Incrível: tiradas todas as idiossincrasias, o fato é que a sra. Nicole Kidman, futura sra.
Kravitz, só bem dando bolas dentro. Não recordo bem a ordem, mas só de memória dá para elencar
Moulin Rouge, Virginia Woolf e Lars von Trier dentre as personalidades atingidas por sua
exuberância. Mas aí me pergunto: onde, catso, está seu ex-marido Tom Cruise? Só dando bolas
fora. Bem me lembro quão patético pareceu-me o primeiro Missão Impossível. Como assistir MI-2,
assim sendo? Hoje, o ex-queridinho da América anda às voltas com últimos samurais. Não me digam
que alguém ainda se importa. Quem liga hoje para o Japão, me diz? Alguém ainda acha que os
japonas atuais são modelo para algo que queremos vislumbrar em eventual porvir?
Moulin Rouge. Cansativo, ao filme ambientado na Paris de outrora não deixou de corresponder,
porém, certo estigma de coragem. Anacrônico, apostar em musicais na Hollywood dos grandes
estúdios dominados pela tecnologia é apostar no fator humano. Dava para perceber: a sra. Kidman
queria mostrar serviço, à época. Era preciso provar a todos: sei cantar, sei dançar, sei
interpretar, meu corpinho é mesmo legal. Convenceu-se quem quis, o desafio foi posto à mesa para
degustação geral.
Passaram alguns anos, lá veio novamente a sra. Kidman, desta vez com o espectro da - por mim
quase desconhecida - Virginia Woolf. Envelhecida pela maquiagem - mas sem aquelas horrorosas
rugas dos maquiadores de efeitos -, a sra. Kidman ofereceu-se para tentar devassar o enigma da
sorumbática escritora. Elogios aqui e acolá, ninguém se meteu mais a dar guarida a críticas de
índole acadêmica. O que importava era: convenceu? não convenceu? A maioria foi para casa bem
satisfeita: mais um ponto para a sra. Kidman.
Agora a sra. Kidman, às voltas com um novo casamento, com o morenaço Lenny Kravitz, mete-se com
o antiquado-arrojado Lars von Trier. Assumindo-se de vez como atriz-objeto a ser moldada, a sra.
Kidman avança novamente rumo a mais um desafio. Nada li a respeito, só reparei no cuidado com a
imagem no novo filme do holandês (a foto saiu na capa da última Bravo!). Dizem que a sra. Kidman
foi vista às voltas com o Lenny escolhendo a nova mansão a curtirem. Saiu até em filmezinho
francês que o uso da casa de campo teria sido o motivo para a sra. Kidman e o vulgo Tm Cruise
haverem brigado ao ponto de seu rompimento. Que o ex-maridinho teria abençoado a nova união. Sei
lá. Parece haver virado assunto de domínio público, esse negócio de brigas privadas.
Quanto sra. Kidman, quão pouco Cruise. Tirante Missão Impossível (alguém acha que o modelo
antigo saiu de linha no share of mind do público?), e o MI-2 (quiquié isso, meu deus), agora
vemos um cansado Cruise ressuscitando samurais. Sorry, mr. Cruise, nada no senhor mais nos
convence. Seja seu sorriso, agora bem carcomido por rugas naturais indisfarçáveis, sejam suas
caretas de fúria, tão pouco inconvincentes (havia escrito inconvenientes), nada no sr. consegue
convencer-nos de que ainda está vivo, como ator, como produtor, como coisa que o valha.
Sou homem e lamento o correr da carruagem. Mas não posso deixar de admitir que a ascensão da
sra. Kidman e o salto incontido à mediocridade do sr. Cruise dizem tanto sobre os tempos de hoje
quanto sobre as brisas do amanhã. Quem me dera fosse o contrário possível. Mas o que vejo? Nada.
Nada. A falência do pênis.
& 8354; Rodrigo Contrera, 2003.
|