Meu amigo coadim
O povo não engoliu
A história da cobra
Aquela que você viu
Eu digo que acredito
E nesse cordel repito
É a maior do Brasil.
Falando da pescaria
Onde entortei o rio
Quando pus os tratores
Para mim foi desafio
Não falava a verdade
Era a pura falsidade
E você me desmentiu.
Lá na mata fechada
Não pode trator entrar
Sem nenhuma estrada
O certo eu vou falar
Como o rio entortou
Quem o peixe puxou
E a onde ele foi parar.
Quando o peixe fisgou
Faltou força pra puxar
Precisava dum reforço
E tinha que arrumar
Ali no meio da mata
Quase nada se cata
Mas eu tinha que achar.
A corrente era grande
Ao tronco tava atada
Mas ia arrebentar
Não podia fazer nada
Carecia força grande
Só não sabia de onde
Eu tava na enrascada
Eu ouvi um barulhão
De algo que rastejava
Era feio o estrupício
O mato todo quebrava
Me causando tormento
Um bicho grande e lento
Que eu nem imaginava.
Mais largo que uma rua
Digo para os senhores
Seguia arrastando tudo
Na força de cem tratores
Era o que eu precisava
Na aflição que estava
Pra acabar os horrores.
Tinha um grande anzol
Era uma âncora de fato
Era o aço na corrente
Nela eu senti o tato
Aquela ponta afiada
Eu enterrei na danada
E ela disparou a jato.
O bicho puxou o peixe
Que do rio não saia
A corrente esticava
Me causando agonia
Quem fazia essa obra
Era uma imensa cobra
Aquela da fotografia.
Era briga de gigantes
Mas a corrente partiu
A cobra sumiu no mato
E o peixe não saiu
A história virou lenda
Duma grande contenda
Que entortou um rio.
Manezinho de Icó.
Só me animei a contar sobre a cobra grande; depois do testemunho ocular, amparado pelo registro da foto. Por isso que inventei a história dos cem tratores, era mais fácil de acreditar.
