escrever) e a política (na qual se começa a afirmar) adopta o nome Almeida Garrett. Em 1822 casa-se com Luísa Midosi - tinha ele 23 anos e ela 14 - da qual se separará legalmente 17 anos depois. Três vezes exilado, lutou toda a vida contra a tirania, sublinham os especialistas.



Garrett morreu na actual Rua Saraiva de Carvalho, n. 78, em Campo de Ourique, Lisboa, onde viveu pouco mais de um mês (acabara de se mudar da Rua do Salitre), e cuja eventual demolição tem levantado grande polémica. Nos últimos dias pediu à filha Maria Adelaide e ao amigo biógrafo Gomes de Amorim que lhe lessem os seus poemas "Flores Sem Fruto" e "As minhas Asas". A sua amante, a Viscondessa da Luz, casada com um rival político de Garrett, ainda o visitou dois ou três dias antes de morrer. Morre com o que hoje se pensa ter sido um cancro, às "seis horas e vinte e cinco minutos da tarde de sábado nove de dezembro de mil oitocentos e cinquenta e quatro", escreve o biógrafo. "



Obras que destaco:

Viagens na minha Terra"

"Frei Luís de Sousa"

"Flores sem Fruto"

"Folhas Caídas"



Nota: este é um artigo praticamente inspirado no que a imprensa portuguesa escreveu sobre este autor, hoje, dia 9 de Dezembro, especialmente "O Público".

Elvira:)







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui