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Artigos-->Almas penadas -- 26/07/2004 - 10:36 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O parlamento do Irã aprovou, dia 20 de julho, lei que pode legalizar o aborto nos estágios iniciais da gestação, quando a vida da mãe estiver em risco ou for constatado que o embrião sofre de malformação. A gravidez poderá ser interrompida até 17 semanas após a concepção. Para os islâmicos, este é período em que o espírito se "materializa" no humano. O advogado Ali Bagbanian justificou o prazo afirmando que abortos "não são aceitáveis depois que o feto recebe uma alma, mesmo quando a vida da mãe está em risco ou o feto é anormal". Interrupções por gestação indesejada e por motivos sociais ou econômicos continuarão proibidas no Irã. A proposta deverá ser aprovada pelo Conselho de Guardiães, de 12 integrantes, antes de virar lei.



No Brasil, o assunto também está em pauta. Porém, aqui, onde o cristianismo é a seita que mais influencia o Estado, até mesmo a pesquisa envolvendo embriões encontra dificuldades para ser legalizada.



No início do século XXI, os humanos continuam legislando levando em conta a idéia de alma e adaptando-a segundo a crença predominante em cada país.



Quando a alma surge no indivíduo? São muitas as teorias. No Gênesis, Deus cria "o homem à sua imagem" e "os criou homem e mulher" (1,27) já adultos. No mesmo Gênesis (2,7) "Javé Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivente". Se o "sopro da vida" for interpretado como alma, também era adulto o primeiro homem a se tornar "um ser vivente". Pouco depois, em Gênesis 2,18, "Javé Deus disse: Não é bom que o homem esteja sozinho. Vou fazer para ele uma auxiliar que lhe seja semelhante". A primeira mulher já surgiu adulta, deduz-se, portanto. E com alma.



O cristianismo, enquanto imperou como religião dominante na Europa, apresentou várias versões sobre a alma. Mesmo hoje, há quem afirme que a alma está presente no espermatozóide, antes até que fecunde o óvulo. Ou no óvulo, antes de ser fecundado. Embora a legislação brasileira - e setores do clero - admitam o aborto quando há risco de vida para a mãe, o fundador do protestantismo, Martinho Lutero, não admitia, em 1522, sequer essa possibilidade: "Se ficam cansadas ou até morrem por ter filhos, não importa. Que morram em virtude de sua fertilidade - é por isso que estão sobre a Terra", decretou no seu "Vom Ebelichen Leben".



Santo Agostinho (354-430) e são Tomás de Aquino (1225-1274) não consideravam homicídio o aborto nos primeiros meses de gestação. Tempos depois, a Igreja Católica passou a considerar que, mesmo depois de morto, um corpo não poderia ser estudado, pois seria uma profanação, um atentado contra os desígnios divinos. Leonardo da Vinci, em 1515, foi acusado de práticas sacrílegas e o papa Leão X o impediu de continuar estudando anatomia, interrompendo 28 anos de pesquisas sobre o assunto.



Quase 500 anos depois, os integrantes do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, reunidos em Brasília, entre 22 e 25 de junho de 2004, enviaram carta ao Senado pressionando para que impeça a pesquisa utilizando células-tronco, alegando não ser "lícito jamais sacrificar uma vida humana já presente no embrião" — em outras palavras, a alma está "presente no embrião". Uma discordância séria com seus colegas islâmicos, que consideram que somente depois de 119 dias da fecundação a alma estará "materializada" no corpo...



Para os cientistas, tanto o espermatozóide como o óvulo humanos são vivos. Porém, como escreveu Carl Sagan, "não são mais do que um bebê potencial ou um adulto potencial". E o estudo científico visa o conhecimento da realidade, não a destruição de vidas (seu uso posterior envolve diferentes interesses, sintonizados com poder nas relações de gênero, de classe, de crença etc).



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