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Artigos-->Beco sem Saída -- 19/03/2004 - 15:47 (Magno Antonio Correia de Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A CPI do Waldomiro, que o prolixo Domingos pede a cada cinco minutos aqui na Usina, não foi abafada por conta dos belos bigodes do Sarney ou para evitar ameaças sobre a governabilidade. A única explicação para o que ocorreu, tendo em vista a ampla repercussão do assunto na mídia e a óbvia indignação de um personagem que é sempre secundário em tudo – o povo –, reside em algo (alguém) muito mais prosaico, embora também use bigodes de gosto um tanto quanto duvidoso.



Refiro-me ao loquaz senador Aloizio Mercadante, o verdadeiro responsável pelo rumo que tomaram os acontecimentos. Sim, todos leram que a atitude inicial do senador, de pedir uma CPI cobrindo desde a carta de Caminha até os dias atuais, foi intempestiva, destemperada, desproporcional. Também se divulgou que o presidente do Senado, José Sarney, mostrou-se indignado com a bravata do líder do governo, acusando-o de tentar apagar um incêndio com querosene.



Balela. O senador Mercadante apenas repetiu, sem demonstrar nenhuma criatividade, a bem sucedida operação que desencadeou em meados de 2002, quando descobriram sua clandestina participação na venda da Cia. Vale do Rio Doce. Naquela ocasião, a primeira reação do ilustre petista foi esbravejar inocência, alertar a todos que nada tinha a esconder e que se prontificava a comparecer à Comissão de Fiscalização e Controle do Senado Federal para contar tudo o que sabia a respeito do asqueroso processo de “privatização” das mais estratégicas estatais brasileiras. Não precisou perder seu precioso tempo. O recado foi compreendido e uma movimentação conjunta do PT e do PSDB evitou que tanto Mercadante quanto José Serra fossem ouvidos pela Comissão do Senado a respeito das propinas arrecadadas pelo notório Ricardo Sérgio.



A história não se repete como farsa, mas como aviso. Hoje e ontem dossiês e CPI’s foram inviabilizados não por falta de importância, de provas ou de denúncias. O que os impossibilitou foi a lamentável inexistência de telhados feitos com material distinto do vidro. Não faltam crimes. Faltam acusadores sobre os quais não possam pesar acusações. Leiam os anexos da notícia-crime que apresentei (www.sindilegis.org.br) e constatarão: a lista de políticos beneficiados por recursos oriundos de empresas controladas pela Previ do Banco do Brasil não tem conotação ideológica ou partidária; alcança todos e emporcalha a classe política brasileira.



Fica fácil concluir por que motivo denúncias tão graves quanto as minhas não encontraram porta-vozes no Congresso Nacional. Minto. Houve sim. O deputado Irapuan Teixeira, um dos que pegaram carona com o folclórico Enéas, indignou-se com o meu livro e me prometeu alardeá-lo em Plenário, na votação em segundo turno da reforma previdenciária. Coincidentemente ou não, foi denunciado pelo Procurador-Geral da República na semana que antecedeu a votação, pela prática de crime eleitoral, e se calou com toda pompa e com a máxima circunstância.



O pior de tudo não é a constatação de que o país apodreceu definitivamente e suas instituições estão irrevogavelmente corrompidas. O que mais desespera é a falta de alternativas. O PT foi eleito para ser alternativa, mas revelou que já adotava, antes mesmo de assumir o poder (vide caso Santo André, vide Waldomiro, vide Previ, vide etc.), práticas rigorosamente iguais às que supostamente combatia.



Tudo isso leva à crença de que eu não poderia ter escolhido título melhor para este artigo. Estamos mesmo num maldito beco sem saída. Desculpem-me. Eu bem que gostaria de ser ou de parecer um pouco mais otimista.

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