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Artigos-->Diálogo com Cu, o príncipe -- 02/02/2004 - 11:20 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
François Marie Arouet conviveu com as elites francesas. Cria em Deus, mas não nas religiões. Assim como os materialistas seus contemporâneos, pensava que a estupidez humana só poderia ser curada com a ilustração e o saber, e a superação dos preconceitos. No dizer de Friedrich Engels, acreditava que "a humanidade, pelo menos atualmente (Engels escreveu isto em 1886), em linhas gerais, ruma num sentido progressista". Mesmo assim, financiou o tráfico de escravos. Irreverente, foi preso devido às críticas que fazia a setores poderosos. Na prisão, adotou um novo nome, com o qual ficou conhecido: Voltaire. Publicou um Dicionário Filosófico, em 1764 - lá se vão 240 anos! Foi o primeiro livro de bolso do mundo e, no Brasil, recebeu uma nova versão, no ano passado, com preços populares, pela Editora Martin Claret (www.martinclaret.com.br). Suas idéias estiveram na base da Revolução Francesa, de 1789. Inimigo dos jesuítas, recebeu deles ódio mortal. Cunhou frases prenhas de significados, como estas: "Se Deus não existisse, precisaria ser inventado", ou "Deus está do lado dos grandes batalhões", ou, ainda, "Toda seita é uma bandeira de erro. Não há seitas na geometria".

Seu anticlericalismo era tão arraigado que se recusou a crer nos fósseis de animais marinhos descobertos nas montanhas, no tempo em que vivia, porque admitir que as montanhas outrora estiveram submersas poderia ser utilizado como prova do dilúvio bíblico. Combateu a intolerância, embora seu antijudaísmo fosse indissociável do anti-semitismo, como nesta passagem do "Dicionário": "De fato, não teriam os judeus sido antropófagos? Seria a última coisa a faltar ao povo de Deus para ser a mais abominável nação da terra". (No mesmo livro, no verbete "Tolerância", registra "exemplos de tolerância entre o povo mais intolerante e cruel de toda a Antigüidade: nós o imitamos, em seus furores absurdos, e não em suas indulgências". Voltaire advogava: "perdoemo-nos reciprocamente nossas tolices, é a primeira lei da natureza".)

É no "Dicionário" que Voltaire apresenta seis diálogos entre Cu Su, discípulo de Cong-fu-tseu, com o príncipe Cu, "filho do rei de Lou, tributário do Imperador chinês Gnenvan" ocorrido há mais de 2 mil anos. Cu Su e Cu, o príncipe, debatem os vários cultos e as religiões que vicejavam, e é de Cu que sai esta reflexão:

"Desgraçado o povo suficientemente cretino e bárbaro para pensar existir um Deus exclusivamente para o recanto do mundo em que habita! É uma blasfêmia! Que disparate! A Divindade fala ao coração de todos os homens, e de extremo a extremo do mundo devem uni-los os laços da caridade".

Passados mais de 2 mil anos do diálogo criado há quase 300 anos pelo pensador francês, deuses e seus fiéis se digladiam orbe afora por motivos nada celestiais. Pelo contrário, são preponderantes os interesses de classe (neste mundo globalizado, cada vez mais de classe) açulando conflitos e jogando povos contra povos, trabalhadores contra trabalhadores, crentes contra crentes.

Realidade presente e deplorada pelo próprio Voltaire, no verbete "Tolerância": "É claro que todo indivíduo que persegue um homem, seu irmão, porque não é da sua opinião, é um monstro. Isto está fora de dúvidas. Mas o governo, mas os magistrados, mas os príncipes, como deverão proceder para com indivíduos que têm um culto diferente do seu? Se forem estrangeiros poderosos, é claro que um príncipe fará aliança com eles. Francisco I, muito cristão, unir-se-á aos muçulmanos contra Carlos V, muito cristão. Francisco I dará dinheiro aos luteranos da Alemanha para sustentá-los em sua revolta contra o imperador; mas principiará, segundo o costume, por fazer queimar alguns luteranos em sua própria casa. Paga-os na Saxônia por política; por política queima-os em Paris. (...) Monstros, que necessitais de superstição como o urubu de carniça!"



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