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Cronicas-->Efó, uma crónica culinária -- 08/11/2001 - 12:50 (Fatima Dannemann) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Efó, uma crónica culinária

Fatima Dannemann

A Globalização mudou a culinária. Comida típica na mesa dos baianos
agora é salmão, carpaccio ah... e trufas de chocolate.
Nada contra isso, pelo contrário, menciono com água na boca alguns dos
meus pratos preferidos. Mas, por essas e outras é que a culinária
da terra anda esquecida.
Muita gente desconhece o que seja um arroz d Haussá (delícia das delícias
para quem aprecia arroz e derivados), um bobó de camarão (tem gente
que nunca viu um pessoalmente) e pior: desconhecem completamente,
o supra-sumo da culinária baiana, o rei dos pratos, sua magestade, o Efó.
Por conta da "culinária sem fronteiras" que estamos assistindo, estou
há algum tempo sem provar o efó, uma delícia esquecida. Mas, ainda
bem que já comi alguns efós (muito bem feitos, aliás) em minha vida,
pois comer este prato é como beijar ou andar de bicicleta, quando a gente
experimenta, nunca mais esquece porque só tem duas possibilidades,
ou você ama ou detesta esse exótico prato feito com folhas e a mesmíssima
base de temperos do vatapá, caruru e demais pratos baianos (culinária
baiana é a mesma coisa que doce de aniversário, só trocar o leite condensado
por dendê, camarão seco, castanha, gengibre, amendoim e cebola e vc
faz maravilhas com esses temperos).
O detalhe é que não achamos nem mais quem prepare um bom efó as
donas de casa se queixam que a língua de vaca ou a taioba (folhas usadas
para fazer efó) além de difíceis de serem encontradas nas feiras e supermercados
(aposto que ninguém nem procura) não rende depois de cozida. Encolhe
e tornam o efó economicamente inviável. Esse papo não cola muito não.
Espinafre encolhe, couve encolhe e ninguém deixa de comer souflé de espinafre
ou caldo verde por causa disso.
Uma pena disto tudo é que sem a baba do quiabo, o peso do vatapá ou do
feijão fradinho, o efó tinha tudo para ser o grande sucesso das mesas locais.
Leve, saboroso e acho que nem engorda porque é feito com folhas, e justamente
por isso, politicamente correto nesses tempos de culto ao físico.
Muito me admira é que justo quando comer folha vira moda o efó esteja vivendo
uma aposentadoria precoce e forçada. Acho que num canto da horta, a taioba
e a língua de vaca pensam lá com suas nervuras: "o que o espinafre tem que eu
não tenho?" É que soube que andam fazendo efó com espinafre como se fosse
para ser servido ao Marinheiro Popeye. Mas, não deve ter o mesmo gosto. Mas,
baiano come repolho (no árabe), alface (na salada), couve (no cozido), espinafre
(nos lanches naturebas), mas não come mais efó dizendo que não rende e que
as cozinheiras não sabem fazer.
Grandes coisas, a base é a mesma do caruru, vatapá e todos os pratos pois,
como já disse, comida baiana é que nem doce de aniversário: só trocar um
dos ingredientes e mexer a panela de forma diferente. Mas, a temperada
é só a mesma e mais: o efó alimenta e os ecologistas iam adorar ver aquela
coisa verde na tigela, parece musgo. Mas, como quem não tem cão caça com
gato, estou indo até a esquina comer um abará. Quando nada, vem enrolado
numa folha. De bananeira, mas verdinha que nem manda o figurino.
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