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Poesias-->ASSIM SIM SENÃO NÃO -- 16/02/2002 - 23:24 (Flávio José de Almeida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ASSIM SIM SENÃO NÃO



1

As flores de papel celofane enfeitam a sala.

Um jarro de porcelana. Uma toalha de linho branco.

Um cruci fixo na parede. A janela aberta.

Entra uma luz transparente e o som de um instrumento

melancolicamente alegre.

Eu sou uma estátua, contemplável.

E a vida é monótona e essas flores não murcham.



2

Vejo

que você

me olha

sem

que você

perceba



(eu sei

não tem nada

a ver)



psiu

olhe pra mim

e me veja

olhando

pra você



(tá vendo?)



3

Muitos são os dias num instante de saudade.

Solidão: penso às escuras.

Mas está tão claro, meu amor...

Acho raro dizer isso assim

num tom simples

e natural.



4

falo de mim coisas assim

um rio que tenho sem saber

um mar que ofereço sem ter



5

Minha mãe tempera a salada.

Rodelas de tomate folhas de alface

o vinagre o azeite o sal.

É assim que seu pai gosta, ela me diz.

O amor satisfaz o gosto.

Meu pai chega do trabalho toma banho janta

anda de um lado pra outro depois vai dormir.

Minha mãe ainda fica na cozinha.

Ensaboando enxaguando enxugando...

Tão esquecida de prazeres.

Tão concentrada em afazeres.



6

Sonhou comigo.

A paisagem um quadro sem moldura.

No sonho havia um rio tão grande

atravessando meu destino. E eu era feliz.

A correnteza, as águas desatinadas

inundando minha vida. E eu era feliz.

Pedia auxílio, em vão. As águas revoltadas,

as águas violentas. E exaustas.

Apenas um silêncio. Tudo calmo.

Ela acordou. Eu dormia.



7

Como as rainhas são lúcidas,

o que elas querem é sugar meu néctar,

desfrutar um sabor, um aroma,

uma dádiva sublime para sustentar o sonho.

E vão tecer novas tramas,

vão provar o quanto é doce

o açúcar de minha carência.



8

Com obstinação cristã,

como quem deseja um reino eterno,

assim eu te procuro e te encontro.

Estás onde vou e vais me seguir

pelo resto de minha vida.

Meu caminho, minha verdade,

minha sombra e meus passos.

O que vem de mim é o que me dás

e o que te dou faz brilhar o teu sorriso,

acende uma luz, aquece o teu corpo.



9

Abismo intransponível

entre nós

força invisível

voz inaudível

impossível sonho:

você

e

eu

a sós



10

todo dia um eterno repetir-se:

despir-se da roupa

vestir-se de nua

e deixa correr o mel da lua



11

A noite caiu

e eu estou

que nem posso

me levantar



Mas baixo astral não

leve como quê

pode-se dizer

pluma



12

Não sei o que dizer agora

Depois eu digo depois eu ligo

Eu sei o número

Fique tranquila

Tudo bem comigo

Alô alô

Caiu a ligação



13

Não sei o que dizer diante do novo.

A expressão impressa em meu silêncio

se resolve dissolvendo-se em puro espanto.

E calado, procuro definir com os olhos

a quase totalidade de minha incompreensão,

a extremidade do que se faz novamente,

refazendo outras maneiras de ver,

formas de criar e sentir,

até que eu assuma a exatidão de tudo

que em mim existe

e insiste a deslumbrar com seu inventivo encanto.



14

Tudo voltará a ser pó. Eis a revelação.

O sopro que nos deu a vida

é de pura fragância, aroma de flores

que já murcharam dentro de mim.

Porque viu que eu era triste e só

me veio a revelação: tudo voltará a ser pó.

A terra de meu corpo, agora sei,

é uma terra inóspita, infértil,

tão estéril quanto a palavra solidão.

Meu corpo se aguça. Minha vontade é sublime.

Quero ser pó.



15

Não venha falar do poder divino.

À luz de nossos desejos, tudo é sombra,

tudo é fundo e escuro, tudo é fraqueza.

Ninguém sabe. Eu sei. Eu sou.

Sou de carne e osso, e sustento.

Sou fraco, minha fraqueza é minha fúria.

Minha fraqueza é conhecer o prazer,

desfrutar as alucinações, viagens delirantes,

gritos sufocados, angústia de buscar o momento

para ser muito feliz.

A fraqueza é a força de quem busca.

Ninguém sabe. Eu sei.



16

A sensação é profundamente abismal.

Sinto-me além de minha atmosfera,

numa órbita de alucinantes estranhezas,

quando sei não ser o que era e nem sabia

antes do que seria, acaso estar, ocaso sou,

só, dentro da redoma impenetrável, sem ar.

Sufocado, angustia-me tanta angústia.

O silêncio é tormenta atormentando no vazio

ecoando a solidão solitária.

É corpo quando não é - é e não é corpo.

Quase morto, considero-me muito pleno,

num plano de levitação, eu comigo - levemente.



17

Eles dirão que eu

como poeta sou extremamente sombrio



Minha poesia um raio de sol

para mim e para todos vocês



18

O cheiro da essência, a atração, um convite

e a revoada de pássaros mais íntimos,

pássaros assustados dentro do peito.

Queria conhecer o fundo de teu abismo,

descer, descer, infinitas descidas.

Sempre uma luz, sempre uma sombra,

e voltar a subir, subir, infinitas subidas.

E lá no fundo e no alto sussurrar um segredo,

falar em silêncios ou gritar, não sei, talvez...

Sei que estás plantada

e tuas raízes emaranhadas que me prendem

vivem presas ao meu destino.

Só tenho sossego quando os pássaros pousam.



19

O que é poesia? Não sei!

O enigma indecifrável das palavras,

a fagulha, o fogaréu, fumaça e cinzas.

A poesia quer o impossível,

qualquer coisa que esteja além

daquilo que é invisível.

Assim, respirar a sensção do vôo,

alcançar o reino do que é breve

e ser leve, leve, leve.



20

E foi falando falando falando

e falou tanto e falava falava

que por fim eu disse:

pára de falar

e ele parou.

Aí então eu continuei

e falei muito falei tudo falei

e fui falando falando falando.



21

Muitas vezes escrevi teu nome

em papéis molhados de lágrimas.

Chorei, choro, hei de chorar,

sempre que lembrar o passado:

palavras que são punhais,

lembranças que são estrelas,

constelações que se multiplicam

no céu de minha angústia,

pontos distantes, pérolas, pedras brilhantes.

Muitas vezes solucei teu nome

e em sonhos te contemplei nua,

adorei teu corpo, enfezado.

Muitas vezes subi pelas paredes,

ansiei tua presença,

me contorci em desejos, sozinho.

Chorei, choro, hei de chorar,

sempre que lembrar nossos encontros:

abraços que são naufrágios,

beijos que são dilúvios,

águas destinadas, águas infiéis,

águas violentas de um rio sem margens.



22

amo-te tanto

que de titã

fiquei tantã



23

máquinas máquinas máquinas

que graxa tem um poemassim



24

O MÁGICO DE OS

WALD

No início

que grande começo

que começão



25

TIRADENTES

Joaquim

martirizou-se

se sentiu traído

por ter extraído

sem anestesia

o siso

de J. Silvério



estes poemas foram escritos em 1986

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