O Fórum de Mumbai e o PT
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
No período de 16 a 21 de janeiro acontecerá o quarto Fórum Social Mundial. E Mumbai, na Índia, será o centro das atenções do planeta. Um megaevento para discutir os problemas que afligem a humanidade.
As três primeiras edições, realizadas em Porto Alegre, colocaram a capital gaúcha na mídia internacional e reavivaram um pensamento que parecia estagnado após a derrocada do socialismo real, simbolizado pela queda do muro de Berlim em 89.
Cogita-se que a metrópole indiana receberá cerca de 75 mil pessoas dispostas a discutir, novamente, se um outro mundo é possível. E os gaúchos estarão atentos, pois, embora distante, somos todos um pouco Fórum Mundial.
Os participantes do FSM compõem um leque muito vasto do pensamento ideológico de esquerda. É um evento de esquerda, na concepção mais tradicional do termo, que pretende fazer um contraponto a economia liberal globalizada.
No último encontro, houve uma grande polêmica: Lula, recém eleito presidente, deveria ir ou não ao Fórum Econômico.
Um dos organizadores do Fórum Social defendeu publicamente que o presidente Lula não deveria ir a Davos. E Lula, como sabemos, participou dos dois encontros.
Se os olhos da esquerda internacional estavam voltados para Porto Alegre com o Fórum Social, no ano que passou voltaram-se para o Brasil, pois estava em curso uma inusitada experiência de um partido de esquerda na condução do governo sob a liderança de um ex-metalúrgico.
Lula assumiu com amplo apoio popular e comprometido com as mudanças. Em que pese o controle da inflação e a estabilidade cambial, após o primeiro ano do PT no governo, concluímos que houve uma continuação da política econômica anterior. As reformas foram contestadas por uma parte considerável do movimento sindical. A imprensa divulgou amplamente alguns contratempos burocráticos com a gestão da coisa pública. E, por fim, parcos avanços sociais.
No âmbito da política interna do partido do presidente, houve as expulsões dos parlamentares, a baixa de um deputado na Câmara Federal e os desligamentos de históricos companheiros. Todos descontentes com as políticas de governo.
Em Mumbai, como em Porto Alegre, haverá os testemunhos. Personalidades mundiais analisam a conjuntura atual. Então, certamente, teremos vários depoimentos acerca das políticas implementadas pelo governo brasileiro aos participantes do fórum da Índia. A esquerda, como fiadora do PT no Brasil, fará um “julgamento” desse primeiro ano de governo. E essa avaliação é importante para Lula, para o PT e para os brasileiros.
Restará saber se a expressão “Congratulation PT” estará nos programas do Partido dos Trabalhadores no corrente ano.