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Teses_Monologos-->O cotidiano literário nos jornais -- 13/12/2006 - 06:32 (ALZENIR M. A. RABELO MENDES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO:

Título: O cotidiano literário nos jornais do Vale do Acre de 1900-1920: crônicas, memória e identidade
Linha de Pesquisa: Literatura, Identidade e Memória Cultural
Candidato (a): Maria Alzenir Alves Rabelo Mendes
Projeto de Pesquisa ao qual está vinculado: Amazônia: os vários olhares
Orientador(a): Profª Drª Olinda Batista Assmar
Local/data: Rio Branco-Acre, dezembro de 2005.

Pré-Projeto de pesquisa apresentado ao Departamento de Letras, como parte dos requisitos para a seleção no Programa de Pós-Graduação, mestrado em Letras – Área de concentração: Linguagem e Identidade.



2. JUSTIFICATIVA

A razão primeira que nos move à pesquisa, ora proposta, reside na constatação da escassez de estudos sobre os textos de natureza literária, publicados em jornais do Acre que versem sobre as peculiaridades da cultura local, construída e expressa pelo homem através da linguagem, das suas atitudes e crenças; expressa também no fazer diário, nas escolhas, no trabalho, nas festividades, enfim, em tudo que envolve o homem, sua relação com o meio e com os outros seres, históricos ou lendários. Compete-nos investigar, preservar a memória e fazer o reconhecimento da identidade cultural do acreano, a partir do legado dos antepassados. Essa tarefa é possível, a princípio, através da localização e da coleta de material que nos permita re-visitar a história e analisar os fatos sob os múltiplos ângulos possibilitados pelo texto literário.
Das modalidades literárias mais difundidas pelos jornais, a crônica moderna, híbrida e transitória, é o texto que, pela própria origem da palavra do grego Krónos (tempo), acompanha a sucessão dos episódios diários, agora captados pela “lente” do observador que depura os fatos com sensibilidade artística, conferindo ao texto efeito estético no modo como re-cria a realidade pela reordenação de signos polivalentes. É nessa instância que a crônica se torna perene, sobrevive à efemeridade do texto jornalístico e passa a integrar os compêndios das obras imperecíveis. Segundo Moisés, M. (1998) : ”a crônica oscila indecisa numa das numerosas posições intermediárias; (...) para que a crônica ganhe foros estéticos, há de prevalecer o poder de recriação da realidade sobre o de mera transcrição.”
Concentraremos essa pesquisa nas crônicas que tematizem o cotidiano e as peculiaridades locais, publicadas nas duas primeiras décadas do século XX nos jornais do Vale do Acre, a saber: de Xapuri - O Acre (1907 e 1913); Acreano (1907 e 1913); Correio do Acre (1910 e 1913); Alto Acre (1913 e 1914); Commercio do Acre (1915 e 1918); de Rio Branco - Folha Oficial (1909 e 1910); O Rebate (1912 e 1913); Jornal do Acre (1916); de Sena Madureira - O Alto Purus (1908, 1913 e1916); Brasil Acreano (1911); O Comércio (1913); Estado do Acre; O Sena Madureira (1911). Jornais estes que fazem parte do acervo do Projeto de Pesquisa Amazônia:os vários olhares, do Departamento de Letras da UFAC.


1.1 Origem do tema

O desejo de aprofundar os estudos sobre identidade cultural dos formadores da sociedade acreana vem sendo objeto de reflexão desde os primeiros trabalhos desenvolvidos como bolsista do PIBIC/CNPq . no Projeto de Pesquisa Amazônia: os vários olhares, coordenado pela Professora Doutora Olinda Batista Assmar. Após a graduação fomos contemplados com uma bolsa de Aperfeiçoamento em Pesquisa pelo PNOPG e desenvolvemos o subprojeto A prosa nos jornais de Xapuri - 1900 - 1984. Através dessa pesquisa, pudemos averiguar que nos primeiros vinte anos do século XX houve uma produção significativa de crônicas regionais. Fato, este, que nos instiga a investigar também os textos publicados nos jornais de outros municípios do Acre no período referido, considerado o de maior efervescência cultural, devido ao primeiro ciclo da borracha, cujo declínio provocou um esvaziamento do Território do Acre e, conseqüentemente, o desaparecimento de muitos jornais, resultando na diminuição da produção escrita, uma vez que os jornais eram os únicos meios difusores dessa expressão cultural.
O Jornalismo, como expressão cultural, mantém estreita relação com a Literatura e ambos refletem as diferentes concepções de vida de um povo e de uma época. Além de informar, influir e transformar mentalidades, os jornais constituem-se em acervos plenos de material para a linha de pesquisa Literatura, Identidade e Memória Cultural. Esta última, a memória, pode ser concebida tanto no plano individual como no plano coletivo e sua preservação dá-se através de representações simbólicas, sendo a literatura uma forma de representação, dentre outras, que possibilita a construção e o reconhecimento da identidade cultural dos sujeitos que a produz.
Antes mesmo do surgimento da imprensa na região, a crônica foi a forma de documentação mais usada pelos primeiros exploradores da Amazônia, que imprimiram uma visão subjetiva aos relatos de viagens. Assim, o documento dos fatos assumiu outras facetas do gênero: “fusão entre a realidade e a fantasia/ uso da primeira pessoa no tratamento de temas históricos ou polêmicos, analisados conforme a concepção de vida de quem escreveu sobre o assunto.” (Moisés, M.,1998)
Marcio de Souza salienta a relevância das crônicas, dos relatos dos viajantes, durantes os séculos da conquista da Amazônia. Segundo o autor, essa literatura a que podemos chamar de impressionista “não distinguia o visto do acontecido, o relatado do observado, construindo-se quase sempre numa louvação desenfreada da natureza exuberante, mas uma natureza de exuberância utilitária, abrindo as portas à sua exploração econômica”. Logo surgiram os exploradores do látex, e as terras do Uakiry, pertencentes à Bolívia, foram “re-batizadas” como “Acre”. E na condição de “Terras Devolutas”, em relação ao Brasil, foram legitimadas, pela posse, como a pátria dos nordestinos e outros brasileiros, também de outros povos de origens diversas, formadores do agora Estado do Acre, (Rancy, C., 1986).
Nas duas primeiras décadas do século XX, o Acre já se encontrava habitado por homens letrados, os quais difundiam suas idéias através dos jornais. Em Xapuri, por exemplo, as crônicas humorísticas tiveram seu ponto alto. Através delas, pode-se observar a presença de grupos dominantes, ideologicamente opostos, e separados pela diferença cultural. Há crônicas nas quais os escritores satirizam os “Coronéis-de-Barranco”, empedernidos pelo poder do “ouro negro” (a borracha). Em outras, a administração pública, a relação entre os seringueiros e seus representantes são tratados com boa dose de ironia e humor.


2.1 Problematização do Tema

O foco de nosso problema reside no questionamento sobre a natureza das crônicas de temática regional, escritas ou não por acreanos, seu caráter histórico, folclórico, fantástico, reflexivo ou lúdico. Serão foco de nossa atenção também a expressão das crenças, dos valores e costumes do acreano, que lhe desvendem a identidade, a sua relação com o contexto local, de modo a possibilitar o resgate e a preservação da memória cultural. E quais fatores determinam os temas recorrentes, seu espaço geográfico, momento político, histórico e econômico. Finalmente será investigado se a linguagem acessível representa o falar regional ou restringiu-se a um grupo intelectualizado, bem como a contribuição do escritor/jornalista para a cultura local, o que representou e qual foi o seu lugar.


3 - OBJETIVOS

3.1 – Geral

Analisar as crônicas do Estado do Acre que versem sobre temas regionais, veiculadas em jornais, a fim de apreender as peculiaridades da cultura local, através da natureza e dos temas nelas tratados, em relação contexto ao qual elas se reportam.


3.2 – Específicos

- Selecionar as crônicas e classificá-las quanto à temática e ao gênero;
- Identificar no gênero, a evolução e inovação, de acordo com a época da escrita;
- Justificar as razões da predominância de alguns temas face às condições contextuais de produção;
- Estabelecer as relações entre a predominância temática e o contexto sócio-histórico e político.
- Destacar os recursos lingüísticos, retóricos e estilísticos utilizados pelos autores;
- Organizar os dados biográficos dos autores das crônicas.


2 METOLOGIA E BASE TEÓRICA

O método histórico será aliado ao estético, juntamente ao biográfico, no intuito de preencher as lacunas deixadas por uma análise puramente textual. Esse posicionamento é reforçado por Antônio Cândido em Formação da Literatura Brasileira quando o autor defende que ao lado das considerações formais, devem-se usar as técnicas de interpretação social e psicológica. E que a pesquisa de vida e do momento vale para estabelecer uma verdade documentária, mas que, isoladas do texto, não possuem valor, visto que o objeto imediato de estudo do Literata é o texto literário e os elementos por ele fornecidos. Enfim, nossa abordagem privilegiará um entrelaçamento entre ficção e história.
As etapas iniciais deste trabalho consistirão na pesquisa bibliográfica sobre Teoria Literária, ficção, História, Cultura e Jornalismo, visando entrelaçar os vários saberes através do levantamento e coleta das crônicas que tematizem o Acre e sua gente. Investigaremos em acervos públicos e particulares, a fim de coletar dados para o estudo das crônicas, do contexto dos jornais e dos autores, e na realização de entrevistas com pessoas que possam contribuir com dados para a elaboração da biografia dos cronistas. Para a complementação desse estudo, o relato colhido nas entrevistas será cotejado com outras fontes a fim de fazermos dialogar tais dados.
A abordagem que norteia a nossa pesquisa é a de compreender a Literatura como expressão da sociedade, dos grupos que a compõem, de seus valores, aspirações e reflexões. Temos como eixo norteador, lançar um olhar sobre a literatura, compreendendo-a como um dos documentos de uma época, mas considerando-a, sobretudo, como criação.


5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Amazônia e Acre
CALIXTO, Valdir de oliveira, SOUZA, Josué Fernandes & Souza, José Dourado. Acre: uma história em construção. Rio Branco, Fundação Cultural do Estado do Acre, 1985.
COSTA, Craveiro. A conquista do deserto ocidental: subsídios para a história do território do Acre. Rio Branco, Fundação Cultural do Estado do Acre, 1998 (1ª edição de 1973).
GONDIM, Neide. A Invenção da Amazônia. São Paulo, Marco Zero, 1994.
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura amazônica: uma poética do imaginário. Belém, Cejup, 1995.
MEIRA, Augusto. Autonomia Acreana. Pará, Livraria Escolar, 1913.
MEIRA, Silvio de Bastos. A epopéia do Acre. Rio de Janeiro, Forense, 1974.
OLIVEIRA, Luiz Antônio Pinto de. O Sertanejo, o Brabo e o Posseiro: Os Cem Anos de Andanças da População Acreana. Belo Horizonte, UFMG, 1982.
RANCY, Cleusa Maria Damo. Raízes do Acre (1870 – 1912). Rio Branco, Secretaria de Estado da Educação e Cultura, 1986.
SILVA, Laélia Maria Rodrigues da. Procura-se uma Pátria – A Literatura no Acre 1900-1990, Porto Alegre, PUCRS, 1996 (Tese de Doutorado)
SOUZA, Carlos Alberto Alves de. História do Acre. Rio Branco, M. M Paim, 1992.
SOUZA, Márcio. Breve história da Amazônia. São Paulo, Marco Zero, 1994.
TOCANTINS,Leandro. Formação Histórica do Acre. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira,1979.Vol. 1 e II.

Crônica e Cotidiano
ARRIGUCI JR., Davi, "Fragmentos sobre a crônica", Enigma e comentário. Ensaios sobre literatura e experiência, São Paulo, Companhia das Letras, 1987, pp. 51-66.
BOSI, O teatro político nas crônicas de Machado de Assis, São Paulo, IEA/USP, Coleção Documentos, Série Literatura, 2004.
CANDIDO, Antonio. A crônica. O gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil, Campinas/ Rio de Janeiro, Ed. da Unicamp/ Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992, pp. 13-22.
COUTINHO, Afrânio, "Ensaio e crônica", A literatura no Brasil V.6, São Paulo, Global, 2003, pp. 117-143.
CERTEAU, Michel. A invenção do Cotidiano. Petrópolis, Rio de Janeiro, Ed. Vozes, 1996.
DIMAS, Antonio, "Ambigüidade da crônica: literatura ou jornalismo?", em Revista Littera, n.12, Rio de Janeiro, set-dez 1974, pp.46-51.
DIMAS, Antônio. A crônica, Tempos Eufóricos (Análise da revista Kosmos, 1904-1909). São Paulo, Ed. Ática, 1983.
NETTO, José Paulo & FALCÃO, Maria do Carmo, Cotidiano: conhecimento e crítica, São Paulo, Ed. Cortez, 1987.
KALUME, Jorge. Crônicas do Acre Antigo. In: Elevação do Território do Acre a Estado. Gráfica do Senado, Brasília (sd)
SÁ, Jorge de, A crônica, São Paulo, Ática, 1985 .

Cultura, Identidade, Memória e História
ASSMAR, Olinda B. (org.) As dobras da memória de Xapuri. Rio de Janeiro, Papel Virtual/ PUC, 2002.
BOSI, Alfredo. Cultura Brasileira: Temas e Situações. 2 ed., São Paulo, Ática, 1992.
COLOMBO, Fausto. Memória e Identidade – sujeito lembrança uma questão. In: Os arquivos imperfeitos. (Trad. Beatriz Borges). São Paulo, Editora Perspectiva, 1986.
LE GOFF, Jacques. História e Memória (Trad. Bernardo Leitão). 5 ed. Campinas, São Paulo, Editora da UNICAMP, 2003.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. (Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro). Rio de Janeiro, DP & A, 2004.
MATTOSO, José. A Identidade Nacional. Lisboa, Gradiva, 2001, p. 7
PÊCHEUX, Michel. O Papel da Memória. In: ACHARD, Pierre. Papel da Memória. Campinas, Pontes, 1999.

Literatura e Jornalismo
CANDIDO, Antônio. Literatura e a Vida social. In: Literatura e Sociedade. 7a. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1985. p. 21.
COMPAGNON, Antoine. O estilo e todos os seus humores. In: O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Horizonte, UFMG, 2004. pp. 166 - 173.
COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. 4 ed., São Paulo, Global, 1997.
ISER, Wolfgang. Os Atos de Fingir ou O que é Fictício no Texto Ficcional In: LIMA, Luiz Costa. Teoria da Literatura em suas fontes. 2 Ed. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1983, p.400.
LACOMBE, Américo Jacobina, Literatura e jornalismo, em Afrânio Coutinho. A literatura no Brasil V.6, São Paulo, Global, 2003, pp. 64-116.
LIMA, Alceu Amoroso, O Jornalismo como gênero literário, São Paulo, EDUSP, 2003.
LUSTOSA, Isabel, O nascimento da imprensa brasileira, Rio de Janeiro, Zahar, 2003.
JAUSS, Hans Robert. A História da Literatura como Provocação a Teoria Literária. São Paulo, Ática, 1994.
REIS, Carlos & LOPES Ana Cristina M. Dicionário de Teoria da Narrativa. São Paulo, Ática, 1988.
SODRÉ, Nelson Werneck, História da imprensa no Brasil, São Paulo, Martins Fontes, 1983.
SOUZA, Silvia Cristina Martins de. A História contada: capítulos de história social da literatura no Brasil, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1998.
VIVALDI, Gonçalo Martin. Gêneros Periodísticos. Madrid,Paraninfo, 1979.

Jornais do Vale do Acre

Rio Branco
Folha Oficial (1909 a 1910); O Rebate (1912-1913); Jornal do Acre (1916); A Capital (1921 – 1922); O Norte (1921 a 1922); Folha do Acre (1921);
Xapuri
O Acre (1907 e 1913); Acreano (1907 a 1913); Correio do Acre (1910 a 1913); Alto Acre (1913 e 1914); Commercio do Acre (1915 a 1918);
6 – CRONOGRAMA

ETAPAS
1º Semestre/2006
- Cursar as disciplinas necessárias do curso
- Leitura acerca das disciplinas e recorte do corpus.
- Participação em Congressos da área de concentração do curso

2º Semestre/2006
- Coleta e organização do corpus escolhido.
- Cursar as disciplinas.
- Participar de Seminários, conforme as normas do Programa de Pós-graduação.

1º Semestre/2007
- Orientações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa.
- Pesquisa em acervos para a formação do banco de dados necessário ao estudo.
- Participação em Congressos e Seminários, conforme as normas do Programa de Pós-graduação.

2º Semestre/2007
- Redação inicial da dissertação.
- Orientações necessárias/ revisão e redação final.
- Preparação para a defesa da dissertação prevista para dezembro de 2007.

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