Usina de Letras
Usina de Letras
150 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10362)

Erótico (13569)

Frases (50614)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Paz e amor -- 13/09/2004 - 16:17 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há 35 anos, um encontro de música se transformou em ato de contestação e fez história, nos Estados Unidos: o Festival de Woodstock. Tribos diversas se reuniram em uma viagem comum. Grandes nomes do rock dos anos 60 fizeram seu som. Os organizadores do evento não estavam preparados para o que aconteceu. O improviso imperou e, a partir de determinado momento, a cobrança de ingresso foi abandonada. Celebrou-se a paz e o amor. Eram esperadas 50 mil pessoas, o que seria um recorde de público. Compareceram mais de 450 mil jovens: hippies, farristas, drogados, adeptos do "amor livre", opositores ao arrivismo típico do sonho americano e do impulso imperialista que alimentava a Guerra do Vietnã.



A assistência médica e a alimentação foram atendidas por alguns fazendeiros vizinhos ao local do evento. Abusos decorrentes do uso de diversas substâncias não degeneraram em violência — a polícia local, reforçada, não atendeu a nenhuma denúncia de banditismo. Milhares de sanduíches foram levados por helicópteros, cedidos pelo Exército, dado o engarrafamento que impedia o acesso ao local. Esses mesmos helicópteros militares transportaram as vítimas de emergências e levaram os artistas pacifistas ao local das apresentações que aconteceram daquele final de tarde de sexta-feira, 15, até a manhã de segunda, 18 de agosto de 1969. "Simplesmente, todo mundo veio", lembra Arnold Skolnick, autor do logotipo da guitarra e do pássaro. Apresentaram-se The Who, Jimi Hendrix (que executa o hino dos EUA recheado com o som de aviões bombardeando aldeias vietnamitas), Ritchie Havens, Stills, Nash & Young, o indiano Ravi Shankar, Janis Joplin… Joe Cocker se consagrou mundialmente com sua versão personalíssima de "With a little help from my friends", de Lennon e McCartney. Enquanto Joan Baez cantava (seu marido estava preso por se ter recusado a lutar no Vietnã), desabou uma tempestade de três horas. Alguém ao microfone sugeriu à multidão: "Vamos usar o poder de nossas mentes para mandar a chuva embora. Fora, chuva! Fora, chuva!". A multidão gritou em resposta. Mais uma vez o idealismo naufragou - o temporal continuou e acabou integrando o imaginário construído naqueles "três dias de paz e amor". O festival não acabou: documentado em som e imagem, pode ainda hoje energizar corações e mentes através de CDs e DVDs.



Woodstock celebrou, na segunda metade do século passado, o ideário de pensadores "utópicos" que, superados mais de cem anos antes, sonhavam com uma sociedade igualitária, construída a partir de boas intenções individuais, almejando a irmandade, a tolerância, a compreensão, desconhecendo os condicionantes econômicos e sociais que levam o homem a ser "o lobo do homem".



Fruto de um momento específico da história norte-americana, o que seria um espetáculo musical se transformou em um encontro pela paz no país que promovia a odiosa guerra contra o Vietnã. Tornou-se uma festa de abnegados despossuídos que se propunham o "retorno à vida natural" numa sociedade em que o consumismo caminhava para o ápice e a tecnologia invadia todos os aspectos da existência. Um espetáculo que atraiu indivíduos de variadas origens e formações e que acreditavam que, negando a política e a atuação organizada e consciente na sociedade, poder-se-ia alcançar o atendimento e satisfação das necessidades de todos, denunciando a irracionalidade do sistema social imperante que, desde então, estendeu ainda mais seu domínio.



Provavelmente mesmo sem o conhecimento do que os antepassados fizeram, os jovens de Woodstock retomaram o ideário do socialista utópico François Marie Charles Fourier (1772-1837), para quem todas as paixões e afeições humanas são boas, a emancipação da mulher seria o corolário de sua radical libertação sexual e homens e mulheres deveriam retornar a ser como teriam sido feitos pela natureza, liberados de toda repressão. Fourier é, na opinião de Eric J. Hobsbawm, o "único socialista utópico que ainda hoje se pode ler com o mesmo sentimento de prazer, de iluminação — e de exasperação — que se experimentava no início dos anos 40 do século XIX".



Tantos anos passados, múltiplos significados emanam de Woodstock. Sua realização permanece como lembrança da generosidade de jovens que, mesmo apolíticos, queriam um mundo de paz e amor, de compreensão e colaboração, de vida harmônica entre as comunidades e a natureza. Um ideal que persiste e e deve ser tratado cientificamente, unindo o desejo ao conhecimento dos mecanismos sociais e à atividade consciente — a luta revolucionária e política, sem utopismo, socialista.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui