" Vertical "
Meu querido amigo inanimado...
Tão serio, carrancudo...
Mostrou-me a bunda, que horror!
Desaforado, fiquei tão envergonhada...
Como se não tivesse acontecido nada,
checou às unhas e cantarolou.
Torceu o pescoço, virou-me, a costa.
Recolheu todo meu material, jogou ao vento...
Ameaçou-me, entrou no envelope,
disse que me abandonaria...
Chega de ameaças!
Resolvi eu, fazer-lhes às malas,
mandei-o embora,
aqui quem manda sou eu...entendeu?
E não é que deu certo!
Logo ele recolheu tudo que havia espalhado.
Resolvi perdoa-lo, afinal,
nas madrugadas, quem mais me agüentaria?
Mesmo porque, sou um ser rabugento.
Ele não se importa quem eu seja, ou o que faço.
Levo cada bronca!
Aceito numa boa...
Ele tem um olhar!
Meio metalizado, cansado,
e o gingado do seu corpo, envolvente e atraente.
Quando vai embora não fico com saudade...
Se não aparece, sinto falta...
Acho que merecemos um ao outro...
Não devo apaixonar-me por ele!
Não iria da certo!
Ele é meio cinza, com brilho...
Seu corpo da voltas...
É todo esquisito
Nas noites de amor eu poderia sufoca-lo...
É tão pequenino!
KaKá Ueno.
07 03 02.
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