Não tenho medo.
Se o tivesse, não seria quem sou.
Tenho aqueles comuns,
Como baratas, pneu furado,
Coisas de sempre.
Não tenho medo da vida.
Tirem-me tudo,
Mas nunca me tiram a beleza
De caminhar como quem faz o certo,
Como quem cospe fogo e beijos
E sabe o reto caminho
Não quero farpas
Quero sorrisos,
Quero construir diariamente
Um mundo novo
como vacas holandesas de brinquinhos
(recupero um velho poema)
Mas sei ser dura.
Não me ameaçem o sonho
Podem tomá-lo por momentos
Mas é meu sonho, ninguém o toma
Para sempre
Aqui e ali
Retomo os cacos
E reconstruo – teimosa
Meu destino
Sou livre e louca
Deixo ao largo
Aqueles que sonham sozinhos
E que constroem muros,
Constroem seu próprio desatino
Eu, não.
Quero fazer beleza
Quero fazer da vida um sonho
Por pequeno que seja.
Estarei sempre de olhos abertos e úmidos
e mão em riste, a mesma mão
que, apontando o caminho,
doa beijos e espada,
e, entre lágrimas e risos,
acusa e afaga,
não se oprime.
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