NOITES DE SOLIDÃO
E quando sinto
A fragrância
Dos teus beijos,
Na relutância
De incontidos desejos,
Quando sinto
A púrpura dos teus lábios
Entreabrindo-se
E, em lascivos convites,
Rindo-se
Dos meus,
Quando pressinto
Teu corpo arqueando-se
No descontrole do amor,
Quando minto
Para mim mesmo,
Desejando
Não estar contigo,
Dizendo-me apenas
Um amigo,
Quando me brindas
Com teus arrepios,
Quando, teus pelos eriçados,
Causam-me calafrios,
Durmo as noites infindas,
Mal dormidas e bem vindas,
Onde te procuro em vão.
Nessas noites
Devora-me a mais negra solidão,
E acordo com as batidas
De meu próprio coração.
J.B. Xavier
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