Na paróquia de Icó
O padre era garanhão
Dava em cima de todas
De nenhuma abria mão
Era tudo em surdina
Véia, coroa ou menina
Comia sem distinção.
Nessa mesma igreja
Um sacana sacristão
Afanava as esmolas
Era tremendo ladrão
Metia a mão sem dó
Na paróquia de icó
Pegava sem permissão.
O padre vinha notando
Que a renda diminuía
O sacristão esnobava
Elegante se vestia
Comprou até uma moto
Ainda mostrou a foto
Demonstrando alegria.
O sacristão era pobre
E não tinha condição
De ficar desfilando
Mostrando ostentação
O padre queria saber
Quando ele fosse fazer
Sua próxima confissão.
No domingo o sacristão
Teve que se confessar
Chegou a hora do padre
O mistério desvendar
Indagou pro sacristão
Se conhecia o ladrão
Das esmolas do altar.
O sacristão respondeu
Usando sua esperteza
Falou que ali de fora
Não ouvia com clareza
Se trocasse o elemento
Provaria seu intento
Disso tinha certeza.
O sacristão logo entrou
Dentro do confessionário
O padre ficou de fora
Com a cara de otário
O que o sacristão falou
O padreco lhe escutou
Segurando o relicário.
O sacristão afirmou
Saber o nome do tetéu
Que andava comendo
A mulher do coronel
E a filha do prefeito
Conhecia o sujeito
Ia fazer um escarcéu.
O padre imediatamente
Quis resolver a parada
Concordou resignado
Aceitou a trapalhada
Disse você tem razão
Apoiando o sacristão
Fora não se ouve nada.