Pela Milene, usineiros,
Se o Torre da Guia arder...
Apagai-me companheiros
Para Ela me acender!
Na ambição de viver
Se aquilo que nós sentimos
Não for superior à culpa
Para pedirmos desculpa
É porque ainda mentimos,
Iludindo interesseiros
Sentimentos verdadeiros
Que sinto inundar-me e vou
Dar de mim tudo o que sou
Pela Milene, usineiros.
Contra os estros traiçoeiros
Pode a Musa decidir
Se devo ou não seguir
Por tão agrestes caminhos
Entre a farsa dos mesquinhos
Que recusam entender
A liberdade de ser
Destemido e frontal
Em chama que não faz mal
Se o Torre da Guia arder...
Sei agora que sofrer
O desterro da lonjura
É pior do que a loucura
Dos ausentes do juízo,
Pois quem sonha o paraíso
Com contornos verdadeiros
Sob as bençãos dos coqueiros
E acende a realidade
Se o fogo não for verdade
Apagai-me companheiros.
Já fui um dos pioneiros
Que experimentou a certeza
Face à cruel vileza
Dos enganos que herdei
À sombra da estranha lei
Da traição pelo poder
Mas quem trai não pode ter
A luz da nova alvorada
Que peço d alma apagada
Para Ela me acender!
Próximo Mote:
No que a Cordel concerne
Diria ao intelectual:
Doutor... Quem estuda um verme
É um verme tal e qual!