Se o atentado é a arma dos mais fracos contra o mais forte, ainda que não seja justificável ou aceitável, ao menos explica porque os extremistas optaram pela prática para protestar contra a arrogância americana.
Não estou discutindo as razões dos EUA em negar apoio à causa palestina quando se exigia no texto final da Conferência Mundial sobre o racismo que fosse declarada uma forma de racismo a posição judaica de negar autonomia aos árabes palestinos, ou mesmo a recusa dos americanos em fazer a troca dos missionários presos no Afeganistão por um terrorista preso nos EUA, ou mesmo a recusa desse país em apoiar e participar de conferências da ONU cujos textos finais contenham declarações que não atendam aos interesses norte-americanos.
A questão que se discute é a maneira arrogante, prepotente e impositiva como os americanos tratam os assuntos quando assim lhes convém. Quando é para negar as reivindicações de outros povos, os EUA simplesmente se calam; quando são suas as reivindicações, os americanos usam a força das armas.
A marca simbólica desse atentado reside no fato que nem mesmo a nação mais poderosa do mundo, a mais desenvolvida em ciência e tecnologia, cujos órgãos de inteligência se julgam os mais eficazes do planeta, está livre de assombros como esse, por obra de grupos radicais dispostos a tudo na defesa de suas posições. O curioso é que, na defesa de seus interesses os americanos também matam sem piedade; ao passo que os radicais terroristas, igualmente na luta por suas idéias, morrem sem medo e matam friamente.
Se é notável a covardia de um atentado como esse, um fato que mostra o quanto os americanos também são covardes quando querem matar, e, no sentido oposto ao terroristas, têm pavor da morte, foi o planejamento cirúrgico nas guerras em que se meteu de xerife do mundo, escolhendo criteriosamente os alvos, adotando o ataque aéreo, evitando o combate em terra que certamente significaria a morte de milhares de americanos.
O mais triste nessa guerra entre Davi e Golias, entre as nações que combatem o imperialismo e o Império americano, é que as milhares de pessoas mortas não têm culpa pela insanidade de seus líderes e suas esquizofrenias políticas. Nenhum iraquiano tem culpa pelas loucuras de Saddam Hussein. Nenhum americano, igualmente, pode ser culpado pela estupidez de George W. Bush.
O governo americano afirmou que declararia guerra ao país de origem dos terroristas, caso tenham recebido apoio institucional. A suspeita maior pesa sobre os ombros de palestinos e afegãos do Talibã. Mas se os japoneses que assumiram o atentado estiverem falando a verdade, se tiverem explodido o WTC e o Pentágono em prostesto contra o ataque americano a Hiroshima e Nagasaki, os EUA pensarão em declarar guerra ao Japão?
A lição que todos devemos tirar desse atentado é que o mundo ainda vai ser palco de outos episódios sangrentos, vitimando pessoas inocentes, por conta da intolerância dos dirigentes desta terra e dos loucos extremistas, alguns mais poderosos que outros, e que, por isso mesmo, se julgam no direito de determinar o destino dos demais. O pior disso tudo é que, pelo andar da carruagem, o destino de todos pode ser o vácuo, quando todo o arsenal atômico que resta for detonado na cabeça dos povos deste pobre mundo.