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Artigos-->Big Brother Bush fala à nação -- 29/09/2001 - 19:15 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Jacob Levich é escritor, editor e ativista. Vive no Queens, em Nova Iorque.





Dezessete anos depois do esperado, 1984 aí está. Em seu discurso ao Congresso, na quinta, Bush com efeito declara a guerra permanente – guerra sem limites temporais ou geográficos; guerra sem objetivos claros; guerra contra um inimigo vagamente difinível e em constante deslocamento. Hoje é o Al-Qaeda; amanhã pode ser o Afeganistão; no ano que vem, poderiam ser o Iraque ou a Chechênia.



Quem já teve de ler “1984” no colégio, não deixaria de ouvir ao longe o débil badalar de um sino. No aterrador clássico de George Orwell, o estado totalitário de “Oceania” vive perpetuamente em guerra tanto com a “Eurasia” como com a “Eastasia”.



Embora o inimigo mude de tempos em tempos, a guerra é permanente; seu verdadeiro propósito é controlar o dissenso e manter a ditadura, pela exaltação do medo e do ódio na população.



A guerra permanente subjaz a todos os aspectos do programa autoritário do Big Brother, justificando a censura, a propaganda, a polícia secreta e a privação. Em outras palavras, é terrivelmente conveniente. E convenientemente terrível. O discurso alarmante de Bush aponta para um inimigo obscuro, que se esconde em mais de 60 países, inclusive nos EUA. Anuncia uma política de uso de força máxima contra quaisquer indivíduos ou nações por ele designados como nossos inimigos, se levar em conta leis internacionais, sem o devido processo ou debate democrático.



É explícito, ao dizer que boa parte da guerra constará de ações secretas. Rejeita a negociação como instrumento diplomático. Anuncia que todo país não submisso às demandas dos EUA será olhado como um inimigo. Defende a criação de uma nova e poderosa agência de polícia, com status de gabinete, chamada “Office of Homeland Security” [Gabinete de Segurança da Pátria]. Orwell não teria encontrado melhor denominação.



Fazendo uso de expressões populares ("Ya know what?" / [Cês sabem o quê]) e puerilmente belicosas ("Either you are with us, or you are with the terrorists" [Ou você está conosco, ou está com os terroristas]), Bush ascende confortavelmente ao papel de Big Brother, carente tanto de ser amado como temido.



Enquanto isso, sua administração age com rapidez no sentido de concretizar os princípios de governo de “Oceania”: GUERRA É PAZ. Uma guerra sem contornos, destinada a atrair um ciclo mortal de retaliações, vem sendo vendida como meio de garantir a nossa segurança.



Entrementes vamos sendo instruídos para aceitar a guerra permanente como um fato da vida cotidiana. Enquanto o inevitável massacre de inocentes avança no além-mar, espera-se que “vivamos nossas vidas e criemos nossos filhos."



LIBERDADE É ESCRAVIDÃO: "A própria liberdade está sob ataque”, disse Bush, e com razão. Os americanos estão prestes a perder suas mais caras liberdades num frenesi de legislação paranóica. Sem ordem judicial, o governo propõe grampear nossos telefones, ler nossos e-mails e conferir a movimentação de nossos cartões de crédito. Busca autoridade para, sem motivo ou julgamento, deter e deportar imigrantes. Propõe o uso de agentes estrangeiros para espionar cidadãos americanos. Para salvar a liberdade, os senhores da guerra pretendem destrui-la.



IGNORÂNCIA É FORÇA. A “nova guerra” da América contra o terrorismo será lutada com um sigilo sem precedentes, incluindo pesadas restrições à imprensa, como há anos não se viam, avisa o Pentágono. Enquanto isso, a lamentável história do imperialismo americano – colaboração com terroristas, guerras sangrentas contra civis, substituição de governos democráticos por ditaduras corruptas – permanece estritamente fora dos limites dos grandes meios de comunicação. Para não enfraquecer a nossa adesão, não nos permitirão entender as razões que subjazem aos crimes horrendos de 11 de setembro.



O discurso, definidor da gestão Bush, aponta para um futuro à Orwell, de guerra sem fim, mentiras oficiais e um controle social onipresente. Mas diferentemente do estupidificado protagonista de “1984”, ainda temos muito espaço para manobra e muitas maneiras de resistir.



É hora de falar e agir. Cabe-nos sair às ruas, gritar uma mensagem clara aos senhores da guerra: Nós não amamos o Big Brother.





[Feita e publicada a minha tradução, tive acesso a uma outra, feita pelo tradutor Newton Ramos, do Grupo de Estudos de Teoria Crítica, São Carlos-SP, da qual aproveitei algumas soluções interessantes.]



[Jacob Levich é escritor, editor e ativista. Vive no Queens, em Nova Iorque]



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