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Frases-->OFEREÇO ORQUÍDAS -- 22/11/2005 - 18:08 (Daniel Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bem sei que hodiernamente é difícil ser sábio, e muito mais ser estulto!
Para os sábios venho hoje oferecer um cacho de orquídeas, para os estultos outro também!
Os que ainda não conseguiram ser completamente sábios, e os que, ainda que tudo se proporcionasse para serem ineptos, não o são definitivamente, merecem também um cacho de orquídeas da mesma beleza que os anteriores,
premiando a sua singeleza. Só assim poderá haver igualdade, solidariedade e pleno respeito pelas diferenças e distinções! Parece haver ironia nas
minhas palavras, mas não há nenhuma, não obstante haja ainda quem considere que a ironia é uma figura de estilo das mais apreciáveis, porém
não é este o caso, este que vos apresento por acaso, senão levemos em consideração este ou aquele pequeno ramo, um destes ou aquele outro ínfimo rebento, essa orquídea que de amarela se tornou num fogoso alento de renascimento:

É difícil comunicar, a mensagem é elaborada com defeito, por mais que se queira que o conteúdo seja límpido como é a água da nascente dos
ribeiros, acontece que a mesma está em alguns locais a ficar contaminada, o seu conteúdo é recebido na descodificação cerebral com muitos ruídos os ruídos podem não só ser deficiências de audição, como também derivadas de interpretações rápidas, mal ou precipitadamente equacionadas, filtradas por ínvias redes de memórias e aprendizagens desarticuladas em relação à
generalidade do pulsar da vida universal, que cada vez é menos comunitária, embora se apregoe o contrário. O raciocínio de cada um de nós, funciona de maneira pessoal, e a maturação vai progressivamente distinguindo estas diferença e distância entre emissor e receptor.
Ao emissor que se cuidou para que a mensagem fosse límpida, ofereço um cacho de orquídeas,
ao receptor que a recebeu com a perfeição que a sua maturidade lhe permitiu, levando em conta que os ruídos precisam de ser purgados também
pelo reverso do crivo, ofereço do mesmo modo outro cacho de orquídeas rutilante da cor do sangue vivo.

Orquídeas ofereço assim aos sábios e aos estultos, aos que ouvem e sabem ouvir, aos que falam e sabem falar! O mesmo faço aos que falam e não sabem falar, e aos que ouvem e não sabem ouvir... também estes merecem um cacho de orquídeas. Porque acredito que vão tentar saber falar e saber ouvir! Vão fazer um esforço, vão reconciliar-se com a natureza, não me
podia por isso esquecer deles, eles são tão importantes como todos o perfeitos e quase perfeitos, melhores que os imperfeitos, melhores que a miséria de qualquer condição sub-humana, porque são acima de tudo humanos como todos os que são gente criada de carne viva à flor da Terra, sangue pulsante e alma purificadora...

Só não ofereço uma sequer orquídea, à perfídia!

Muitas mensagens não chegam ao seu destino porque não são entendidas, provocam revoltas, respostas enviesadas, ironias desconsertadas, ataques subtis sarcásticos, estórias de desgraças e
carinhos surpreendentes, falsos convites à afeição, mensagens derramadas em choro lastimoso ou em vitupérios de danação, pragas de rejeição, e estas perdem-se pelo caminho, pelas encruzilhadas de opções transviadas!... o falante fica frustrado, e o ouvinte também.
Que ruídos malignos deixam desconsolados os interpelantes, que aquilo que podia frutificar, não deu fruto, aquilo que podia vingar à intempérie perdeu-se nas lufadas do vento agreste e estéril, e depois de desaparecidos do exterior permanecem, sugando a raiz do amor e da amizade
no interior?! Para os desavindos por causa das contendas vingativas, amuos descontrolados, retaliações insensatas e infra-humanas, um cacho de orquídeas também, e que estas consigam sobreviver suplantando a esterilidade passageira, as solidões e os vazios do coração!... deixem que
os caules rebentem com novos botões, esforcem-se mesmo por que tal aconteça, porque certamente estes novos rebentos servirão, da mesma arte,
para serem oferecidos aos distanciados e desavindos que só o são por forças aviltantes de circunstâncias semelhantes...

Àqueles que perdi no percurso sinuoso desta vida de imprevistos, em áridos desertos e em florestas depredadoras, sem que estivesse precavido para as barreiras sobre-humanas, obstáculos escorregadios de intolerância, areias movediças de incompreensão devastadora, com os quais
forçosamente me iria confrontar, e me surpreenderam sem aviso, por negligência, nesta lide de corridas loucas com pedras vulgares no sapato habitual, eu quero oferecer um cacho de orquídeas, com toda a simbologia que o gesto representa, lamentando que se tenham distanciado até ao Adeus, esperando todavia, e apesar de tudo (que não é nada), que regressem a uma sã convivência, reconciliando o que há para conciliar... Não acredito na estultícia, no orgulho desmesurado, na soberba ilimitada, no desprezo motivado por razões de superioridade do género, do número, ou dos preconceitos sociais, ou do elitismo classista! A alma dos justos e dos
prudentes suplanta vaidades e orgulhos, ainda que as pessoas façam por não ver o que é evidente e aceleradamente mais consciente...
Contudo, privilegio aqueles que ganhei por força da tolerância e compreensão nas quais me esforcei, reconhecidamente, e a esses
especialmente também desejo repartir o conjunto das orquídeas. Foram estes últimos que me trouxeram as mais agradáveis surpresas, e me fizeram acreditar na natureza humana!... parecendo que está - é só parecença! -
não está mesmo perdida por mais artifícios que queiram inventar para a enfraquecer e derrotar!

Só não ofereço uma sequer orquídea, à insídia!

Nas mãos daqueles com quem entrei em empatia e sintonia imediatas no convívio esporádico, casual, fruto de circunstâncias que nem eu próprio sei explicar, mas que me chegaram ao conhecimento por uma explicação que só pode ser revelada à luz de qualquer estrela no espaço solitária, ofereço uma orquídea daquele feixe que está no lugar do coração de todo o ramo.
Nas mãos daqueles que querem conforto e precisam duma lembrança renascida, um aceno de afecto revigorado, um olhar de gratidão, aquele gesto
tranquilizador de esperança acolhedora numa viagem cheia de náufragos desesperados, julgando que não há futuro, ofereço a segunda orquídea do
mesmo sítio precisamente circunscrita no coração.
Nas mãos dos que cada vez estão mais prontos a entreajudarem-se, em contactos tornados com o decurso singular do tempo numa relação agradável
e duradoura (tantas vezes necessária para o encontro de equilíbrios psicossomáticos), e revitalizada de tempos a tempos por este facto numa palavra, num gesto, num carinho afectuoso, sem certificados de garantia, nem qualquer penhor de crédito, nem desconfianças de reservas suspeitas e agressões de eminências perigosas, reconhecido deponho a terceira orquídea, a tal que é igual a todos as outras... ela é a terceira que ainda faltava oferecer, e que se encontrava no meio das duas anteriores dentro do coração.

Uma só orquídea para os meus amigos do coração, me e lhes basta, uma dessas colorida do rutilante sangue acrónico e utópico que nos alimenta e
une - há sempre ao fim e ao cabo uma orquídea aguardando o seu tempo próprio no lugar adequado, de modo a que a consciência universal se cumpra na harmonia -
essa harmonia que se há-de cumprir na espontaneidade amiga e na solidariedade profunda e ilimitada. Ela cumprir-se-á no dia em que formos todos adultos, cidadãos maduros, sempre jovens, especial e definitivamente jovens para que a renovação não mais se extinga...


http://daniel.cristal.planetaclix.pt/index.html
COM NOVA POESIA DECLAMADA
(Última actualização 022.11.2005)
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