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Artigos-->Entre a cruz e a espada -- 14/06/2004 - 09:51 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A religião tem sido utilizada como instrumento para as mais diversas reivindicações. Cristianismo, islamismo e outras seitas são férteis em propostas de regras e instituições apresentadas como justas para o conjunto da sociedade. As religiões convivem com regimes autoritários ou mais liberais. Com a mesma desenvoltura, expandem-se em sociedades de alto padrão de vida e em comunidades miseráveis. A depender do momento político, levantam a bandeira da igualdade; a depender, convivem e coonestam com as desigualdades sociais. No geral, o amálgama entre religião e política absolutiza a religião. Num texto de 1915, recém-recuperado por uma entidade de difusão cristã, a Pastoral Coletiva do Episcopado Brasileiro, por exemplo, pregou que todo católico, ao votar, não pode "perder jamais de vista os direitos de Deus e da Igreja. Na escolha de candidatos, deixando de parte qualquer consideração pessoal, deve invariavelmente preferir aqueles que, oferecendo as demais garantias de respeitabilidade, queiram também defender os direitos da Igreja". Não é postura única e exclusiva dos católicos, mas adotada também por outras entidades religiosas.



O adversário transforma-se em inimigo religioso, como se pode observar, no Brasil, nos atuais embates entre doutrinadores católicos e doutrinadores evangélicos; no Oriente Médio, entre judeus e islâmicos; na Irlanda, entre católicos e protestantes; na Índia, entre hinduístas e islâmicos e cristãos; no Tibet, entre os budistas seguidores de Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama, e o governo chinês etc.



A Igreja Católica Apostólica Romana tem um papel especial na história do chamado Ocidente. O papado é uma das mais antigas instituições da Europa. Mesmo agora, a inclusão de referência à "herança cultural cristã" no Preâmbulo da Constituição Européia foi objeto de acalorado debate. O poder do bispo de Roma sobre a cidade e seus arredores remete ao papado de Leão I Magno (440-461), que reivindicou para a região o comando de toda a Igreja e assim prevaleceu — e se ampliou — durante todo o período feudal. Quando combateu pelo poder, a burguesia enfrentou o catolicismo, mas logo compôs com ele, a ponto do francês Napoleão I afirmar: "Com meus guardas e meu clero, sou todo-poderoso". No vai-e-vem da política européia, em 1929 o papa Pio XI (Achille Ratti) e o governo fascista de Benito Mussolini (qualificado como um "homem enviado pela Providência" pelo Santo Padre) assinaram o tratado de Latrão, instituindo o Estado-anão da cidade do Vaticano. Quando governos instituem relações com o Vaticano, portanto, estão creditando seus embaixadores junto ao chefe da mais influente das igrejas cristãs.



Nessa organização, destaque especial alcançou a Companhia de Jesus, fundada em 1539 por Inácio de Loyola para combater a Reforma (grupo que se opunha ao papa Paulo III - Alessandro Farnese) e outros movimentos que minavam a autoridade de sua entidade religiosa. Por iniciativa dos jesuítas, o papa Gregório XVI (Bartolomeo Cappellari, 1831 - 1846) qualificou de "loucura" a liberdade de consciência. Influenciado por eles, o papa Leão XIII (Giocchino Vincenzo de Pecci, 1878 - 1903) condenou a doutrina da igualdade entre os homens. Sua ascendência também foi determinante para a proclamação - até hoje vigente - da infalibilidade do papa, em 1870 (Pio IX, Giovanni Conte Mastai-Ferretti). Em 1864 (sob Leão XIII), a Santa Sé inscreveu o comunismo e o socialismo no "syllabus" (lista dos "erros contemporâneos").



Cristãos contrários à atuação política, porém, poderiam fundamentar seus argumentos na citação de Mateus 6, 31-24: "Portanto, não fiquem preocupados, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir? Os pagãos é que ficam procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. Pelo contrário, em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas. Portanto, não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade".



Há religiosos que assumem posições avançadas, sacrificando a própria vida na luta pela conquista de melhores condições de trabalho e existência para o ser humano. Mas quando a cúpula religiosa assumiu o comando da sociedade, não foi isso o que resultou. Como escreveu Albert Camus no seu "O homem revoltado", de 1951, "A política não é a religião, ou então ela é inquisição".



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