Creio que o autor foi um pouco injusto com o homem mineiro, porque não é só em Minas Gerais que o homem mata a mulher, em outros locais talvez o façam mais do que em Minas. Os mineiros tiveram apenas maior repercussão jornalística e foram usados como bodes expiatórios para todo o Brasil.
Outro ponto que o autor aborda é o da iniciativa da conquista por parte da mulher. Neste caso existe toda uma complexa estrutura psicológica que condiciona homens e mulheres e que foi criada ao longo da história, pois como dizia Simone de Beauvoir: "as mulheres não nascem mulheres, elas são feitas mulheres". Da mesma forma os homens não nascem homens, são feitos homens. Cada um desempenha um papel imposto de acordo com interesses circunstanciais. O homem condicionado a ser o que sempre toma a iniciativa fica perturbado quando os papéis se invertem. A meu ver isto tem uma explicação; muitas vezes o homem toma a iniciativa apenas para mostrar que ele está desempenhando o seu papel, mas no fundo não está muito interessado e tem medo de fracassar na hora da relação. Se a mulher se negar ele sai tranqüilo porque não foi obrigado a provar sua real masculinidade. Mas se for a mulher a tomar a iniciativa como é que vai ficar sua masculinidade ao recusar-se ou não conseguindo uma ereção?
Outro fator importante da perpetuação do machismo, ou seja, da dominação do homem sobre a mulher, decorre de que a educação dos homens é feita pelas próprias mulheres, a mãe. Toda mãe tem verdadeiro pavor que seu filho seja um homossexual por isso, desde pequeno, incute-lhe comportamentos agressivos incentivando-o a lutar para conseguir tudo o que quer, reprimindo-lhe sentimentos de ternura e docilidade, exatamente o contrário do que faz com suas filhas.
Além de tudo isso o menino percebe o poder que o pai tem sobre a mãe, logo vai querer imitar o pai para também conseguir poder sobre as mulheres.
Finalmente o autor reconhece que toda essa discussão sobre machismo e feminismo esbarra numa questão mais grave e mais urgente, a questão da miséria e da ignorância. Não é discutindo esse tema em círculos intelectuais restritos que vamos modificar as relações homem/mulher, a não ser que essas discussões sirvam como base para uma mudança nas relações sociais como um todo, como: mais justiça social, distribuição de renda, reforma agrária, educação, saúde, etc.