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Cartas-->País conflagrado, por Hélio Schwartsman -- 01/04/2016 - 08:56 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

País conflagrado

SÃO PAULO - Fui ao Oriente Médio e, na volta, encontro o Brasil conflagrado.

Quando saí, o governo Dilma respirava por aparelhos; agora, estertora.

O fato que mais contribuiu para lançar combustível às chamas foi a divulgação,

por Sergio Moro, da gravação de um diálogo comprometedor entre Dilma e Lula.

Para os simpatizantes do Planalto, o juiz federal violou todas as regras atinentes

a escutas telefônicas, ao privilégio de foro e desrespeitou a instituição da Presidência da República,

a soberania nacional etc. Deveria estar atrás das grades. Para a turma pró-impeachment, Moro agiu

como herói ao lançar luzes sobre as entranhas pouco iluminadas do poder.

Como tudo na vida, a questão é mais nuançada. Pelas análises de juristas que li, acho que dá

para sustentar que a produção das provas, que incluem o diálogo comprometedor, foi legal;

há dúvidas sobre sua validade num eventual julgamento da presidente;

e é mais ou menos certo que Moro avançou o sinal ao revelar "urbi et orbi" seu conteúdo.

Isso, é claro, só vale no âmbito jurídico. Na esfera política, é preciso ser apaixonadamente

petista para não perceber que o juiz recorreu a um expediente de que o PT não só se utilizou

no passado como frequentemente elogiou, que é tornar público aquilo que aos poderosos

interessa manter secreto – mesmo que para isso certas leis tenham de ser violadas.

Para ficar num caso recente, o governo não se mostrou tão zeloso com procedimentos

quando o ex-agente americano Edward Snowden, em violação às leis dos EUA, divulgou

em 2013 dados que mostravam Washington bisbilhotava a presidente brasileira.

Um ministro de Dilma disse na ocasião que o ex-espião prestara um "serviço à humanidade".

No que a atitude de Moro difere da de Snowden? Mesmo que o diálogo não valha como prova

num tribunal, foi bom para o país ter tomado conhecimento dessa conversa?

O velho PT teria dito "sim" sem pestanejar.

Hélio Schwartsman (Folha, 25.03.2016)

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