O simbólico, nos Estados Unidos, tem um sabor especial: a águia, a Coca-Cola, o urso, o McDonalds, a bandeira exposta em casas e locais públicos (inclusive a Lua!), a execução do hino pátrio... Os símbolos envolvem as mais variadas manifestações.
No cargo máximo do país, o presidente é também um símbolo de segurança, firmeza, estabilidade. A vida doméstica, familiar — ou a idéia que dela é difundida — é componente desse símbolo. E o que seria da vida doméstica se não abarcasse, além dos humanos, também os animais caseiros (não ácaros, baratas, pulgas, mas os cachorros e gatos, em especial)? Pois bem, os profissionais da comunicação da Casa Branca tratam isso profissionalmente — e não é de hoje! Esse endereço de Washington tem um longo histórico de animais de estimação. Abrigou cães, gatos, aligatores (espécie de crocodilo do sul dos EUA), ursos e guaxinins. E sempre que um presidente vai mal das pernas junto à opinião pública, chamam o cachorro!
Nos EUA, os gastos com animais de estimação chegam a US$ 30 bilhões por ano. Portanto, posar com o bichinho pode alavancar a popularidade. No dia 20 de janeiro de 2001, George W. Bush fez o juramento na mesma Bíblia Maçônica usada por George Washington e se tornou o 43º Presidente dos Estados Unidos. Nesse dia a residência oficial do presidente despediu-se de Socks, o gato da família Clinton, e acolheu Ernie e India, dos Bushes. O cão Buddy, de Clinton, foi substituído por Spot Fetcher Bush, uma springer spaniel inglesa, filha de Millie, a cadela do pai do atual presidente, ex-presidente, que nasceu na própria Casa Branca. A mãe de Spot, Millie, tornou-se famosa quando Barbara, mãe de George W., lançou "O Livro de Millie", sobre o cotidiano da Casa Branca do ponto de vista da cadela, que angariou mais de US$ 1 milhão. A bichinha tinha fã-clube e funcionários pagos com dinheiro público para responder cartas de admiradores (assinando com a marca de uma pata).
Depois, o atual presidente, e candidato à reeleição, apossou-se de um scottish terrier, batizado Barney.
É uma tradição secular: Abraham Lincoln tinha o cão Fido. Theodore Roosevelt levou à Casa Branca pôneis, hamsters, cobras, o Chesapeake retriever Jack, o terrier Skip e Pete, um bull terrier; a filha de T. Roosevelt, Alice, tinha o pequinês Manchu, presente da última imperatriz da China durante uma viagem da família ao oriente. O presidente Warren Harding tinha o Airdale Laddy Boy. Franklin Delano Roosevelt tinha o Scottish Terrier Fala, presente quando foi assinado o Tratado do Atlântico em 1941, por Roosevelt e Churchil e "autor" de uma biografia chamada The True Story of Fala. Harry S, Truman ganhou um Setter Irlandes, Mike, e depois um cocker, Feller. Dwight D. Eisenhower tinha o Fox Terrier chamado Flip, além dos Scotties Telek e Caacie, a Weimaraner Heidi e dois English Setters, Art e George. John F. Kennedy, além do ponei de Caroline, tinha o cão Pushinka, presente do premier soviético Nikita Khrushchev. Lyndon Johnson tinha os beagles Him e Her, mas o seu cão favorito era Yuki. Richard M. Nixon tinha o cocker spaniel Checkers. Gerald R. Ford tinha o Golden Retriever Liberty. Ronald W. Reagan levou à Casa Branca o Bouvier des Flandres sheep chamado Lucky e o Cavalier King Charles Spaniel chamado Rex. George Bush (o pai) era a dono de Millie, uma English Springer Spaniel, e seu filhote, Rex. William J. Clinton e Hillary eram donos do Labrador Chocolate Labrador Buddy e de Socks, o gato da família. Hillary também lançou um livro, Dear Socks, Dear Buddy, incluindo uma seleção de cartas enviadas — normalmente por crianças — a esses mascotes.
Agora, na campanha eleitoral, George W. multiplica os momentos em que é fotografado com Barnie, como no último dia 29, quando desembarcou com sua filha e carregando o cão, em Waco, Texas, do avião presidencial Air Force One. Sabe que isso lhe renderá votos.
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