Me parece que essa palavra só existe na língua portuguesa.
Mas que palavra!
Como falar sobre algo que bem não se explica?
Uma dor tão doída; mas que alimenta a alma!
Como falar daqueles tempos que não voltam mais?
Tempos de inocência, pureza, sonhos e fantasias.
Como falar de coisas que não se resgatam, coisas que não voltam?
Como falar de uma boneca bruxa, de olhos de conta, cabelos de lã trançada e boca vermelha de linha?
Como falar de uns olhos que olhavam o mundo com fascínio e encantamento?
Olhos que choraram tantas lágrimas pelos caminhos da vida, que apagaram suas luzes.
Como falar de uma mão que escreveu tantas estórias quantas conseguiu e que ainda insiste?
Mãos que tanto trabalharam e acariciaram que tornaram-se inesquecíveis para alguns.
Como falar de frases perdidas, de vozes que se perderam no tempo?
Palavras que trouxeram tanta alegria e tanta dor.
Como falar da sensação de ser mãe?
Sensação única e mais marcante de minha vida!
Como falar de meu pai que já não se encontra entre nós?
Pai, de onde você estiver saiba que eu o amo muito e que daria anos de minha vida para ouvir de novo sua voz, de olhar de novo nos seus olhos, abraçá-lo e beijá-lo.
Pai, só uma palavra pode expressar o que sinto agora: saudade de você.
Como falar dos amigos de todos os tempos?
Daqueles que só ficaram nas recordações mais ternas.
Como falar da terra onde nasci e me criei?
Terra querida que deixei para trás, como deixei tantas coisas.
Como falar dos manos pequenos?
Banhávamo-nos na mesma água, sentávamo-nos na beira do fogão juntos e depois de crescidos cada qual tomou seu próprio caminho.
Como falar de você mãe?
Animadoras sempre suas palavras deram um rumo em minha vida. Seus olhos azuis tão meigos serviram-me de farol para iluminar meu caminho.
Como falar de tempo e distància, de passado; como falar de minha vida sem usar a palavra saudade?
Não há como!