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Artigos-->O uso mercenário da poesia -- 04/09/2001 - 11:19 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ultimamente os comerciais de TV têm buscado apoio na poesia para melhor atingir o seu público alvo. Destaco alguns deles.



O primeiro é o do celular Nokia (connecting people), no qual o narrador afirma, apoiado nas imagens correspondentes, que nós gostamos de falar...sozinhos...com quem não está mais aqui (os mortos)...com quem ainda nem chegou (os fetos em gestação)...com os pés, e, é óbvio, com as mãos.



Outro, o do cartão Credicard, afirma que enquanto uma caneleira custa x reais e uma chuteira outro y reais, a paixão pelo futebol não tem preço (há coisas que o dinheiro não pode comprar, para todas as outras...Credicard! LÁGRIMAS!!!), sendo que essa última afirmação tem como pano de fundo a cena em que os detentos jogam uma “pelada” no campo da prisão, e quando a bola é chutada por cima do muro alto e cercado com arame um dos presos pula para fora da penitenciária; imediatamente as sirenes de alarme contra as fugas começam a tocar. De repente, eis que o presidiário, por causa da paixão pelo futebol, volta com a pelota nas mãos...! Meu reino por um cavalo. Minha liberdade por uma pelada (não uma mulher, entenda-se!)



Por fim, os tocantes comerciais do Bradesco (quando podemos contar com alguém). No primeiro, a mulher pergunta se ficar feia, gorda, mal humorada, etc, o que o marido faria. Ele, cheio de amor, diz se tranformaria num palhaço para alegrá-la, quebraria o espelho para que a feiura da mulher não se refletisse (um amor sheakespeareano). O segundo tem uma poesia mais tocante ainda; nele, a criancinha pergunta pro seu pai o que ele seria se ela fosse o frio (ou será o vento?); eu seria a noite...se eu fosse a noite?...eu seria o sono...se eu fosse o sono?...eu seria o bocejo...se eu fosse o bocejo?...eu seria a boca...seu eu fosse a boca?...eu seria o beijo!!! Isso não é poesia pura?



Pois bem, em face do uso comercial da poesia, ainda mais quando se trata de propaganda enganosa (principalmente no caso do Credicard, que além de ser uma modalidade de crédito restrita a uma minoria que pode comprar um ingresso para uma corrida de fórmula 1, ainda atenta contra a razão ao sugeriar que um preso optaria pela paixão ao futebol à sua liberdade; e no caso do Bradesco, os pobres usuários desse banco que não têm grandes quantias depositadas em c/c “desfrutam” de um tratamento típico: muita fila, atendentes mal educados, desatenção, etc.), eu pergunto? Quem são as pessoas que emprestaram seu talento literário a um uso tão indigno? Seriam os mercenários da literatura, os falsos poetas, os escritores-judas de encomenda, que se vendem em troca de umas torpes moedas?



Ou eu estou enganado? A menos que a poesia que identifiquei nos comerciais citados em nenhuma hipótese seja poesia. Nesse caso, perdoem-me os poetas que se sentirem injustiçados.

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