Trouxe você aqui para dizer umas coisinhas...

Olhando a leitura de meus textos “eróticos” fico feliz... E um pouco espantada, pois outras coisas que produzo, em artigos, cartas, discursos e poesias falam bem melhor de mim... E não são tão lidos...
O vocábulo “erótico” já traz em si o chamariz... Assim se fazem os best-sellers.; os paulo-coelhos da vida, cheios de coisas vazias a dizer...
Mas o que se pode esperar de um país, onde a motivação da leitura anda desaprendida?
O que se esperar de um povo, cuja alegria máxima está nos campos de futebol, à espera de uma “triste taça de ouro”? Essa copa que tem o poder de camuflar nossos problemas sociais tão gritantes... Tão avassaladores... Nosso Tim Lopes não teve a felicidade de ver o Brasil Pentacampeão, não leu a mensagem doce e sentida de seu filho... O Tim nem corpo teve para estar “presente” no seu próprio funeral... Pobres assassinos: destruíram o corpo, mas a alma permanecerá indelével no coração de cada um de nós que, em lágrimas silenciosas reverenciamos a tristeza magna de um povo, cujos governantes “deixam acontecer...”.
Há urgência no mundo. Precisamos remodelar nossos conceitos ou seremos eternamente um povo subdesenvolvido, vítima de piadas, por viver “saltitando com a bola nos pés”.
Entendo perfeitamente que temos o nosso lado inflamado, instintivo, onde a fantasia sobeja em rasgos de imaginação bem elaborada e criativa.
Nada disso eu nego.
Qual mulher, as mais maduras, não suspiram com o charme de Richard Gere e no feitiço azul dos olhos de Mel Gibson?
As mais jovens lambuzam-se nos galãs de boca carnuda, beijos calorosos e chupados em rompantes de paixão arrasadora, em celeiros e matagais que lhes ferem o corpo macio, mas tudo suportam pelo satisfatório prêmio do prazer...
Os homens?
Ah!... Os homens...
A esses nada se lhes compara em criações frementes e eróticas, de fetiches interessantes... Morrem pela bunda de Carla Perez, pelas coxas das Sheilas do Tchan, pelos seios siliconados de Vera Ficher, que já se “lipoaspirou” dezenas de vezes...
Nada contra. Faz parte do “show da vida” e dos anseios que nos norteiam a existência. Afinal, se assim não fosse, a vida seguindo apenas um roteiro traçado: acordar, trabalhar, dormir... Não teria a mínima graça.
Obviamente, o homem nasceu sob o desígnio do prazer...
Disto é feita a felicidade imediata.
Mas, por que essa felicidade é tão efêmera e gera, muitas vezes, tanta tragédia e inúmeros conflitos na vida e no coração das pessoas?
Há que pensar... É necessário canalizar essa emoção dilacerante que assoberba nossos neurônios e nos submete a situações tão dramáticas, das quais podemos perder o controle, sem direito a “replay”... Onde se pode mudar o final da história.
O que está feito, feito está!
O ser humano, tomado por desenfreadas paixões, não consegue vislumbrar a realidade à frente de seu nariz e acaba por destruir toda uma existência...
Como?
Se eu gosto “daquilo”?
Claro! E gosto muiiiito!
Mas tenho minhas reflexões direcionadas... Os pés no chão...
Lembrou-me agora o imortal Drummond:

“É necessário ao homem
pôr o pé no chão de seu coração
e explorar, humanizar, colonizar
cada recanto de si mesmo...”

(o conteúdo é este, embora não tenha a forma exata na memória).

Gostemos de sexo, sim... Vamos “transar” bastante, delirar nos sonhos e prazeres, pois isso acalenta o nosso corpo e o torna mais calmo, mais apto às outras “obrigações”.
Nunca nos esquecendo, porém, de que:

“SABENDO USAR NÃO VAI FALTAR!”.

Beijo grande!

Milazul

Texto atualizado em 22 de julho de 2005