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Artigos-->Um Boeing cai a cada 36 horas -- 04/11/2004 - 11:35 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Calma, passageiros aéreos. A aviação é ainda o transporte mais seguro do mundo. Não cai um Boeing a cada 36 horas. Porém, ocorrem, em média, 213 mortes em cada 1000 km das estradas brasileiras, a cada ano, enquanto que na Itália esse número é de 21, nos EUA 7, no Japão 10, na Alemanha 14, na França 10, no Canadá 3. Uma catástrofe sem tamanho, que não sensibiliza mais a sociedade brasileira, muito menos o governo federal, cujos altos escalões não conhecem a buraqueira de nossas estradas, pois somente se locomovem em jatos de luxo.



Como o Brasil possui aproximadamente 160 mil km de estradas pavimentadas, pode-se afirmar que morrem cerca de 34.000 pessoas em acidentes todo ano, uma média de 93 óbitos diários. Esses dados aterradores foram apresentados por Bruno Batista de Barros Martins, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em palestra realizada no TRT da 10ª Região, em Brasília, no dia 27 de outubro último. “É como se um Boeing 737 lotado caísse a cada 36 horas” – disse o palestrante. Quem será o maior culpado por essa barbaridade: o motorista incauto e, muitas vezes, suicida, que toma “bolinha” para se manter acordado à noite e entregar a carga no horário acertado, ou o governo inoperante, que não mantém nossas estradas em condições mínimas de trafegabilidade e é, por isso, o criminoso maior?



Uma das causas do grande número de mortes nas estradas brasileiras é nossa dependência exagerada do modal rodoviário. Cerca de 96% dos passageiros utilizam esse modal. Essa grave distorção pode ser vista comparando-se com outros países de grande extensão territorial. O Brasil tem 60% de participação do modal rodoviário na matriz de transportes, enquanto que a China tem 8%, a Austrália 24%, os EUA 26%. “Existem fortes evidências de que o Brasil vem desperdiçando, anualmente, dezenas de bilhões de reais em função de acidentes, roubos de carga, ineficiências operacionais e energéticas e pelo uso inadequado dos modais. Isso sem mencionar o custo em vidas humanas em acidentes e do crescimento da violência nas estradas” (in “O Caminho para o Transporte no Brasil”, CNT, 2002, pg. 02).



Além da distorção brasileira, que relegou os transportes ferroviário e aquaviário a 2º plano, pode-se afirmar que o grande número de óbitos ocorridos em nossa malha rodoviária tem como principal causa o péssimo estado de nossas estradas. Na extensão avaliada pelo CNT (74.681 km), 43,9% encontram-se em estado ótimo e bom, 33,4% em estado deficiente e os 22,7% restantes em estado ruim e péssimo, com trechos em que predominam afundamentos, buracos e ondulações. Isto significa que 56,1% de nossas rodovias (41.896 km) encontram-se em situação precária. Em 40,3% das rodovias analisadas, não existem placas indicativas de limite de velocidade. Acrescente-se que 90,1% de nossas rodovias têm pistas simples de mão dupla, 40% não possuem acostamento e 32,8% não possuem a 3ª faixa nas subidas.



O GEIPOT foi desativado, a agência reguladora de transportes não foi implantada, não há estatísticas sobre transporte no Brasil, a CNT “jogou a toalha”, já que não é ouvida pelo governo federal. Dentro desse clima de faroeste, não deve causar nenhuma surpresa o aumento exponencial de roubo de cargas, que em 2003 causaram prejuízo de 650 milhões de reais. Um alto negócio hoje no Brasil, uma parceria “público-privada” levada a sério pela Polícia Rodoviária junto com empresários que fazem a receptação dos produtos roubados.



Investimentos em infra-estrutura, em todo o mundo, são normalmente feitos pelos governos. Somente eles têm capital para isso. As famigeradas PPPs anunciadas pelo governo Lula da Silva não passam de mais um engodo, porque se pretende criar algo para ver no que vai dar, 25 a 30 anos depois. Será uma ótima opção para o tradicional empresário nacional, adepto do “capitalismo sem riscos”, fazendo uso e abuso do dinheiro do BNDES. Os políticos petistas costumam repetir que as PPPs são um sucesso na Inglaterra. Realmente, são um tremendo sucesso nos longos trechos de 28, 30 km lá construídos...



Conforme afirmação de Bruno Batista, se fossem integralmente investidos nas rodovias brasileiras os 8 bilhões de reais arrecadados todo ano pela Cide, em 7 ou 8 anos todas as rodovias brasileiras estariam recuperadas. Neste ano, somente 5 a 6% desse valor chegou até as estradas.



Isso prova que o governo não tem a mínima vontade de resolver um problema que não apenas contribui para aumentar as estatísticas da morte, mas que poderá se transformar em breve em um dos muitos gargalos que impedem nosso crescimento econômico sustentado, prejudicando nossa performance nas exportações.











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