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Artigos-->As cores do nacionalismo -- 06/09/2004 - 22:17 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O governo federal pretende popularizar o Sete de Setembro, data em que é celebrado o dia em que, em 1822, o filho do rei de Portugal, Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, depois Dom Pedro I, recebeu, na Colina do lpiranga, cartas de Portugal e do Rio. Tomando conhecimento, por uma das cartas, do que dizia seu pai, D. João VI, sua mãe, D. Leopoldina, e José Bonifácio (a quem condenou ao exílio pouco depois, em 25 de março de 24), arrancou a espada e gritou: "Independência ou Morte!".

Para as comemorações deste ano, documento do Ministério do Desenvolvimento assim justifica a intenção das festividades: "Aproximar o Brasil dos brasileiros. Resgatar o patriotismo cívico, o orgulho e a auto-estima do nosso povo". Desde o ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca atrair massas para o desfile de Sete de Setembro que, na avaliação do Planalto, "ficou maior e mais bonito", na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.



A oposição conservadora, paradoxalmente (assim como, autoritária, acusa o atual governo de ter intenções autoritárias), alerta para o perigo da desconfiança, temor ou antipatia pelo vem de fora do país (especialmente, mas isto é inconfessável, pelo que vem dos Estados Unidos). Mesmo setores que tiveram participação importante na vitória de Lula na campanha de 2002 expressam divergências. O coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, afirmou que "o povo brasileiro não tem o que comemorar no 7 de Setembro. Nem a soberania nacional".



A nação é uma forma historicamente constituída da sociedade humana, que substituiu a etnia ou a tribo. Suas bases econômicas foram o fracionamento feudal, o fortalecimento dos laços econômicos entre várias regiões próximas umas às outras e a unificação de mercados. Surgiu sob a direção da incipiente classe burguesa, que galvanizou os aspectos sócio-políticos e espirituais das comunidades que originaram as várias nacionalidades. A burguesia deu origem ao nacionalismo, defendendo o isolamento nacional e o exclusivismo de algumas ações, a desconfiança em relação às outras nações. Foi a base, por exemplo, do mito da superioridade alemã na época de Hitler, ou da "unidade" (fascio) preconizada por Mussolini para os italianos, ou, no Brasil, para o pensamento integralista de Plínio Salgado.



Mas, se toda a ideologia é historicamente condicionada, toda ideologia científica corresponde incondicionalmente a uma verdade objetiva. Não é certo, por exemplo, renunciar aos tesouros da ciência e da arte. Pelo contrário, é indispensável torná-los acessível a todo o povo. Em política, o que importa é a quem beneficiam as idéias, as propostas ou medidas preconizadas. Quem as teve é secundário.



O dirigente da revolução comunista (portanto, internacionalista) da Rússia de 1917, Vladimir Ilich Ulianov, Lenin, destacava que existem, em cada cultura nacional, "elementos de cultura democrática e socialista, pois em cada nação há uma massa trabalhadora e explorada cujas condições de vida originam inevitavelmente uma ideologia democrática e socialista. Porém em cada nação existe também uma cultura burguesa (e, ademais, na maioria dos casos, ultra-reacionária e clerical), e não em simples forma de elementos , mas sim como cultura dominante". Por isso, advogava a valorização dos elementos democráticos e socialistas, em contraposição "à cultura burguesa e ao nacionalismo burguês de cada nação". Destacava a necessidade de levar em conta a "correlação objetiva entre todas as classes do país dado e de todos os países do mundo".



A política externa do governo Lula tem se pautado pela solidariedade com outros povos. O perdão de dívidas financeiras de países africanos, o apoio ao governo venezuelano de Hugo Chávez, o posicionamento nas negociações da Alca e valorização do Mercosul, a solidariedade a Cuba e Haiti são alguns acontecimentos destacados de busca de atuação soberana do país. Também não há chauvinismo à vista na ofensiva comercial direcionada à Índia, África do Sul ou China, desenvolvidas na atual gestão. Mais do que soberana, foi corajosa a postura de defesa da paz nos posicionamentos brasileiros em torno da agressão norte-americana ao Iraque.



O ideal da construção de uma "irmandade dos homens", imaginado por John Lennon, por exemplo, tem de ser construído a partir de situações objetivas, de realidades dadas, concretas. A contraposição a uma globalização ditada por um país, ou um pequeno grupo de países, ao restante das nações bem pode ser realizada pela ação de sentimentos nacionais progressistas, inspirados numa "ideologia democrática e socialista", como propunha Lenin, neste período em que o ataque à existência e fortalecimento do Estado parte, justamente, dos que querem impor o domínio de seu próprio Estado ao conjunto da humanidade.



O nacionalismo, tenha a cor que as bandeiras nacionais tenham, pode ser envolvido pelo internacionalismo dos que querem a paz, o progresso, o desenvolvimento humano, numa sociedade que supere os estreitos limites da divisão da sociedade entre classes exploradoras e explorada e os mande para o museu da história.

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