Homenageando o Dia do Folclore
Souto Maior, respeitado etnólogo e folclorista eminente
José Carlos Rossato*
O conhecidíssimo pesquisador pernambucano Mário Souto Maior, nascido no agreste (área situada entre o litoral e o sertão nordestino), na cidade de Bom Jardim, completou em 2,000, o precioso octogenário. Filho do casal Maria da Mota e Manuel Gonçalves Souto Maior, nasceu em 14 de julho de 1920.
Na infância as brincadeiras de boca-de-forno, de dono da calçada, de pega e outras estiveram presentes, como de todas as crianças sadias, de então. À noite gostava de mastigar gomos de cana-de-açúcar, descascados pelo eu progenitor, sugando a garapa. Apreciava tanto essa doçura que escorria pelos cantos da boca. Coisas de criança saudável!
Nas férias escolares, como adepto da natureza, gostava de ir à casa dos avós, residentes na Fazenda Taperinha.
Desde a adolescência apreciava a leitura. Aos 13 anos começou a escrever poesias. Não as publicou, no entanto, estão guardadas como um tesouro. Cerca de três anos após, nas férias, com alguns amigos, foi criado o jornal O Literário. Assim, passou a divulgar a sua produção. Ainda residindo na pensão de dona Sinhá, na Veneza Brasileira, com outros amigos, fundaram a Academia dos Novos, e em 1938, fizeram circular um boletim. Nesse pioneiro informativo, batizado Geração, encontram-se artigos e poemas dos criadores da Academia. Dessa maneira ele inicia, talvez sem ter intenção, o intento da trajetória do suntuoso escritor que se transformou.
Acadêmico de Direito e secretário da Prefeitura de Bom Jardim, casa-se coma prima Carmen. Desse consórcio nasceram sete filhos, que deram seis netos à família de Mário Boaventura Souto Maior.
Corria o ano de 1967 e o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, mais tarde transformado em Fundação Joaquim Nabuco e posteriormente conhecido em todos os continentes, passou a contar com o brilhantismo de Souto Maior. Naquela modelar Instituição iniciou pesquisar a Folclorista (ciência que estuda o folclore, a cultura espontânea do povo), recebendo influência de expressivos cientistas sociais: Gilberto Freyre, Mauro Mota, Waldemar Valente, além de outros. Passou a publicar, não só artigos e crônicas em jornais e revistas, como livros.
Ao completar 80 primaveras, a bibliografia do entusiasta etnólogo e folclorista é vasta, densa e valiosa. Como o espaço é insuficiente para relacionar tudo que publicou, exemplificaremos com alguns títulos. Isto não quer dizer, em absoluto, que são os mais valorosos: Alimentação e Folclore; A Morte na Boca do Povo; Brasil x Portugal; Aquele Araço; Cachaça; Comes & Bebes do Nordeste; Como Nasce um Cabra da Peste: Em torno de uma possível etnografia do pão; Folclore etc & tal; Folclore quase sempre; Folcloretismo; Galalaus & Batorés; Nomes Próprios pouco comuns; Nordeste: a inventiva popular; O Homem e o tempo; Orações que o povo reza; Os Mistérios do Faz Mal; Painel Folclórico do Nordeste; Remédios Populares do Nordeste; Sete Estórias sem Rei; Sogras Prós & Contras; Território da Danação; Um menino chamado Gilberto Freyre; Um menino chamado Helder Câmara.
O respeitabilíssimo intelectual Mário Souto Maior prefaciou a nossa publicação, com duas edições esgotadas, Achegas ao Vocabulário Lupanar, visto que o Mestre é especialista no assunto.
(*) Reside em Votuporanga-SP. Educador, folclorista Dezenas de obras publicadas. Participante da Antologia Mais Prosa Ainda/Oficina/Rio de Janeiro.
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