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Artigos-->O NOME DO JOGO - Parte 2 - O Fenômeno Bin Laden -- 30/09/2001 - 13:26 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O NOME DO JOGO





SEGUNDA PARTE

O fenômeno “BIN LADEN”



Colin Powell, o grande artífice das estratégias da Guerra do Golfo e Schwartzkopf, seu grande executor, ambos saídos de West Point, poderiam estar no encontro sobre o qual comentamos na parte primeira deste artigo (leia a parte 1). Eles teriam, tal como todos os outros participantes, jogado futebol com mais de uma bola. Schwartzkopf inclusive, esteve no Brasil, há alguns anos ministrando palestras sobre liderança.



Tal como aqueles senhores capitães-de-indústria, eles não compreendem – como de resto todo o alto comando das forças armadas da maioria dos países do mundo – que um jogo novo, exige regras novas para ser jogado.



O atentado terrorista aos Estados Unidos foi um ato pensado por um estrategista – nem se sabe se foi mesmo Bin Laden – que apostou numa na resposta armada dos EUA. Ele não pensou que derrubaria as duas torres, isto foi um golpe de sorte, um aviso de Marte, o deus da Guerra, avisando que os ventos do poder e da inteligência mudaram de direção.



Sua pretensão era algo muito maior, que e a providencial queda das torres veio apenas coroar de êxito ainda mais retumbante. O mundo inteiro assistiu ao vivo à morte de mais de 4.000 pessoas. Ouviu seus lamentos pelos celulares e acompanhou seus últimos segundos de vida. E tudo isto num mega show levado ao ar para todo o planeta a custo zero, ou melhor, com o custo repassado inteiramente para a vítima.

Um sucesso monumental de estratégia. Uma lição soberba de tática, e uma demonstração daquilo que as academias militares se ufanam de ensinar: Coragem e ousadia.



Confúcio já dizia que “para enfraquecer uma coisa, é preciso primeiro fortalece-la, para contraí-la, é preciso primeiro expandi-la.” Seguindo esses ensinamentos ao pé da letra, o estrategista da ação terrorista mais espetacular da história, conseguiu acuar o maior arsenal da história humana. Deu-lhe um tapa na cara em frente às câmeras e torceu pela retaliação violenta. Tudo muito bem calculado, como faria um exímio enxadrista. Mas, os americanos não jogam xadrez, jogam beisebol.



Se retaliar, os EUA descem ao nível da animalização que estão tentando erradicar, se não retaliar, perdem o respeito internacional que a força lhes proporciona. O que estará pensando o general Powell? O Presidente já se livrou do macaquinho no ombro, passando-o ao seu Conselho de Segurança, a quem autorizou abater aviões civis, se for necessário.



Uma ação tão inteligentemente planejada merecia, por parte da Inteligência americana e mesmo dos demais países, um momento que fosse, de reflexão. Se isto fosse feito, eles veriam que:



1 – Ele escolheu o início de um novo milênio, uma virada importante do calendário humano – a Era de Aquarius, como querem alguns - para lembrar ao mundo que o jogo do poder acaba de ter suas regras alteradas. A regra básica agora é a inexistência de regra alguma!



2- O estrategista percebeu que todo o aparato militar americano estava preparado para impedir ações “de fora para dentro” no território americano, não “de dentro para fora”. Os americanos deveriam saber disso, porque tiveram como mestre o grande ilusionista Houdini. Ao fim da carreira, perguntado como conseguia sair de cofres fechados, ele respondeu: “Os cofres foram feitos para não entrar, não para não sair!” parece óbvio, como parece óbvio que não existe futebol com duas bolas.



3 – O estrategista aproveitou-se do mal estar causado ao mundo pela ação imatura de um presidente fanfarrão e ignorante dos assuntos internacionais. Em seis meses Bush conseguiu jogar por terra alianças dolorosamente alinhavadas por seu antecessor durante oito anos. Não é à toa que estes ataques não se deram enquanto o EUA eram vistos como o “irmão maior que protege os irmãos mais fracos.” Bush conseguiu fazer o mundo entender, em exíguos seis meses, que seu país se transformaria no Grande Pai, que tiraria o cinto e bateria na bunda de qualquer país que não seguisse suas orientações.



4 – Como bom psicólogo prático, o estrategista esperto apostou que o Tio Sam não levaria desaforo para casa, porque, tal como disse Erasmo Carlos em sua música,”preciso manter a minha fama de mau”. No caso, a fama de valente!



5 – Numa lição ímpar aos acadêmicos de West Point, o estrategista apostou todas as fichas na certeza de que, no país dos manuais, uma vez atacados, os manuais de defesa seriam seguidos à risca, ou seja, a resposta viria em embalagem convencional, ainda que o ataque nada tivesse de convencionalismos. Acertou mais uma vez em cheio.



6 – Ele apostou – e de novo fez bingo! - na pasmaceira que se abateria sobre o país no pós-ataque. Calculou que a estupefação faria o país parar vários dias para entender o que acontecera. Tempo suficiente para o resto do mundo rever suas posições de revanchismo. Isto já aconteceu recentemente nos EUA, quando Mike Tyson – o invencível, tomou um upper de Razor Rudock e foi à lona. Enquanto o Juiz contava, ele tentava pateticamente se erguer, sem entender direito o que lhe acontecera. Foi o início do fim de sua carreira. A grande lição deste episódio, porém, é o fato de que embora Tyson encarnasse a quintessência do atleta de sua modalidade esportiva, ainda assim, a cada luta sua, todos torciam pela sua derrota! A lição portanto, pode ainda não ter acabado!



7 – O estrategista sabe que diante de um ataque, as preferências dos espectadores voltam-se para o lado mais fraco. Calculou que ao voltar seu mega arsenal para um povo que mal sabe ler, que tem a capital destruída, que passa fome e se esconde em cavernas, os EUA estaria automaticamente se voltando contra 80% do planeta, que vive em condições semelhantes.



8 – Usou, para sua guerra, armamentos e combustível do próprio inimigo. Usou marcas conhecidas da soberania do capitalismo, e ícones ainda mais significativos dessa soberania. Resolveu problemas logísticos complicadíssimos de uma maneira assombrosamente simples! Não se pode levar explosivos suficientes para explodir as torres sem ser notado pela segurança na entrada? Simples! leva-se pelo ar! Não há como pousar um avião estranho sobre as torres, sem ser derrubado antes? Simples! Usa-se o próprio avião como bomba! Há civis dentro do avião? Ótimo! Mata-se dois coelhos com uma cajadada só! Respostas óbvias para perguntas que ninguém que segue o manual jamais ousou fazer. Assim, o estrategista obsoletou todo o sistema de defesa do mundo, todos os manuais que tratam do assunto, todas as academias militares e treinamentos especiais – dos Boinas Verdes à SWAT! Os únicos que talvez conheçam algumas das regras desse novo jogo, são os israelense, até pela proximidade do convívio e pelas várias lições que já lhes foram impostas.





9 – Mostrou-lhes finalmente que a guerra convencional está morta! Mostrou que o conceito de “pátria” está obsoleto e que transformou-se num termo relativo, mostrou que fronteiras nada significam quando as idéias transbordam delas, mostrou que os ideais transcendem à pátria e prevalecem sobre ela, e que “morrer por um ideal” é mais altruísta que morrer pela pátria. Mostrou ainda que morrer por um ideal é algo que é levado ao pé da letra. Mostrou ainda que o desapego ás coisas terrenas – possível apenas pela não-contaminação pelo capitalismo – fá-los desejar morrer por seu ideal, e aposta ainda que esta lição não aprenderemos jamais, para sua felicidade. Alexandre Dumas disse uma vez que “nenhuma força é forte o bastante para impedir o crescimento de uma idéia, quando seu tempo chegou!.



10 – O estrategista previu ainda um “Gran Finalle” para sua grande obra de espalhar a morte e a dor: Se continuar vivo, será um herói e terá seguidores ávidos por aprender sua maneira de raciocinar. Se, na caçada sem tréguas que lhe move os americanos, ele for capturado e morto, será um mártir. Talvez o primeiro mártir desse novo gênero de guerra que reduz a vida humana a frangalhos. Em suma, para os seus propósitos, sairá vitorioso em qualquer hipótese, vivo ou morto, como quer Bush. Em bela enrascada ele meteu o Presidente, Powell e sua turma!



Mas, o fato para o qual desejo chamar a tenção é que, após a comoção inicial – já nem falo durante a mesma – quando o país se transformou numa espécie de formigueiro que foi chutado, com todo mundo correndo em todas as direções, num pânico caótico, não houve ninguém, nenhuma voz que pusesse ordem na casa e dissesse: Ok! O que temos aqui? Um punhado de loucos ou uma ação articulada?



O guerrilheiro apostou que os EUA fariam perguntas velhas, e obteriam respostas velhas. Em recente entrevista a David Lettermann, Hillary Clinton, ex Primeira Dama, advogada de peso e oito anos de Casa Branca disse, a certa altura da entrevista, ao falar sobre os generais americanos e sobre a retaliação militar, que “esses homens não estão no comando por acidente”.



Concordo com ela. Foi o sistema que os colocou lá. Se houver alguém no comando “por acidente” talvez seja o único que tem as respostas para as futuras ações a serem tomadas. Mas, quem os ouve?



Então, o terrorista apostou que os generais fariam perguntas convencionais e obteriam respostas convencionais. Graças a isso, hoje os americanos estão com uma força bélica capaz de destruir o mundo, estacionada a poucas centenas de quilômetros de um país miserável que pretendem destruir.



Em termos bélicos, é como se eu ou você estivéssemos com uma metralhadora em cada mão, a um passo de um bebê indefeso nos olhando perplexo, com todos os seus vizinhos nos observando horrorizados, enquanto o avisamos de que vamos mata-lo porque seu irmão mais velho desaparecido nos acertou uma estilingada.



Deve haver formas mais criativas de tratar de um assunto tão delicado, e fazer guerrilheiros sanguinários engolir a própria bílis! mas isso já é assunto para o próximo artigo!

Fim

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