Uma cicatriz que tenho
Foi uma mordida de tatu
Ô bicho de dente afiado
Ele é valente pra chuchu
Outra mordida de arrasar
E a do grande tamanduá
O da espécie meio azul.
Um dia fui caçar tatu
Eu vi o bicho primeiro
Atirei nele depressa
Ele correu no terreiro
Pulou em riba de mim
Era um bicho tão ruim
E me mordeu por inteiro
Tem um bicho ligeiro
Que se chama capivara
Bicho do rabo cumprido
Outros nem se compara
Pena que é desdentado
Mas tem força o danado
Pegar um é coisa rara
Com um eu dei de cara
E no seu rabo segurei
O bicho estrebuchou
Mas a cauda não larguei
Se ele tivesse dente
Eu virava uma semente
Pois com ele muito lutei.
O bicho que me invoquei
Seguindo rastro de cobra
Pegadas muito difíceis
À noite o trabalho dobra
O caçador experiente
Vê o rastro da serpente
A capacidade sobra.
Mas a minha maior obra
Quando estive na floresta
Foi matar um lobisomem
Pois esse bicho não presta
Tirar o couro e esticar
Depois botar pra secar
Matei com tiro na testa.
Ainda muito me resta
De coisas pra relatar
Tem a mula sem cabeça
Estórias do boi tatá
De curupira e saci
Mas eu paro por aqui
Prometo um dia contar.