Usina de Letras
Usina de Letras
20 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62280 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50667)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6207)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Jornais que são partidos -- 12/04/2004 - 10:14 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O governo brasileiro se viu forçado a responder a matéria publicada como manchete do jornal americano Washington Post, edição de 4 de abril. Segundo o Post, o governo brasileiro recusou o acesso de inspetores nucleares da Agência Internacional de Energia Atômica a partes do primeiro módulo de enriquecimento de urânio em construção no Rio, alegando seu direito de proteger segredo industrial. Jornais brasileiros fizeram eco da manchete norte-americana e defenderam os pontos de vista da administração de George Walker Bush, da qual o Post foi porta-voz, contra os do governo brasileiro. O episódio continua tendo repercussão.



No seu "Ensaio sobre a lucidez", José Saramago refere-se criticamente aos "jornais e demais meios de comunicação social pela facilidade com que passam dos aplausos do capitólio às precipitações da rocha tarpeia, como se eles não fossem uma parte ativa na preparação do desastre". Já Antônio Gramsci, no "Maquiavel, a política e o Estado moderno", escrito na primeira metade do século passado, observa que "no mundo moderno, em muitos países, os partidos orgânicos e fundamentais se dividiram, por necessidade de luta ou por qualquer outra razão, em frações que assumiram o nome de partido e, inclusive, de partido independente. Por isso, muitas vezes o Estado-Maior intelectual do partido orgânico não pertence a nenhuma das frações, mas opera como se fosse uma força dirigente superior aos partidos e às vezes reconhecida como tal pelo público. Esta função pode ser estudada com maior precisão se se parte do ponto de vista de que um jornal (ou um grupo de jornais), uma revista (ou um grupo de revistas), são também eles partidos . Veja-se a função do Times na Inglaterra, a que teve o Corriere della Sera na Itália, e também a função da chamada imprensa de informação , supostamente apolítica , e até a função da imprensa esportiva e da imprensa técnica".



Hoje, mais de 50 anos após essas linhas, poderíamos acrescentar o New York Times e o Washington Post, norte-americanos, ou (tão pretensiosos quanto) o conglomerado Globo, o Jornal do Brasil, o Estado de S. Paulo, a Folha de S. Paulo e o Correio Braziliense, destas plagas, nessa classificação partidária feita por Gramsci.



Esses jornais fazem política e, no mais das vezes, políticas que defendem os interesses das elites dominantes. No dia 15 de março, um dos editorialistas da Folha, Fernando Rodrigues, para defender uma Comissão Parlamentar de Inquérito contra o governo Lula, perpetrou o artigo "Eis o fato novo para a CPI". Nele, afirmou que dois ex-diretores da GTech, uma empresa de informática, disseram à Polícia Federal que Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, teria apresentado como condição para que a Caixa Econômica Federal renovasse contrato com a empresa "o pagamento de até R$ 20 milhões (acabou ficando por R$ 6 milhões) para uma empresa de consultoria. Pode ser tudo mentira? Pode. Mas não interessa. Eis aí um fato novo. Novíssimo." Na sua ânsia de expor os interesses oposicionistas do diário paulistano, o periodista considera qualquer acusação contra o governo Lula, mesmo sendo mentirosa, um fato, "fato novo. Novíssimo." Fato notável, aqui, é esta opinião extravagante do articulista...



Noutra agressão ao bom senso - até mesmo ao senso comum -, o diretor da Central Globo de Comunicação, Luís Erlanger, recusou-se recentemente a rebater acusações de favorecimento, feitas pela Rede Record, com este argumento bizarro: "Para se avaliar qualquer acusação se deve levar em conta dois aspectos: a motivação e a credibilidade de quem faz". Ou seja, não se deve levar em conta se a acusação tem ou não fundamento (se é, de fato, fato)... Aliás, é recurso deplorável mas insistentemente usado por polemistas atacar e tentar desqualificar o oponente, na falta de argumentos para refutar ou demolir as idéias e interpretações em debate.



Já houve quem dissesse que, em determinadas edições, a única coisa verdadeira num jornal é a data de sua publicação. Os interesses políticos e econômicos dominam as redações. É comum ser o departamento comercial ou o interesse político, e não o editor, quem determine o que é ou não notícia. E se a realidade não bate com a orientação editorial, dane-se a realidade. Um fato nada novo. Antiqüíssimo, a bem da verdade...



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui