A religião é a mais antiga criação intelectual do homem; razão por que existe em todos os grupos humanos de que temos conhecimento e não desaparecerá tão facilmente.
A religião evoluiu com o homem desde os mais remotos dias em que ainda nem era homem. No decorrer de milênios, ela apenas se diversificou, assim como se diversificam todas as áreas culturais.
Um animal irracional, que sabemos nem ser tão irracional quanto se pensava no passado, já tem na cabeça a gênese da idéia de divindades e, por conseguinte, da religião. Diante de um fenômeno da natureza, como por exemplo o trovão, um animal sente-se ameaçado por uma monstruosa fera que ele não vê mas da qual ouve o uivo assustador. E não passa disso.
O humano, por sua vez, desenvolvendo a comunicação, foi capaz de discutir em grupo sobre esse ser invisível que faz tanto barulho e formar diversas idéias a seu respeito, dar-lhe nomes, criar meios de aplacar sua ira, etc. Assim, surgiram os sacrifícios e outros rituais religiosos, que foram alterando-se, e tornando-se diferentes entre si nos tempos e lugares da história da humanidade. Mas uma coisa é comum: em todo lugar que o homem chegou trouxe a idéia de seres sobrenaturais bons e maus, condutores dos nossos destinos.
Qualquer tribo selvagem que for inquirida sobre o tema terá uma história da origem de todas as coisas por obra de um ou vários deuses. Outra realidade é que, quanto mais primitivo for um povo, mais religioso ele será.
O ateísmo é um produto do questionamento humano sobre a irracionalidade de muitas idéias sobre a existência de seres sobrenaturais e das descobertas humanas da falácia de muitas estórias tidas como “a verdade”. Entretanto, não obstante todo progresso do conhecimento humano, uma idéia formada nos cérebros de milhões de anos atrás não se erradica com facilidade como alguns filósofos chegaram a pensar há alguns séculos.
Salvo raras exceções, o meio científico já não tem nenhuma dúvida de que o universo não surgiu há apenas seis ou dez mil anos; mas isso é muito pouco para demover de vez da mente humana a idéia de um criador de todas as coisas.
Os aperfeiçoados meios de análise arqueológica e registros históricos de povos da Idade Clássica já deixam patente que um homem conduzindo uma multidão de aproximadamente dois milhões de pessoas pelo deserto com ajuda de um deus não passa de um elaborado conto. Todavia, poucos estão dispostos a reconhecer a inexistência desse homem fantástico que a maior parte do mundo reconhece como um patriarca.
Sob a influência desse conto, profetas predisseram vários futuros, homens foram executados por pregar seu deus, entre eles aquele Jesus que moldou o pensamento ocidental.
Por outro lado, milhares de pessoas perderam a vida até por simplesmente duvidarem das chamadas “verdades” ditas por aqueles profetas, por Jesus e por seus seguidores.
Por mais fantasiosa e inconsistente que se nos mostre hoje a palavra do deus desse grande povo, ele permanece vivo na maioria das cabeças, e a religião não desaparecerá tão facilmente da face do planeta como alguns pensadores imaginaram; porque é um pensamento extremamente poderoso enraizado no cérebro humano desde tempos imemoriais.
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