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Artigos-->U-zine (40) -- 23/01/2004 - 19:31 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu vi aquele "pasticciaccio bruto" na esquina da usina e já fiquei tiriricamente apreensivo. Na certa, pensei, alguém deve estar pintando com palavras um dos muros, ou o monumento talvez, o que seria, como dizem os franceses, "la fin de la piquée". Mas não, era tão-somente uma singela poetiza, que naquele exato momento secretava os versos de mais uma obra-prima:



"Sem você,

Lumonê,

a usina ficaria

a louca mercê!"



E os circunstantes repetiam, como numa litania:



"ê ê ê, a louca mercê,

sem vosmicê, Lumonê!"



De mão em mão, corriam alguns dos textos mais brilhantes do homenageado, como aquela carta cometida por ocasião do grande debate sobre a sangrenta ditadura cubana.



Encostadinho ao monumento, esperei passar o arrepio estético, que me veio fortíssimo, a ponto de quase derrubar-me emborcado na sarjeta, para só então prosseguir deambulando (bladerunning) por aqueles ruinosos entornos.



Tive pena de uma professora dos pampas, também poetiza, que para ali acorria em companhia de uma penca de filhas, todas com diploma de universidade e habituadas à melhor literatura gauchesca, achando ser mais um lançamento de mais uma obra-prima de mais um grande conterrâneo.



Súbito, um grito lancinante dobrou a esquina e foi bater com tremendo impacto em todas as janelas de todos os apartamentos de Usina City, provocando a explosão de vidraças, vidros e copos de requeijão, arrebentando tímpanos, rompendo até hímens, como depois o mundo, estarrecido, ficaria sabendo. Era de uma voz argentina, se me permitem aquele outro uso desse adjetivo (na dúvida, denodado leitor, recorra aos dicionários!), parecendo ser a de uma criança desesperada, perdida, bruscamente arrancada à infância, ao colo de sua mãezinha querida que os anos não trazem mais, sem um porto alegre ou seguro onde atracar o seu barquinho bêbado de papel.



Mas a vozita apelava para um nome de homem. Acho que o nome do pai da criança é Waldomiro, cheguei a ouvir algumas pessoas, cheias de intimidade, falando num tal de Waldô. Acho que a criança não suportava mais a total liberdade com que a mãe de todos os sites literários a vinha tratando (ou destratando, depende da falta de ponto de vista). Eis o que ela esgoelava:



"Quais são os limites aqui, Waldomiro?"



Bem, depois falou de "fazer negócio com as pessoas" e eu já não entendi mais nada. Negócio? Com as pessoas? Geeente, que troço mais esquisito! Pirei legal na maionese! Vou entrevistar a Shirlei Purpurina, não importa em que esquina. Mas só o farei depois de passado esse surto virótico, que vem tirando o sono dos QIs dos QAs. Se bem que eu acho que eles deveriam temer e estar debatendo com veemência tanto a gripe do frango como a doença da vaca louca, muito mais ameaçadoras para quem freqüenta ambientes fechados e ares carregados como o dos referidos espaços.



Ali, há pouco tempo, o assunto era o buraco, como bem notou Gustavo Patere em seu artigo seminal sobre o estado das coisas e loisas na secção de poesias. Agora, só se fala no dedo. Sei lá, antigamente ali só se falava em Freud, em Jesus Cristo, esses caras. É sempre um alívio quando alguém resolve esticar aqueles enormes vazios amarelos, assinando, talvez pelo recato que é próprio dos grandes gênios, apenas ().



Por ora, já não se preocupam tanto mais com o "quem com quem", tendo conquistado quase todo o espaço o "quem é quem" ["who is who" na versão em inglês do site]. Mas também, que mania essa de achar que tudo quanto é tranqueira de enchente que aparece na boca de lobo da esquina do usina só possa ser uma reecarnação daquela mesma voz de criancinha de centro espírita que esgoelava desesperada, sô!



Uma profecia: com o tempo a norma culta, já hoje tão morna e oculta, cairá em completo desuso, sendo substituída ou pelo "pique de jornalista" ou pelo "dialeto Ujeca", é claro, a versão mais nojenta, a dos epígonos. A menos que o governo federal intervenha no usina já, entregando ao Aldo Rebêlo também a supervisão dos QAs e, posteriormente, se necessário se fizer, o próprio Ministério dos Sites Literários Problemáticos.





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