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Artigos-->A plebe em um só coração -- 12/01/2004 - 09:34 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os 450 anos de São Paulo estão sendo motivo de várias comemorações. Eventos políticos, sociais e comerciais estão sendo realizados. A Rede Globo produziu "Um só coração", abordando histórias e eventos ocorridos na capital paulista. Famílias e personagens da elite, das classes exploradas e da intelectualidade da primeira metade do século desfilam pelas telas da TV. Entre figuras ficcionais, são mostradas personagens conhecidas da história brasileira, como Santos Dummont, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Mário de Andrade. Eventos históricos são evocados, como a Semana de Arte Moderna de 1992. Alguns tipos são revolucionários e apareceram distribuindo em bondes, portas de fábricas e nas ruas paulistanas uma publicação existente de fato: A Plebe.



Trata-se de um semanário anarquista, publicado, a partir de 8 de junho de 1917, em São Paulo. Editado por Edgard Leuenroth, ele substituiu o órgão da Liga Anticlerical, A Lanterna, comandado por Benjamin Mota de 7 de março de 1901 até 1904 e retomado, por Leuenroth, de 1909 a 1916 e, novamente, sem regularidade, de 1933 até 1953. Anticlericalismo e anarquismo andaram de mãos dadas no início do século passado no Brasil. "Enforcaremos o último burguês com as tripas do último padre" era uma de suas consignas. O editorial do nº 1 de A Lanterna foi contundente (o jornal, distribuído gratuitamente, chegou a ter 10 mil exemplares): "Somos apenas um punhado de homens. Somos 10? 20? Que importa? Seremos legião amanhã, quando todos os que sabem quanto o clericalismo é prejudicial, quanto o jesuitismo é nefasto, quanto o beatismo embrutece os povos decidirem vir engrossar as nossas fileiras".



Anarquistas, porém à brasileira, eram vários dos ativistas operários no país do início do século passado. Não eram totalmente contrários à organização e à luta política, como muitos dos ideólogos do movimento na Europa. No geral, não eram adeptos do terrorismo individual e se apoiavam nos sindicatos, adotando a greve como arma principal de suas atividades, "ação direta" que poderia evoluir para o levante armado contra o Estado. Mas eram contrários, como seus correligionários europeus, à formação de partidos políticos.



O Primeiro Congresso Operário Brasileiro, realizado de 15 a 20 de abril de 1906, indicou a necessidade de os operários formarem "organizações de resistência econômica", visando realizar "ações diretas contra o capital", afirmando, porém, que o proletariado devia estar "economicamente organizado e independente de partidos políticos". Essa tese foi revivida no final dos anos 80 pelos principais líderes sindicais da região do ABC paulista que, depois, curvaram-se à força dos fatos e mergulharam na política, fundando o PT, com Lula na cabeça.

Mas já nos anos 20 um grupo de ativistas viu na organização dos trabalhadores em partido uma forma superior de atuação na vida social, lutando pelo poder político, e fundaram, em 1922, o Partido Comunista do Brasil. Pouco depois, em 1925, criaram também o seu jornal, no dia 1º de maio, Dia do Trabalhador — única publicação proletária, do período, ainda em circulação, inclusive disponível na Internet: A Classe Operária (http://www.vermelho.org.br/classe). Jornal que, desde os anos 1960, é editado, com interrupções (devido à ditadura militar que empalmou o poder em 1964), na metrópole que completa 450 anos. E que mantém como epígrafe a conclamação feita por Karl Marx e Friedrich Engels em 1848, "Proletários de todo o mundo, uni-vos!", reafirmando e dando continuidade aos libertários que, no início do século passado, pugnavam por um novo mundo, onde o homem não fosse inimigo do homem, formando um só coração.

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