O gordo está na beira da piscina térmica, sem camisa. E de toalha amarrada na cintura
Há várias garotas na piscina. Umas pulam na água.
Lucas entra dando a mão para os empregados.
O gordo sem olhar para Lucas, diz.
GORDO: Tu é candidato nas próximas eleições, ou tá querendo tomar o meu posto?
LUCAS: (tira o óculos se aproxima, vai dizer algo, mas é interrompido)
GORDO: (sem olhar) Não quero desculpas dessa vez. Essa história está ficando muito comprida. Só quero a prova.
LUCAS: Tenho péssimas notícias.
GORDO: Vindas de você, não é novidade.
LUCAS: A menina está grávida.
GORDO: (vira-se de uma vez) O quê? Aquele miserável me enganou?
LUCAS: Pode ser que ele falava a verdade na época.
GORDO: Quer dizer que o negócio é recente?
LUCAS: (concorda apenas com o rosto.)
GORDO: Preciso saber quem é o infeliz que fez isso com ela.
LUCAS: Como vamos saber. E saber prá que também?
GORDO: Quero dar um presente para o futuro papai. (Tira uma navalha da calça que está pendurada.)
Lucas engole seco e desabotoa um botão da camisa que apertava o pescoço.
GORDO: Quer saber de uma coisa. Vou dar um jeito nessa situação agora. (grita) Pitt Bull. Venha cá.
CAPANGA: (chega apressado, arrumando a arma na cintura) Pois não, senhor?
GORDO: Prepare o carro, vamos dar uma saída.
LUCAS: Onde vocês vão?
CAPANGA: Mas Senhor... O homem taí. O Lucas não lhe disse.?
GORDO: Lucas, Lucas...E porque não falou logo?
CORTE:
Entram num escritório, o Gordo e Lucas primeiro, e o capanga entra atrás.
Antônio está amarrado numa cadeira, de cabeça baixa.
Há uma luz forte sobre ele.
CAPANGA: O homem quis embaçar, mas deu tudo certo. Apliquei um corretivo e ele aprendeu a lição.
GORDO: Ora, ora. Você está me saindo melhor que encomenda Lucas. Parabéns. Que surpresa agradável.!
CAPANGA: Não sei porque...
GORDO: Porque Lucas vai nos presentear com a sua habilidade aqui hoje. (senta-se numa cadeira como assistente)
ANTÔNIO: (meio atordoado está de bocas vendadas. Se mexe muito mas não consegue dizer nada.
GORDO: Fique calmo. Antes, Lucas vai amaciar sua pele, sabe como é?... e depois....
LUCAS: E depois?...
GORDO: Fica a seu critério. Pode ser com essa navalha. (tira do bolso) Pode ser com um 22, um 38, uma 12, ou até mesmo um rifle... Não vai ser divertido?
LUCAS: É....
ANTÔNIO: (consegue que escorregue a venda) Não, isso não. (aos poucos ele começa a chorar) Eu não quero morrer.
GORDO: Coisa feia, um homem chorando. Que ridículo! Lucas é contigo.
O capanga levanta a cabeça de Antônio.
Lucas se aproxima e dá um soco na barriga de Antônio.
GORDO: Coisa feia Lucas! Bater num homem amarrado.
O Capanga desamarra Antônio.
Lucas dá outro soco na barriga da Antônio. Em seguida da um soco na boca.
Antônio cospe sangue:
ANTÔNIO: O inferno é vossa trilha, o diabo vosso guia. O fogo vossa cama. E a morte vossa eternidade.
GORDO: Para. Para. Para. Para com isso.
LUCAS: O que houve patrão?
GORDO: Pragas. Praguejamento. Tenho medo disso. Essas coisas não combinam comigo. (anda para lá e para cá ) Tenho medo de Pragas. Preciso evitar isso.
Lucas e Antônio olham para ele meios que sorrindo.
GORDO: (ordena, muito sério) Mate o homem já.
ANTÔNIO: Não. Pelo amor de Deus.
GORDO: Não adianta pedir por intervenção divina. É tarde.
Lucas pega um rifle que está pendurado na parede.
Aponta o rifle para Antônio por alguns segundos. Abaixa o cano.
LUCAS: Não seria melhor, buscar a vadia primeiro?
ANTÔNIO: Vadia? Você...
Lucas atira para cima.
LUCAS: Cala a boca, ainda não terminei. (pisca para Antônio).Se abrir a boca mais uma vez, eu descarrego essa belezinha na sua cabeça.
GORDO: Continue, tô gostando.
LUCAS: Com a presença dela, o ritual ficaria completo. Mataríamos dois coelhinhos indefesos numa tacada só.
GORDO: Boa garoto. Esse é dos meus. (ao capanga) Vá buscar a menina. (o capanga sai) Lucas venha comigo.
Os dois vão saindo para fora. Lucas está atrás.
Ao passarem pela porta, Lucas faz sinal para Antônio fugir.
GORDO: (do lado de fora) Toma uma comigo?
LUCAS: Com o maior prazer.
CORTE:
Antônio levanta-se do chão.
Chega até a porta, vê os dois por uma fresta.
Sai pelos fundos.
CORTE:
O gordo e Lucas tomam uma bebida.
Colocam o copo no balcão. Voltam para a sala.
GORDO: Estou ansioso para conhecer a vadiazinha.
Não vêem Antônio.
GORDO: Droga, o desgraçado fugiu. Lucas vá atrás dele. (Lucas sai correndo)
Entra o Capanga correndo:
CAPANGA: Patrão, a menina desapareceu. Ninguém sabe onde ela está.
O Gordo, joga o cachimbo no chão com força.
GORDO: Mais que inferno!.
CORTE:
SEQ. 19 – EXT/BARRANCO/DIA. (2.00 M).
Silvia está a beira de um barranco muito alto.
Tudo dá a idéia de precipício.
· Silvia enrola um baseado.
· Ascende o baseado.
· Seus olhos vão perdendo a vivacidade.
· Seus cabelos estão totalmente desarrumados.
· Silvia da uma tragada e fica olhando para cima, observando um pássaro voar.
· Depois olha para o abismo, vê um vulto sem muita definição. Uma pessoa coberta de preto fazendo sinal para ela pular.
· Silvia levanta-se, a imagem distancia.
· Silvia fica se equilibrando a beira do abismo.
· Olha para o céu novamente, vê o pássaro.
· Silvia abre os braços e balança como uma asa.
· Silvia começa a rir só. Ri desesperada, e no final dá um grito muito forte.
SILVIA: Eu vou voar. (tenta pular)
Alguém segura Silvia por trás, mas ela se mexe e cai.
Silvia escorrega-se e fica pendurada no barrando, segurando em ramos de daninhas.
SILVIA: Não quero morrer. Socorro, me ajudem por favor. (chora) Eu não quero morrer...
Aparece Sara e lhe dá mão.
SARA: Venha, vamos sair desse lugar. Vou te ajudar a sair dessa.
Sara estica o braço e pega nas mãos de Silvia.
CORTE:
Silvia e Sara estão mais ao longe do barranco, sentadas sobre pedras.
SILVIA: Obrigada, obrigada, obrigada... (começa a agarrar Sara).
SARA: Calma, ê, ê, ê.
SILVIA: Estou só. (mostrar a barriga) É tudo culpa dele...
SARA: Culpa sua. Foi você quem não se preveniu. Existem dezenas de meios para evitar uma gravidez.
SILVIA: (Rindo meio envergonhada e abobada) E você acha que deu tempo para pensar nisso?
SARA: Então, agradeça a Deus por ser uma jovem de saúde, e por carregar uma nova vida nas entranhas.
Silvia levanta-se e sai em direção ao barranco.
SILVIA: Eu vou agradecer.
Sara corre atrás, segura-a pelos braços.
SARA: He, he, hei. Onde você pensa que vai?
SILVIA: Lucas, cadê o Lucas? Tenho que falar mais uma vez com ele. Pelo menos mais uma vez. Talvez a última vez.
SARA: Vamos embora, você não está bem.
Silvia e Sara passam andando pela câmera.
CORTE:
SEQ. 20 – EXT/RUA/FERRO VELHO/DIA – ( 4.30 )
· Lucas corre com a moto numa estrada sem movimentos.
· Há dois na moto. Não vemos direito quem está atrás.
· A câmera deve mostrar a visão de quem está na garupa.
· Lucas corre muito. Faz curvas fechadas. Ele grita.
· Eles vem de frente e param em um ferro velho abandonado, ou um posto de gasolina abandonado.
· Descem da moto. Tiram o capacete.
· Vemos que é Carla que está com Lucas.
· CARLA e Lucas começam a se beijar.
· Os dois se agarram desesperados.
· Começam a desabotoar as roupas de cima.
CARLA: Será que Silvia Imagina isso?
LUCAS: Nem morta.
Carla com ar de drogada, e doidona.
CARLA: Porque você não faz isso?
LUCAS: Fazer o quê?
CARLA: Mata ela.
Lucas da um tapa bem forte no rosto dela.
LUCAS: Nunca, sua vadia. Jamais faria isso com ela. .
CARLA: E porque não? Você faz isso com tanta gente... por que não com ela?
LUCAS: Só profissionalmente.
CARLA: Ei pago.
Lucas sai do lado.
LUCAS: Não. Nem por bilhões. Ela vai ser mãe...
Carla interrompe agarrando ele novamente.
CARLA: ( rindo) Que você pensa que é teu? Idiota.
Lucas cheira algo num saquinho.
LUCAS: Quem disse que é meu?
Lucas e Carla Riem bastante.
Os dois caem no chão.
Quando começam a tirar a roupa...
LUCAS: Espera. Primeiro saciaremos a alma. Em seguida o corpo.
Lucas apenas tira do bolso um pacote branco e mostra para Carla, indo para o seu lado.
CORTE:
Carla levanta a cabeça como que se já tivesse drogada.
Carla começa a tirar a camisa de Lucas.
CARLA: (meia atordoada) Tenho algo para lhe falar.
LUCAS: Que você é uma vadia? Isso eu já sei.
CARLA: Você não vai brigar comigo?
LUCAS: Claro que não... você é meu refúgio. (deitando no colo dela)
CARLA: Jura pelo amor de Silvia? (fazendo biquinho)
LUCAS: (fazendo biquinho) A Silvia que se dane.
Os dois riem debochadamente, e no meio do riso, Carla fala meio baixo.
CARLA: Tenho Aids.
Lucas vai parando de rir aos poucos, e fecha a cara.
LUCAS: Repita isso, só a última palavra.
CARLA: Aids.
Lucas levanta-se rindo mais forte ainda.
Carla ri, mas meio desconfiada.
Os dois levanta-se rindo.
Lucas vira-se bruscamente. Dá um tapa muito forte no rosto de Carla que cai sentada.
LUCAS: Sua cadela. Desgraçada. Tentando me matar!!?
CARLA: Lucas, meu amor.... eu só soube ontem.
LUCAS: Eu não acredito. Bandida. É pior que eu.
CARLA: Não. Não diga isso. Eu te amo. Você é tudo para mim.
Tenta segurá-lo.
Lucas a empurra sobre pedaços de latas.
LUCAS: Você é pior que qualquer inimigo do tráfico. Tentando me passar Aids Carla? Isso se... Não. Isso não. E Silvia? Deve estar... Há mais isso não vai ficar assim. Coitadinha da Silvia, tão inocente...
Carla debocha, repetindo as mesmas palavras.
CARLA: Coitadinha da Silvia... Tão inocente... Ora essa.
LUCAS: Ela não podia. (pausa) E eu? Isso não devia ter acontecido.
CARLA: Como não? Você sai com todo tipo de mulher e Gays que eu sei. Não perdoa ninguém. Queria passar ileso? Será que eu não peguei essa doença de você?
LUCAS: Nunca, nunca, nunca.
Nisso chegam três sujeitos, todos meios bêbados e drogados.
SUJEITO 1: Ele se ferrou.
SUJEITO 2: Vai morrer.
SUJEITO 3: Tá fudido.
Repetem a fala mais uma vez e misturam. Vão falando e chegando perto de Lucas como se o pressionassem psicologicamente.
LUCAS: (grita) Chega. Mas essa desgraçada vai antes de mim.
Carla ao perceber a situação, tenta sair correndo.
Aparece um quarto homem e a segura.
SUJEITO 4: Tentando fugir do julgamento menina?
Trás Carla até o restante pelos cabelos.
CARLA: Quem são vocês?
SUJEITO 1: Os agentes da justiça.
SUJEITO 4: Que pena, você até que é bonitinha. Daria um bom caldo.
Lucas se aproxima ironicamente.
O Sujeito 4 segura Carla pelo cabelo.
LUCAS: Você queria que eu te beijasse? (beija-a no pescoço) Você queria que eu beijasse os seus seios? (rasga sua roupa e beija-os) Queria me matar desgraçada? (olha firme em seu rosto) Amarrem ela no tronco. (vira-se)
Os quatro sujeitos amarram Carla num tronco no meio do ferro velho.
Lucas se aproxima tirando um canivete do bolso.
Lucas coloca o canivete bem perto dos olhos dela.
LUCAS: Esses seus olhinhos lindos, que pena..(desce o canivete). esse seu pescocinho delicioso não será mais beijado. (os homens colocam na boca dela uma bola de papel e amarram um pano por cima prendendo seu rosto no tronco.) Esses teus seios redondos, coitados, para nada mais servirão.
Nisso os quatro ligam um rádio, toca-se uma música muito maluca.
Os quatro dançam ao som da música.
LUCAS: Parem com isso.
O rádio é desligado.
SUJEITO 1: Há chefe, deixa a gente festejar.
LUCAS: Vocês querem festa? Fiquem a vontade.
Lucas sai do lado.
Os quatro sujeitos chegam perto dela com a língua de fora e balançando como se lambessem ela..
Eles começam a lamber Carla.
Lucas distancia-se, fica olhando de longe, tira a arma. Carla apavora-se e estala os olhos.
Lucas grita de longe.
LUCAS: Chega.
Saem todos de perto e ficam do lado.
LUCAS: Você sabe rezar?
Carla balança a cabeça que não.
LUCAS: Ao menos sabe fazer o sinal da cruz?
Carla com a cabeça diz que não.
LUCAS: Caramba, será que eu vou ter que ensinar. Repitam todos comigo. Em nome do pai. (aponta o revolver para a cabeça dela, e todos os outros apontam os dedos para a cabeça dela) Em nome do filho. (Lucas aponta o revolver para o umbigo dela, os outros idem) Do espírito... (aponta o revolver para o ombro esquerdo dela, os outros idem.) Santo... (aponta o revolver para o ombro direito dela, e os outros idem) (por último apontam para o coração dela) E assim seja. Tchal, até os quintos dos infernos. ( Os outros tapam os ouvidos, Lucas aperta o gatilho)
Os quatro saem correndo ao ver a cena. Lucas fica olhando eles correrem.
Lucas olha para ela que está caída, ainda amarrada.
Lucas vai até a moto, liga e sai em desabalada carreira.