Em "Fogo contra fogo", o bando de assaltantes liderado por Robert de Niro não é composto de psicopatas, mas por homens casados, com filhos, casas, carros, interesses. Uma das grandes qualidades desse filme, dirigido por Michael Mann, é saber entremear a ação (assaltos, acertos de conta, assassinatos) com os dramas de vários casais, seja de assaltantes seja de policiais. Por pouco, sentimos que conhecemos os personagens, lembram-nos gente comum.
Já em "Colateral", também dirigido por Mann e também transcorrido em Los Angeles, o destaque de fundo é inverso: nenhum dos personagens tem companhia. Nem o taxista, nem o assassino (Tom Cruise), nem a promotora, nem os policiais, nem os assaltantes, ninguém. Todos estão à deriva, sem ninguém a se preocupar com eles. Não vale dizer que o taxista mostra sua mãe: ela não se preocupa com ele, prefere mandá-lo fazer isto ou aquilo. Em "Colateral", Vincent (Cruise) diz detestar LA porque lá, dentre outras coisas, um morto vaga no metrô por dias sem ser notado.
Em "Fogo contra fogo", discute-se o amor. Em "Colateral", a solidão.
& 8354; Rodrigo Contrera, 2004. |