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Artigos-->A paixão de Baco -- 05/04/2004 - 09:29 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O filme A paixão de Cristo, produzido e dirigido por Mel Gibson, um épico ensangüentado sobre os últimos momentos do Nazareno, falado nas línguas mortas latim e aramaico, está lotando as salas de exibição e despertou a apreensão de judeus — temem uma nova ofensiva anti-semita por serem responsabilizados pela execução de Jesus. Até mesmo Franco Zeffirelli, que dirigiu Gibson em Hamlet e ficou famoso por suas versões de Romeu e Julieta e Jesus de Nazaré, considerou essa obra um "retorno ao obscurantismo medieval cristão anti-hebraico".

Pressionado, o diretor e co-autor do roteiro suprimiu as legendas de um diálogo citado em Mateus 27:25 (o povo judeu dizendo a Pilatos: "Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos"), mas manteve a falação, em aramaico. Gibson, filho de um cristão fundamentalista que nega a existência da perseguição aos judeus pelos nazistas e pai de uma noviça, só assiste missa em latim e não come carne nas sextas-feiras, seguindo antigos preceitos católicos. Inspirou-se nos escritos das freiras Anne Catherine Emerich (1774-1824), que dizia sofrer as dores e sangramentos da crucificação todas as sextas, e de Maria Coronel Agreda (1602-1665).

O filme está tendo divulgação massiva, não só através de anúncios, mas inclusive sob o pretexto de notícias e reportagens nos veículos de maior penetração, e conta com o apoio de várias seitas cristãs e seus pastores, que chegam a contratar exibições privadas para suas ovelhas. João Paulo II recebeu e abençoou no Vaticano o ator Jim Caviezel, que interpreta o Cristo, e assistiu à película antes da estréia, em sessão exclusiva para o alto clero.

Causa assombro: ainda não assentou a poeira sobre a existência física ou não de Jesus, após virar pó a "evidência" de um baú milenar com uma inscrição que se refiriria a um seu irmão (era uma farsa), e os judeus temem ser novamente perseguidos por serem "culpados" pela crucificação...

Curiosamente, além de ser uma história de que todos sabem o final (o personagem principal morre), a paixão não é sequer uma exclusividade da crença cristã. Os primevos autores dos Evangelhos e dos relatos sobre Jesus se inspiraram em vários mitos que, naqueles entonces, eram considerados verdadeiros. Pululavam na mitologia da época o nascimento imaculado, milagres, traição e morte na cruz. A crucificação, por exemplo, consta, dentre outras, das histórias de Attis, Adonis, Baco.

Baco (Dionísio, para os gregos) é o deus do vinho que, mais tarde, passou a transubstanciar o sangue de Cristo. Foi um "Grande Nome de Deus" e os primeiros relatos sobre sua existência ocorreram em Thrace, Grécia. Sua história chegou à região no tempo em que Homero escreveu sua Ilíada, por volta de 800 a.C. O sacerdote Orfeu retomou sua lenda nos anos 600 antes de Cristo (a.C.) e ela chegou à Itália, Egito e Oriente Médio no período helênico, depois de 332 a.C.

Eventos assemelhados são atribuídos à sua vida e à de Jesus. Baco era representado com uma coroa de hera, vestido com um manto roxo e teve que beber fel antes da crucificação. Uma pintura num vaso grego do quinto século a.C. mostra uma comunhão sendo preparada. Um relevo de 200 a.C. o representa crucificado com a inscrição Orpheus Bakkus.

Na versão grega, Dionísio era filho do deus dos deuses, Zeus, com uma mulher mortal, Sêmele. Tinha um pai de criação, Sileno. Penteu, rei de Tebas, o perseguiu por "sua pretensão de ter origem divina" e exigiu que renunciasse "a seu falso culto", conforme relata Thomas Bulfinch no seu A idade da fábula (O livro de ouro da mitologia). Um dos companheiros de Baco foi preso (era o próprio Baco, disfarçado). Penteu, qual Pilatos, mandou executá-lo, mas ele conseguiu escapar.

Outro relato dá conta que Dionísio-Zagreus morreu na luta contra os Titãs (filhos da Terra e do Céu, que surgiram do Caos), seu corpo foi cosido e comido. A partir de seu sagrado coração, que foi preservado e enterrado, Dionísio ressuscitou e ascendeu aos céus. Na Itália dos anos 400 a.C., acreditava-se que Baco poderia dar a vida eterna e divina aos seus adoradores. Os povos pastoris identificavam Baco com o cordeiro e ele foi chamado de Rei dos Reis, Único Filho Gerado, Salvador, Redentor, Sem Pecado, O Ungido e Alfa e Ômega. Não confunda: este era Baco, filho de Zeus.

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