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Artigos-->Eu não tenho nada a ver com isso? -- 05/05/2004 - 10:15 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em ano eleitoral, nada mais comum do que se acerbarem as críticas aos políticos e à política. Ladrões, cafajestes, enganadores, populistas, aproveitadores, usurpadores do poder, canalhas enfim. Os adjetivos são muitos e vários, mas o alvo é um só: o político - seja qual for o seu sexo. Não é um movimento espontâneo. Os principais meios de comunicação incentivam e reproduzem opiniões criticistas e divulgam os inúmeros casos de desvio de função nas várias estruturas de poder, escarnecem os gastos para a manutenção do parlamento e o custo dos parlamentares, denunciam a morosidade, ou inoperância, ou espírito de corpo das casas legislativas etc. Não é fenômeno brasileiro - esse tipo de avaliação se reproduz urbi et orbi.



Mas, assim como nem todos os analfabetos são ignorantes, ou nem todos os policiais são bandidos, ou nem todos os homossexuais são devassos, ou nem todos os ateus são desalmados, nem todos os políticos são corruptos (e vice-versa).



Vinícius de Moraes e Toquinho, à época da ditadura militar, cantavam que sequer tinham nascido em Niterói e não tinham "nada a ver com isso", ironizando a alienação política de amplos setores interessados unicamente no sucesso financeiro e na projeção pessoal e indagando: "reparou como eu ando sutil demais?"



Adolfo Sánchez Vásquez abordou o tema no seu "Filosofia da praxis", alertando: "Tratando de satisfazer as aspirações práticas do homem comum e corrente, desenvolve-se, às vezes, a partir do poder, um trabalho destinado a deformar, castrar ou esvaziar sua consciência política. Esse trabalho tende, ao que parece, a integrar este homem comum na vida política, mas com a condição de que ele se interesse exclusivamente pelos aspectos práticos da vida política, isto é, a política como carreira. É evidente que reduzida a esse conteúdo prático , produtivo, a política só pode assumir um sentido negativo para os que permanecem à margem dessa integração e não conseguem ver, fora desse politicismo prático , outra dimensão da política que não seja a do romanticismo, idealismo ou utopismo. Mas o propósito de satisfazer as aspirações práticas do homem comum e corrente assume igualmente outra forma como tendência alimentada também a partir do poder e destinada a destruir o mais leve despertar de uma clara consciência política, mantendo o homem comum e corrente no mais absoluto apoliticismo. A despolitização cria, assim, um imenso vazio nas consciências, vazio que só pode ser útil à classe dominante, que recheia as consciências com atos, preconceitos, hábitos, lugares-comuns e preocupações que, enfim, contribuem fortemente para manter a ordem social vigente".



A participação consciente na busca de solução dos desafios econômicos, sociais e políticos é a contrapartida para esse massacre alienante. Não é fácil, contudo. Analisar trajetórias pessoais e programas, confrontar os discursos e intenções com a prática concreta, deslindar caminhos e, só então, definir-se por tal candidato ou partido, ciente das limitações que a correlação de forças e a realidade conjuntural imporão aos eleitos, é desafio árduo e tarefa árida. Mas necessário.



Imprescindível, para quem pretende atuar eficazmente no mundo em que vive e sobrevive. Não se trata de alimentar ilusões quanto aos limites em que atuam as instituições políticas - o poder de decisão, ao fim e ao cabo, concentra-se nas mãos dos que monopolizam os meios de produção. Trata-se, isto sim, de superar a consciência comum, espontânea, que reproduz os interesses dos setores que se beneficiam do atual estado de coisas, e contribuir para a construção de relações que propiciem o desenvolvimento dos indivíduos numa sociedade em que "o homem não seja lobo do homem".

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