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Cartas-->Carta a Christian Dior -- 25/03/2002 - 01:10 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mon cher Christian,

Ando meio sem jeito de lhe dirigir esta missiva. Venho lhe pedir socorro por estar passando uma situação muito incômoda. Adoro os seus modelitos, contudo nunca fui capaz de copiá-los, ou mesmo seguir qualquer idéia que eles transmitem para o público ávido de formas e de cores. Sei que até podemos trocar idéias e criar modelos em conjunto, mas não é isso que está sucedendo comigo. Estou com uma pequena legião de supostos fãs que está costurando tudo pelo avesso. Explico-me melhor: não posso colocar um modelito em público que alguém ou “alguéns” tenta ou tentam seguir a linha. Já pensei em colocar mais babadinhos nas mangas, alargar as pernas das calças, abaixar o cavalo, puxar mais um viés, sei lá... inventar qualquer coisa diferente para ver se esse povo pára de se inspirar nos meus modelos singelos. Imagine que até a minha ex-professora resolveu entrar na festa! Toda vez que vou à escola, que é uma verdadeira usina, pego a distinta senhora olhando por cima dos óculos sugando o meu corte e a minha costura. Coloquei uma sianinha básica numa camiseta vagabunda de algodão e não é que ela imediatamente fez o mesmo? Pensei que estava ficando louco, fui até a um psiquiatra, marquei hora e tudo, paguei uma nota preta pela consulta, mas ele me acalmou logo dizendo que eu já nasci com o vírus da loucura e portanto não me importasse nem me estressasse, que deixasse o povo seguir minha trilha. Ao mesmo tempo que fiquei lisonjeado, senti que estou sendo clonado. Não que eu tenha medo de ser multiplicado, muito pelo contrário, se no mundo houvesse mais eus por aí, garanto que a situação de guerra e paz seria outra. Ontem fui convidado para participar da festa da entrega do Oscar, em Hollywood. Não aceitei o convite. Não fui. Não por medo da falta de segurança. Não, não. Nada disso. Sei que os americanos agora estão mais vigilantes que nunca em questão de segurança, apesar, ainda, de algumas falhas. O meu medo foi de aparecer em público e me defrontar com estrelas de primeira grandeza vestidas iguais a mim, com os mesmos motes nos mesmos passos dos meus simples xotes. Você sabe que eu gosto de ser singular e único. Enfin, cher ami, c’est la vie... e aqui fica o meu pedido: dá para mandar uma revistinha de modelos parisienses para essa gente se inspirar, assim, quem sabe?!, posso continuar o meu processo de criação em paz, como manda Alá? Em caso afirmativo, lhe mando os endereços todinhos.
Merci, merci, mon cher ami.
F.


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