AS ROSAS DE SHALOM, DANIEL MY BROTHER
Marcelino Rodriguez
Uma amiga diz que está mandado-me "As Rosas de Shalom".
Digo-lhe que nunca recebi Rosas e ela diz ficar emocionada.
Verdade. Nunca recebi rosas.
Fui eu que fiquei só na noite mais fria,
sem ter recebido o mínimo investimento, abandonado por tão pouco,
por tão menos, por tão nada.
Fui eu que quando mais precisei, fiquei com a tristeza mais
pura, tropeçando sem jeito na terra por ter acreditado em palavras
vãs. Fui eu que fui ouvir Jackson Five somente pra lembrar
que fui menino um dia e a maldade não me atingia tanto. Fui eu que
fiquei sem jeito. Fui eu quem carregou toda dor, toda desilusão
pesando por dois mil anos. Fui eu, fui eu, fui eu.
Eu que preocupei a meus amigos com a tristeza crescente.
Eu que matei a primavera.
De tudo, eu tive as lágrimas.
Mas só eu possuo a chave, a glória dessa dor. Eu amei o difícil.
Lutei pelo impossível. Lutei contra mim. Todo valor foi desprezado.
Os sonhos despedaçados, choraram.
E o vale de dores se abriu, infinito.
E caminhei e caminho, dia e noite, sabendo quase tudo de tudo.
Sempre soube que me chamava Daniel e que estava na cova dos Leões.
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