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Artigos-->Contra a ciência, contra a vida -- 31/05/2004 - 10:28 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cientistas de instituições diversas foram ao Senado, em meados de maio, pressionar pela volta, no projeto da Lei de Biossegurança, da permissão para a realização de pesquisas com células-tronco embrionárias. Por pressão de parlamentares cristãos, artigo neste sentido foi suprimido na Câmara. Tratamentos através das células-tronco são a mais avançada terapia para muitas doenças, possibilitando a regeneração de órgãos ou a correção de suas disfunções. As células-tronco podem ser retiradas de adultos, mas as embrionárias são as mais eficientes.



Trata-se de mais um episódio de enfrentamento entre as crenças e a investigação científica. Sempre que conseguem poder para tanto, as cúpulas religiosas impõem à sociedade preceitos e preconceitos que impedem combater epidemias, minorar o sofrimento de doentes e conhecer com maior profundidade a natureza, para melhor atuar sobre ela (o que se dá com observação, experimentação e teorização). No final de abril, falando aos membros da Congregação para a Educação Católica, o papa João Paulo II considerou que a missão da universidade é "fazer o possível para unir o mundo da ciência e da cultura à verdade da fé". O Sumo Pontífice reclamou das "insídias" do "racionalismo" e professou que cabe à Igreja Católica Romana "a interpretação autêntica da revelação", pois "exerce esta missão em nome de Jesus Cristo".



A Igreja Católica, no México, em janeiro, anunciou que vai excomungar as mulheres que utilizarem ou promoverem contraceptivos de emergência, conhecidos como a pílula do dia seguinte. "A excomunhão seria imediata para quem fizer uso do método", vociferou Jorge Palencia, presidente da comissão de Saúde da Arquidiocese do México. Seu irmão de fé, Jorge Serrano, líder do grupo Pró-Vida, considera o uso da pílula "um crime". No Brasil, às vésperas do Carnaval, o Ministério da Saúde se viu obrigado a polemizar com o alto clero sobre a eficácia da camisinha na prevenção às doenças sexualmente transmissíveis e Aids - a Igreja Católica condena o uso da camisinha.



Ainda no início deste ano, o monsenhor Elio Sgrecia, conselheiro de bioética do papa João Paulo II, chegou ao extremo de comparar a clonagem embrionária aos assassinatos cometidos pelos nazistas. "Não se pode matar uma vida humana na esperança de criar medicinas para salvar outras. Isso seria uma repetição do que os nazistas fizeram nos campos de concentração. O que os cientistas estão dizendo é: Primeiro, vou cloná-lo. Depois, matá-lo."



O religioso foi incapaz de citar algum cientista que tenha dito essa frase. Sua comparação se baseia no fato de que, para obtenção das células-tronco, é preciso destruir os embriões. A proposta de muitos cientistas, no Brasil, é utilizar os embriões que sobram nas clínicas de fertilidade e são congelados ou jogados fora. "Por que a clínica pode congelar e eu não posso estudar para tentar curar doenças de pacientes que não têm nenhuma opção, se não morrer?", questiona Antonio Carlos Campos de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E sentencia: "É uma discussão primitiva."



Lygia da Veiga Pereira, do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, considera que está ocorrendo "uma limitação muito grande. O que eu teria de fazer? Poderia comprar essas células nos EUA, vou ter de encontrar isso lá fora. E ainda perco a chance de treinar aqui pessoas que pudessem desenvolver essas linhagens".

Reino Unido, Israel, China, Canadá e Austrália liberaram essas pesquisas. A Inglaterra inaugurou seu primeiro banco de células-tronco embrionárias, a União Européia debate a unificação de regras para o uso de embriões. Não é por maldade: as investigações abrem caminhos para o tratamento eficaz do mal de Parkinson, Alzheimer, diabetes e moléstias degenerativas.



Mas atire a primeira pedra a superstição ou crença que não veja na ciência a encarnação de Satanás! Na Nigéria, a religião predominante é mulçumana e, em outubro de 2003, líderes islâmicos proibiram a vacinação contra a poliomielite. No início deste ano, centenas de milhares de voluntários percorreram dez nações africanas para conter um surto da paralisia infantil. Moradores de diversas localidades expulsaram os voluntários. "O povo resistirá", alardeou Nafiu Baba Ahmed, secretário-geral do Conselho Supremo da Sharia, órgão responsável pela implementação da lei islâmica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a proibição à vacinação fez com que a paralisia infantil voltasse a ocorrer em sete nações africanas onde já havia sido erradicada e coloca em risco 16 anos de esforços para a erradicação da pólio no mundo.



Justamente na Nigéria ocorre o maior índice de crentes do planeta, segundo levantamento da emissora BBC, da Inglaterra, feito em janeiro: 100% dos mil pesquisados declararam fé em uma força sobrenatural — nos Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, Índia, México, Indonésia, Israel e Líbano, 92% dos pesquisados acreditam em Deus ou outro tipo de "poder superior". Não é apenas crença no sobrenatural, mas disposição para a ação: Alá e Deus contam com um grande contingente de adeptos prontos a sacrificar a própria vida: na Nigéria são 95%; na Indonésia, 90%; nos Estados Unidos e Líbano, 71%. A diferença ficou por conta da Coréia do Sul: 82% dos pesquisados consideram a religião "uma muleta para os ignorantes".

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