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Contos-->Diário de um suicida, cap. 4 -- 21/01/2002 - 07:17 (Flavio Costa Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Querido diário, este é mais um dia como outro qualquer que já passou, ou virá a passar.

Acordo em alguma hora qualquer do dia, o Sol já está alto, a boca cada vez mais ressecada da bebedeira da noite anterior, o som que toca hoje é o da Bessie, grande Imperatriz, voz inigualável, a Janis tentou gritar como ela, mas é impossível.

Ontem assisti a um filme sobre um serial killer, acredito que o gosto que ele sentia de sangue era como um vício, ao mesmo tempo sabia que não era legal, mas não conseguia resistir, era tão difícil parar como seguir adiante. As paredes do seu muro cresciam cada vez mais, seu isolamento era total, um sentimento inexplicável de não conseguir interagir com o Mundo, as pessoas.

Não entendo isto, este Mundo maravilhoso de pessoas fascinantes, alegres, interessantes … pensando melhor, acho que ele está certo, este Mundo é uma merda mesmo, mas discordo totalmente de matar outras pessoas, apesar que ninguém é inocente. Acredito que cada um deve ter a liberdade de escolher como e quando morrer, não creio que outros possam intervir nisto, deve ser uma escolha voluntária, um direito inalienável de escolha individual.

Uma outra situação estranha aconteceu ontem, a minha planta na sala começou a olhar-me de uma forma esquisita, era como se ela crescesse, mostrasse seus dentes para mim, e pensasse em mim como seu alimento, ela foi crescendo até tomar conta de quase toda a sala, seus tentáculos agarraram-me, senti o seu terrível hálito, sua sede de sangue, cheguei mesmo a sentir seus dentes cravarem-se em mim, mas acho que ela não gostou do paladar da minha carne, depois as paredes começaram a verter lágrimas, vozes de almas sofridas, perdidas, sofrendo encheram o ambiente de dor. Pensei em procurar ajuda, mas com certeza diriam que não passava de alucinação, mas tenho certeza, eram reais, estavam ao meu redor, queriam me possuir, sua falta de luz era palpável, tenho certeza, não estou ficando louco.

Pensei em fugir, mas para onde, sombras de fantasmas do passado me perseguem, talvez não tenha fugido pela única razão te não ter para onde ir, todos os lugares são iguais. Após algum tempo quieto, as vozes sumiram, foram embora, mas elas estão a espreita, esperando apenas um momento de fraqueza da minha parte para me pegar, mas não darei este gosto para elas, resistirei sempre, talvez seja a única coisa que me faz lutar por algo.

Às vezes me pergunto por quê estou nesta situação, é tão fácil acabar com isto. Mas não é o momento ainda, alguma voz lá dentro me fala isto, talvez a única voz que se aproxima sem querer me mudar, sem me questionar, sem exigir nada, sem esperar coisa alguma, sem determinar padrões. Sei lá, a cabeça gira, ou será o quarto, sinto uma tonteira, serão estes fantasmas, merda … não sei, a bebida acabou, mas estou sem forças para buscar mais, o sono teima em não ir embora, mas não quero dormir. Droga, quase cai da cadeira, talvez seja melhor ir para a cama. Sinto frio, mas tenho que me aquecer, não existem outras fontes de calor, somente posso contar somente comigo mesmo.

Querido diário, enchi o saco por hoje, assim como nos dias anteriores. Volto amanhã. Tchau.

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