[Milene, querida amiga]
"Poeta bom e arretado
É o Fernando TANAJURA
Verseja de todo jeito
Traz no estilo a gostosura
É cabra baiano esperto
Nunca morou no deserto
Mas vive lá na lonjura..."
[Milene Arder]
Milene, querida amiga
Vou tentar te acompanhar
Nesta septilha danada
Que tu foste me inventar
Com outro poeta arretado
O Jorge, de nome Sales
Que as letras sabe traçar
Tu me chamaste de bom
De muitas coisas que tal
Fico todo acabrunhado
Com confete e carnaval
Sou um peão desta Usina
Escrever é a minha sina
E o verso vai pro varal
Com tanto poeta ilustre
Que brilha no céu de anil
Fui escolhido com honra
No meio de cem - de mil
Por ti e pelo nobre colega
Com carinho e sem refrega
Para o orgulho do Brasil
Versejo assim como posso
Como a vida me ensinou
Não sigo regras nem escolas
Desta maneira me dou
Para os carentes de versos
Ou os que enfrentam reversos
Esquecidos que já amou
Se tu achas gostosura
Das coisas que mal escrevo
Fico pomposo, inchado
Em meu peito o qual descrevo
Ser sempre um fogo ardente
A distribuir sementes
Ou imagens que circunscrevo
Sou cabra baiano esperto
Isso seguro, acertaste
Pois quem fica de boca aberta
Não sei se tu já falaste
Mosca zonza logo entra
E não sei bem quem a enfrenta
Se é mosqueteiro com haste
Fiquei meio aporrinhado
Com o Jorge e com o Daniel
Contigo também, falo franco,
Pois não incluiram no Cordel
— E brigo com quem quiser —
O meu amigo (JB) Xavier
Cordelista que vai pro céu
Outra que foi esquecida
E me deixou até sem fala
Cordelista de mão cheia
Na varanda ou na sala
Poeta de muitas liras
Em muitas rodas ou giras,
A grande Andréa Abdala
Assim fiz meu desagravo
E volto ao mote de antes
À minha conversa contigo
Dos teus versos deslumbrantes
Uma homenagem sofrida
A todos bem merecida
Em versos doces, sonantes
Qualquer canto é um deserto
Se não cultivar a doçura
E a vida pra mim foi bondosa
Me criou com rapadura
De perto ou longe consigo
Me oferecer como amigo
Seu humilde, Tanajura
© Fernando Tanajura
(n. 1943 - )
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