Analisando estas últimas campanhas eleitorais, vemos os princípios ideológicos cada vez mais distantes do campo das discussões políticas. As argumentações ideológicas parecem apenas ocupar espaço nos restritos círculos acadêmicos ou em programas de entrevistas direcionados a uma intelectualidade cada vez mais distante do povo e das ações concretas.
Os militantes que outrora eram estudantes, sindicatos ou associações de classe engajadas no processo democrático foram substituídos por militância paga e profissionais do marketing político.
A retórica é sempre a mesma para qualquer candidato que pleiteie se eleger, seja este de "esquerda" ou de "direita": educação, saúde, emprego, educação, saúde, emprego ...
Seria melhor economizar tempo em programas políticos extremamente enfadonhos que irritam tanto a vista quanto a mente e gravar uma só mensagem aplicado-a a todos os candidatos.
Bem ao estilo americano, projeto político virou Show Business. Apesar de cada vez mais sagazes, nossos marketeiros , no geral, ainda estão longe do padrão de eficiência norte-americano, mas este não é o ponto.
Em um país onde as desigualdades sociais se revelam cada vez mais gritantes e a corrupção anda às soltas permeando todas as esferas do poder, que sentido existe em promover campanhas visando apenas o que poderíamos chamar de "mercado eleitoral"?
Um projeto político não pode ser comparado a um sonho de consumo como um carro possante ou uma roupa de grife.
Um projeto político envolve pessoas, ideais e, principalmente, comprometimento com o eleitor que não pode, em absoluto, ser visto como mero consumidor de um produto, neste caso seu candidato, e sim como uma pessoa que deu seu voto em troca de um mínimo de expectativas que ele espera que um dia venham a se tornar parte de sua realidade.
