Usina de Letras
Usina de Letras
60 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62191 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10352)

Erótico (13567)

Frases (50598)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Negros, Brancos e a cor do pecado -- 13/02/2004 - 15:15 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há alguns dias a Rede Globo apresentou na Tela Quente a reprise do filme “Sem Sentido”, no qual um estudante americano, negro de classe média, se oferece para ser cobaia de uma experiência científica pela qual os seus cinco sentidos aumentariam dez vezes a capacidade quando comparados os níveis normais de funcionamento. Ou seja, ele teria a capacidade visual, auditiva, palatal, olfativa e tátil dez vezes maior que qualquer outro homem normal. Utilizando-se desses “poderes”, ele se beneficiou na disputa pela única vaga de Analista Jr. que uma grama empresa estava oferecendo aos melhores alunos da Universidade onde se ambientou boa parte do filme. A principio cinco finalistas foram escolhidos para a disputa da vaga. Porém, ao notar a grande inteligência do estudante negro, o dono da empresa resolveu incluí-lo na disputa, como o sexto concorrente. Seria o escolhido aquele que revelasse profundos conhecimentos de economia, uma vez que a empresa trabalhava com grandes investimentos. O concorrente mais forte era filho de um banqueiro. Pois bem, para poder entrar na disputa, dentre outras artimanhas, o estudante negro, numa determinada noite, “lia” alguns dados econômicos numa placa colocada estrategicamente à distância em um canto dentro do restaurante onde trabalhava, para responder a algumas perguntas feitas durante o jantar entre o dono da empresa, provavelmente alguns sócios e o filho do banqueiro que queria a vaga de analista Jr. No dia da disputa final, os seis candidatos foram colocados em uma banca, para responder as perguntas. Na noite anterior, tanto o estudante negro como o filho do banqueiro, passaram hora a fio assimilando os conceitos econômicos para a hora da sabatina. Depois de algumas perguntas foram sendo eliminados um a um os candidatos, restando apenas o filho do banqueiro e o estudante negro. A primeiro pergunta para decidir quem ficaria com a vaga foi respondida esplendidamente pelo dois candidatos, ainda que fossem distintas as respostas, aliás, opostas. Na pergunta que definiria o vencedor, o filho do banqueiro respondeu a primeira parte, mas não soube responder a segunda; o estudante negro respondeu excelentemente bem a pergunta e ficou com a vaga. Depois de reconhecer que houvera trapaceado, o estudante, que iniciara um namoro com a filha do dono da empresa, foi perdoado, não sem antes ser “punido” com o emprego na correspondência da firma, para depois de uma ser elevado à condição de analista Jr.



Essa sinopse do filme é a propósito do artigo publicado na Usina que trata da tese que sustenta a suposta diferença de inteligência entre as raças, com base nos testes de QI, defendida pelo Prof. Chris Brand em uma palestra na Universidade de Cambridge. Segundo o professor, os testes de QI revelaram que os caucasianos têm média superior às demais raças, e os negros, média inferior. Uma informação instigante dada pelo professor é que os negros que têm em sua carga genética o gene de Dufyy, presente em todos os caucasianos e virtualmente em nenhum negro puro, apresentaram resultados superiores aos negros que não sofreram alteração em sua carga genética devido a misturas de raças. Qualquer leitura menos científica das palavras do professor Chris Brand nos leva a concluir ser a presença do dito gene de Duffy nos caucasianos a causa de sua melhor performance nos testes de QI. As mais recentes descobertas da ciência, na área da genética humana, atestam que não há distinções significativas entre os genes de homens negros e os de homens brancos, ou amarelos, e que mesmo entre homens de mesma cor é possível haver diferenças no código genético. Essa aparente contradição quer dizer que nenhuma distinção no código genético entre os homens há que justifique o conceito de raça, e, como conseqüência óbvia, a existência de uma superioridade intelectual entre as raças por conta daquela distinção genética inexiste.



A lógica do filme ora nos induz a crer que o rapaz negro de fato trapaceou ao se utilizar de seus supersentidos, ora nos permite concluir que ele era tão inteligente quanto o filho do banqueiro, pelo fato de ter assimilado os conceitos econômicos de forma mais eficiente que seu concorrente, mesmo com este tendo sido assessorado na noite anterior pelos maiores especialistas na área, contratados pelo pai para ajudar o filho a vencer a disputa. Se a primeira impressão prevalecer, havemos de reconhecer que o mais inteligente era o filho do banqueiro, e que o jovem negro somente o superou ao lançar mão de meios ilícitos; porém, como já dito, no momento mesmo em que deveria responder a crucial pergunta, ele não utilizou seus “superpoderes”, e sim aquilo que havia aprendido na noite anterior.



De todo modo, a tese defendida pelo professor Chris Brand encontra adeptos fervorosos em todo o mundo, como bem se vê pela reprodução de parte de sua palestra publicada aqui na Usina. Alguns dizem que se trata do denominado racismo científico, ou seja, um tipo de racismo que se esconde atrás de supostas descobertas científicas e de caráter imparcial, o suposto realismo racial, para não parecer ofensivo a esta ou aquela raça. O professor diz que não está querendo atribuir valor às raças, senão sugerir que, a partir dos testes de QI, as raças sejam tratadas de acordo com as diferenças apresentadas.



Levando-se em consideração que vários geneticistas contestam a existência de raças baseadas nas diferenças genéticas, que para eles inexistem no nível e proporção que daria razão aos que defendem a distinção racial, é impossível aceitar as teses de Chris Brand na condição de simples contribuição científica para que as raças sejam tratadas segundo suas distinções, pois ao insistir que os testes de QI têm regularmente apresentado uma média superior de caucasianos em relação às demais raças, é óbvio que ele defende uma diferença qualitativa entre as raças. Como aceitar que a existência de um gene específico seja a razão da maior inteligência dos caucasianos, e que por isso devamos admitir que os demais homens foram geneticamente prejudicados sem que haja uma razão além da casualidade biológica?



Para os que crêem na evolução dos seres, perguntaria qual a razão de a Natureza negar a alguns homens, aceitando a tese de Chris Brand, o gene de Duffy, para simplesmente determinar que aqueles que o possuem sejam mais inteligentes? Tal hipóteses parece meio sem sentido, pois assim teríamos que atribuir a uma série de eventos inexplicáveis essa seleção natural feita entre os homens; teríamos que admitir, já que se fala de evolução, que os primeiros homens surgidos sobre a face terrestre, depois de terem saltado um grau no processo evolutivo, de alguma maneira foram premiados pela Natureza com o gene de Duffy(preciso ler mais a respeito), sendo mais do que óbvia a inexistência dele na cadeia genética dos primatas. E que tais homens eram brancos, caucasianos, já que existe em todos os brancos puros e em nenhum negro puro; teríamos que admitir, ainda na hipótese evolutiva, que alguns membros dos caucasianos, talvez para se adaptarem ao meio ambiente, devido aos deslocamentos dos seres humanos sobre a terra, sofreram variação genética, pela qual suas características físicas foram se modificando na medida das variações em vista das adaptações necessárias, tendo sido privados do gene de Duffy. É comum dizer que alguns homens têm uma carga de melanina muito superior a outros para que sua pele não sofra os efeitos da exposição aos raios solares, cuja incidência sobre as regiões em que vivem é infinitamente maior do que em outras regiões. São os negros tais homens. Na hipótese evolucionista soa estranho e absurdo como um simples processo de adaptação ao meio ambiente pôde privar alguns homens de um gene que, se não ele mesmo o responsável pela inteligência em si, indica a relação indissociável entre sua presença no código genético e o desempenho intelectivo aferido nos testes de QI. Nesse caso haveria uma “involução” natural, não é certo? Ressalte-se que a tese geneticista do “realismo racial” se fundamente na constatação de que um gene específico está presente todos os caucasianos e em nenhum negro puro. A falha no argumento segundo o qual a inexistência do gene nos negros e amarelos poderia ser a prova da superioridade dos brancos está no fato de não podermos afirmar exatamente o que é a inteligência humana, e, portanto, definir sua causa essencial (genética, ambiental, cultural). E o erro fundamental em distinguir os homens a partir de testes de QI é, além da indefinição do que possa a ser a causa primeira da inteligência humana, não abranger nos testes aspectos mais gerais como instinto, inatismo, criatividade, e a capacidade de abstração em níveis além do lógico-matemático que é a base dos testes de QI.



Além disso, para os que cremos que todos somos criaturas de Deus, feitos à Sua imagem e semelhança, não há como não considerar fúteis e inconsistentes as alegações do professor Chris Brand . Nesse caso, não há como admitir que por alguma razão Deus tenha permitido que, nos processos reprodutivos, alguns homens tenham adquirido características genéticas específicas, que os distinguissem qualitativamente de outros, pois assim estaríamos afirmando que Deus, o Criador, faz acepções de pessoas, o que não se justifica ou sustenta sob nenhum aspecto. Mesmo porque, segundo a Bíblia, Deus dá inteligência a quem Lhe pedir, deixando evidente que todos nascemos dotados de um determinado potencial de inteligência, cuja diferenciação será determinada no decurso dos anos na medida em que nos deixamos influenciar por fatores que tornem possível o desenvolvimento da inteligência, e dentre esses fatores, como vimos, está inclusive nossa relação com o Criador, que para os cristãos é o doador de todas as coisas.



P.S. Todos pecaram e carecem da graça de Deus, sejam negros, brancos ou amarelos. Ok? Ou seja, o pecado não ter cor.



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui