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Artigos-->OS INCRÍVEIS AMORES DE SONEKKA -- 01/04/2004 - 13:05 (LUIZ ALBERTO MACHADO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sonekka é um desses caras que a gente simpatiza de chapa! Aquele tipo de gente que, ao primeiro contato, a gente parece que já conhece desde longa data de tanto entusiasmo. Diriam, então, os místicos de todos os matizes, que isso se deve ao fato de que essa empatia está devidamente explicada por outras encarnações anteriores, onde a gente pode ter se encontrado por aí. Pode ser, admito. Ou porque ele deixa se mostrar com uma benignidade tão expressiva que comunga, de chofre, com a solidariedade que nos emoldura nas ações participantes. Então, dou meu testemunho porque foi exatamente assim que senti. E basta conversar com ele, seja pessoalmente, seja virtualmente, para constatar logo tratar de um sujeito que carrega um jeito especial de ser.

O meu primeiro contato com ele foi na Rede Social da Música Brasileira – RSMB. E lá, no primeiro mail, vi logo que era daqueles que participariam logo da minha trupe e sem restrições.

Claro, Sonekka é o que podemos chamar de sangue bom mesmo: não tem estrelismo, nem pacutia, nem pantim e logo mostra que não milita pelo bloco-do-eu-sozinho. E vou provar isso.

Primeiro, é um desses sujeitos que mais parece com aquela grande idéia do eminente pedagogo pernambucano Paulo Freire: “Ninguém se liberta sozinho. Ninguém liberta ninguém. Os homens se libertam em comunhão”. Foi assim que encontrei Sonekka.

Depois vi que ele divulgava no RSMB não só coisas atinentes à música, mas ao que deve estar na agenda de qualquer pessoa que milite na arte: o seu trabalho sintonizado com o seu tempo e a sua terra. Sim, porque não é só de tons e sons que vivem músico e compositor, mas de poesia, de pessoas, de política, de participar contras as injustiças, de somar para a busca de um mundo melhor, dentre outras tantas necessidades interiores que permeiam a alma da arte e do artista.

Daí conheci a seu sítio na Internet: http://www.sonekka.com.br/sonekka/. Tem de tudo até hoje: ele e uma penca de gente que com ele divide as emoções de sua existência: cardápios, contos do Zé, contato, letrário, rádio A, meio mundo de coisa e informações diversas, dele e de todos.

Foi aí que procurei saber de quem se tratava realmente e encontrei um profissional formado em processamento de dados que trabalha como consultor. Também fiquei sabendo que tocou no circuito universitário e no interior de São Paulo, participando de diversos festivais. Além disso, é cantor e compositor, toca violão, cavaco e viola caipira.

Pois bem, o mais recente contato com o Sonekka, foi “Incríveis amores”, o seu cd lançado em 2003 com a sua interpretação e sons tanto de sua autoria como de parceiros, produzido por Fernando Lee e contando com participação de músicos, tais como Fábio Schmidt, Peninha, Ivan Pelliciotti, Marcos Oliva e o Fernando Lee.

Ouvi da primeira até a última faixa do álbum. Fiquei ouvindo e ouvindo: havia algo subjacente que me chamava atenção e eu não conseguia decifrar.

A primeira música que me pegou foi Fugitiva, uma parceria oriunda do livro Poecrias, com Greice Munhoz. Interessantíssima.

A segunda que destaco, é Ontem, a décima segunda faixa do disco, com letra e música do próprio Sonekka.

Devo dizer, no entanto, que o cd não se restringe a essas duas músicas. Muito pelo contrário: Impasse, Tanto Faz. Falando Sozinho e Sinto Muito, todas do Sonekka, mais Na boca, uma parceria dele com o Fernando Lee.

Para melhor entender o que eu digo, em 2003 Sonekka teve canções suas incluídas nas coletâneas “Brasilidade”, lançada no Brasil e na Europa, e também na “Estação XXI”.

Possui outros parceiros como o Zé Edu Camargo, Fernando Cavallieri, Leo Nogueira, Ricardo Moreira, Vlado Lima, Paulinho Tapajós, Zé Rodrix, Élio Camalle, Osmar Reiex, Isielly Ramos, Apá Silvino, Fernando Guerra, Carlos Machado e Vasco de Britto, dentre outros.

Para ser mais enfático no que estou querendo dizer, basta fazer uma leitura do que escreveu o músico e crítico de MPB, Julinho Bittencourt, publicado no jornal A Tribuna, de Santos, mencionando que: “(....) Incríveis Amores é divertido, engraçado, desabusado, rancoroso às vezes, saudoso quase sempre e principalmente bem feito, gravado e tocado. Sonekka tem uma qualidade rara. É humilde no fazer. Não se arroga. Faz sua música de forma leve, aparentemente descontraída, sem grandes mirabolâncias e consegue resultados bons de ouvir. O pop enfim em toda a sua extensão. (...) Com nítida influência das bandas de rock da década de 80, Sonekka voa acima delas e encosta na MPB de forma sutil. Se comporta exatamente como um roqueiro que amadureceu, sofreu e se divertiu muito com as mulheres e resolveu contar tudo de uma vez. Tudo segue em tom corajosamente coloquial”.

Já o Zé Edu Camargo, na coluna “O Zé falou”, advertiu que “(...) o cantor e compositor Sonekka fala de amor. Mas não fala de amor como qualquer um. Ele fala de amor para qualquer um. O disco Incríveis Amores fala do meu amor, do seu amor, do amor como gente como a gente. As 12 canções do disco não usam disfarce. Ferem firme, algumas. Assopram, outras. Embalam. Relembram. Explicam. Complicam. Você não vai passar indiferente. Afinal, quem neste mundo passa indiferente a ele, o velho e bom e incrível amor?”.

Concordo em gênero, grau e número com ambos. Tanto o Julinho Bittencourt, como o José Eduardo Camargo foram no âmago sonoro e poético de Sonekka. Mas isso porque a música do Sonekka é cristalina, simples, de uma simplicidade estonteantemente tão natural, como as coisas advindas do impulso, do instinto, da intuição. Aí onde está: trata do mais trivial sem ao menos chegar ao banal. Entendeu? Pois é, este é o segredo, aquilo que está subjacente rolando da primeira à última faixa. O simples em sua mais espontânea expressão.

Até o jeito do Sonekka cantar é simplíssimo mas com a carga de quem revela o mistério embutido nos sentimentos da natureza humana: do flerte à possessão, do enleio ao passional, do namoro ao desastre da incompatibilidade, do chegar enamorado e partir desiludido, do amor à perplexidade do desamor, tudo isso sem rancor como se fossem águas que represam e passam na maturidade.

Este, portanto, o Sonekka. E digo: o melhor mesmo é ouvi-lo e conhecendo seu trabalho no seu sítio. Bote fé e vamos nessa.



Pois bem, tempos atrás, numa das vezes que estive em Sampa, cruzei com o Sonekka, bebericamos, trocamos idéias, curtimos o Caiubi e, depois disso, ficou martelando na minha cabeça uma entrevista com ele.



Pois bem, vamos conhecer melhor, com vocês: Sonekka!



MT&C - Sonekka, primeiro, vamos para a pergunta de praxe: como se deu a descoberta pela arte, pela música?



Luiz, acho que isso meio que nasceu comigo. Eu tenho lembranças muito remotas de quando trocava qualquer brinquedo por outro que fizesse algum som. Um dos meus primeiros brinquedos, que eu me lembro, foi uma sanfoninha. Mas a real afinidade veio ao 13 anos quando soei os 3 primeiros acordes no violão e não "consegui" mais parar.



MT&C - Quando foi que o Osmar Lazzarini optou pelo Sonekka?



Soneca é um apelido de infância que eu tinha desde os 7 anos de idade, eu morava numa cidade pequena e algumas pessoas me chamavam por esse apelido. Nos tempos de colégio a coisa do apelido se expandiu e nos de faculdade chegou ao ponto de não saberem como era meu nome real ...rsrsrs. Acabei percebendo que as pessoas tinham facilidade de guadar o apelido e essa empatia acabou me conquistando também.Os dois "K" no Sonekka só surgiram há uns 5 ou 6 anos quando decidi trilhar uma identidade musical via internet. Na web você pode encontrar milhões de Sonecas mas se encontrar um Sonekka, serei eu.



MT&C - Quais influências marcantes fizeram consolidar a sua opção pela música?



O gosto pelas rodas de viola e violão, a fascinação pelos festivais(embora não tenha participado de muitos, sempre acompanhei).

A MPB feita pelas figuras que surgiram nos festivais dos anos 60 era minha discoteca básica, juntando-se os repertórios dos cantores de barzinho no interior de São Paulo e uma boa dose de sambas e modas de viola. Nunca fui de ouvir muito rock e minha experiencia com musica internacional foi bem pouca.



MT&C - Agora vamos falar de Incríveis Amores. Como se deu o processo de criação desse projeto? Como se deu a receptividade desse seu trabalho?



O incríveis amores começou com o desejo de gravar um demo, e ainda a intenção inicial era um demo de sátiras.Depois ficou decidido que faríamos um disco com as canções próprias de amor que tocava em shows intimistas, os músicos com quem eu farei a demo, por gostarem das musicas, acabaram me convencendo disso. Como componho em muita quantidade, durante a seleção das músicas optei pelo "conceitual" de ser só canções de "amores que não dão certo" com todo o zêlo pra não cair no piegas, na dor de cotovelo vã e outros perigos das canções de amor. Durante a seleção mesmo o projeto ja evoluiu para um disco todo. Ja que estava à beira do estúdio,tinhas as músicas, porque não levar adiante até a concepção de um CD? Até hoje não encontrei uma só pessoa que tenha feita uma crítica negativa sobre o disco como um todo, pontos de fraqueza sempre tem mas o Cd esta calcado em POP-rock de fácil assimilação, não vai a extremos do gosto pessoal, nem em letra e nem em melodias e arranjos. O clima é suave. Quem gosta de MPB e quem gosta de rock consegue se identificar. A dificuldade maior é a receptividade comercial, por ser um disco feito quase artesanalmente, onde a gente atuava como autores, arranjadores e "marchands" ao mesmo tempo, enfrentamos barreiras de distribuição e divulgação expressiva.



MT&C - Você assina todas as músicas do Incríveis Amores, algumas em parceria com Zé Edu Camargo, Fernando Lee, Fernando Guerra e Greice Munhoz. Como é que se processa esse trabalho, essas parcerias?



Eu sou preferencialmente melodista, normalmente recebo letras dos prontas dos parceiros que faço. O Zé edu camargo foi um dos primeiros parceiros, de lá pra cá eu passei de 50 parceiros musicais. Minha aptidão pra letras esta cada mais rara, em contrapartida minha intuição para rítmos variados de melodia está cada vez mais forte.



MT&C - Você tem uma proposta de variedade, transita por ritmos e se insinua por vertentes inusitadas numa verdadeira heterogeneidade. Como se dá essa proposta?



Eu me ancoro totalmente nas letras que recebo. Quando me ponho a musicar uma letra recebida eu me concentro totalmente na mensagem que deve ser passada, a minha heterogeneidade vem diretamente da variedade de parceiros e por ser um artista indepente, sem vinculos , faço minha criação livremente sem me ater a rítmos definidos, nem modismos, faço o que acho que fica bem para aquela letra.



MT&C - Comumente vê-se seu nome enturmado com uma penca de gente de talento e propostas. Quer dizer, vi você a partir da RSMB, depois ativo no Clube Caiubi e sempre fazendo uma série de participações. Há sempre um sinal de comunhão, é essa uma das bases da sua proposta?



Isso eu faço questão de continuar, depois que comecei produzir em grupo passei a ficar muito mais fértil. De quando entrei na RSMB até agora com o Clube Caiubi e a M-música só tenho colecionado alegrias. Quando as organizações surgidas em listas de discussão de internet saem do virtual e vão pro mundo real, vira uma coisa irresistível, a comunhão de amizade e talento.Poder fazer coisas que sozinho não seria possível como organizar shows e gravações cada vez mais profissionais, poder sorver da experiencia de alguns e oferecer a sua para o crescimento dos outros é um momento mágico.A arte como ela deve ser : possível , bela e acessível e não meramente um produto comercial como vem sendo jogada há tempos.



MT&C - Como você vê a alternatividade musical do presente? Ou seja, como você vê o universo musical brasileiro para os que não conseguem chegar na grande mídia? Como você se insere nisso e as dificuldades?



O momento é tão bom que talvez só se compare às possibilidades dos anos 60 quando surgiu a bossa-nova, a TV e a industria do disco e difusão maciça. Há uma revolução nos costumes musicais que é fácil de ser percebida. A internet e suas possibilidades infinitas de mídia está cada dia mais ganhando corpo, é inocente quem acha que nunca vai ser acessível a todos. E dela tem-se as rádios online que são livres, o mp3, os recursos multimídia, o video digital, o podcasting, redes de relacionamento, blogs. As facilidades em gravar digitalmente com qualidade e maneira distribuída acelera esse processo, hoje eu posso gravar uma base guia na minha casa e enviar para um parceiro no Recife colocar um piano ou outro elemento e depois repassar os arquivos a outros até completar o trabalho, tudo isso em questão de dias ou até horas, coisa impensável em outras decadas. A mídia convencional está totalmente nas mão de poucos, esse é o business da TV e grande corporações de rádio, produzir alguns artistas e nos enfiar guela a baixo a custo alto, vendendo e ganhando milhões em nome de uma qualidade imposta à força, é inocência deles achar que sempre vai ser assim. A mamata acaba quando as pessoas passam a procurar o que gostam por si próprias e descobrem que há um universo a ser descoberto e não precisam de que a TV e a rádio guiem seus gostos, muita gente ja está nesse nível de pensamento ecada vez mais aumenta.

Nisso tudo, costumo dizer não bato em porta trancada. Se as gravadoras não nos querem, não querem pegar um artista do zero e gastar pra coloca-lo na mídia, se os artistas da mídia saem dizendo que não existe mais compositores, quem sou eu pra lutar contra isso? Nem mando. Faço o meu caminho pouco a pouco, assim 100% das pessoas que consomem minha arte gostam, pois vieram expontaneamente. Enquanto isso artistas e diretores de gravadora estão fechados em suas mansões pensando em como manterem-se por cima do sistema e a arte cada vez mais vai ficando de lado.



MT&C - Como você a música brasileria do momento? O que há de merecido destaque?



Olha eu sou um cara muito peculiar pra falar nesse assunto, eu não sei o que ta tocando no Faustão nem na novela pois só assisto rigorosamente o que gosto , vejo muito pouca Tv e quase nada de rádio comercial. No meu carro só toca mp3 dos independentes que gosto e rádio só ouço online e sobre gente que é do meu mundão independente. Faz muito tempo que não compro um Cd comercial, consumo mais gente que merece mas não tem tido o destaque merecido: Álvaro Cueva, Kleber Albuquerque, Elio Camalle, CEumar, Max Gonzaga, Fernando Cavallieri, Alexandre Lemos,Tito Pinheiro são alguns exemplos. Acho também que muita coisa do Clube Caiubi deveria ganhar mais evidência.



MT&C - Quais os projetos de Sonekka? Como você é inquieto, deve haver projetos prontos para pipocar, num é?



Esse é o ano mais cheião. Em maio em fiz e gravei um show ao vivo no Crowne Plaza só com músicas minhas e do Zé Edu Camargo, o "Dois em Uma", foi inusitado porque as pessoas que foram ao show receberam um CD com caixa e encarte e puderam baixar as musicas no dia seguinte e gravar o CD.

No momento estou em estúdio com os Tropecas(http://clubecaiubi.com.br/ostropecas) uma banda um pouco mais voltado pro Rock e letras mais ácidas, une eu , Ricardo Moreira, Vlado Lima, Ricardo Soares, Lucio Manosso e Fernando Lee, tuido capitaneado pelo igualmente irriquieto Zé Rodrix. Ja gravamos 9 músicas , jajá tem mais Cd por aí.

Também estou produzindo o CD sde autor do Zé Edu Camargo que vai ser interpretado por mim, Mariana Leporace e Elio Camalle com produção musical do Fernando Lee. vai contar ainda com participações especiais de parceiros como Celso Viáfora, Guarabyra, Zé Rodrix, Vicente Barreto, Sérgio Santos, Guilherme Rondon, um projto muito bonito.

Ainda nos próximo vou disponibilizar pra download 17 faixas do meu projeto "Acridoce" (titulo provisório) reunindo algumas canções de produção de home estúdio e em comunhão com parceiros Brasil afora.

Ufa! Fora as coisas efervescentes do Clube Caiubi e shows com os Tropeças e DoisemUmas.



Bem, Sonekka não fica só por aqui.

Veja a parceria Sonekka & Luiz Alberto Machado nas letras de músicas desta página.



© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.



Acesse também: www.luizalbertomachado.com.br





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